domingo, 30 de janeiro de 2022

.: Entrevista: Luiz Henrique Rios, diretor artístico de "Além da Ilusão"


"O primeiro momento foi de construção de relações. Sensibilizar novamente as pessoas a estarem com outras, porque nós estamos com medo uns dos outros. Estamos com dificuldade de nos ver e nos tocar, porque precisamos nos proteger. Isso também diz respeito a mim, aos meus diretores e a todos nós", afirma Luiz Henrique Rios. Na imagem, bastidor da novela com ele, Afonso ( Lima Duarte ) e Padre Romeu ( Emiliano Queiroz ). Foto: Paulo Belote / Globo


Luiz Henrique Rios é o diretor artístico de "Além da Ilusão", novela escrita por Alessandra Poggi e protagonizada por Larissa Manoela e Rafael Vitti em meio a um elenco de feras. Formado em ciências sociais, com especialização em Antropologia, Luiz Henrique Rios é diretor na Globo desde os anos 1990, quando dirigiu "Quatro por Quatro". Esteve à frente ainda de produções de destaque como "Corpo Dourado", "Belíssima", "Da Cor do Pecado", "Passione", "Totalmente Demais", "Pega Pega", "Pais de Primeira" e "Bom Sucesso". Nesta entrevista, ele fala sobre os desafios de dirigir uma novela em plena pandemia.


"Além da Ilusão" é definida como uma história de encantamento, amor e esperança. Qual o principal conceito da novela?
Luiz Henrique Rios -
O conceito da novela é simplicidade. É beleza e fluidez. É uma narrativa mais leve, solta. Quero que as pessoas achem gostoso de assistir, que sintam. E tem o encantamento, que faz com que a gente construa essa ideia de uma novela mais alegre, colorida, bela. De alguma maneira, queremos dar para as pessoas uma sensação de esperança e romantismo. É isso que estamos construindo através de uma luz e de um ambiente que dê alegria e, ao mesmo tempo, uma sensação de magia nessa imagem.

Como você define "Além da Ilusão"?
Luiz Henrique Rios - 
Uma novela com amor, encantamento e esperança. É uma história passada há tempos, mas que, na verdade, é muito próxima do nosso presente. A época é pano de fundo, tem uma grande força do feminino e uma discussão profunda sobre verdade e mentira. Uma questão de restauração, que é a busca da justiça, que se dará pelo amor. O público também vai refletir, por meio do encantamento, sobre a aceitação do outro, o encontro e sobre o feminino transformando o mundo.

Quais são os desafios da direção na abordagem desse período do Brasil, entre as décadas de 1930 e 1940? 
Luiz Henrique Rios - 
O Brasil está se modernizando, a gente está saindo das estruturas mais arcaicas. De alguma maneira, o país está mudando. As mulheres estão ganhando força. É muito mais esse conceito - o Brasil está mudando - do que exatamente uma discussão sobre o quadro. Isso é citado, existe no interior e no cotidiano das personagens. Quando a gente entra em 1944, o Brasil entrou na Segunda Guerra. Então, iremos à guerra.


Como pretende fazer?
Luiz Henrique Rios - 
É mais importante para a gente a visão de como esses personagens vão ser afetados na guerra e como o esforço de guerra afeta a possibilidade de uma indústria têxtil ficar mais forte. Estou contando a história de famílias no Brasil naquele tempo.


Como é a parceria com Alessandra Poggi?
Luiz Henrique Rios - É a primeira vez que trabalhamos juntos e está sendo um grande prazer, um trabalho de parceria bacana e próximo. Foi um lindo encontro, de muita confiança. Vamos construir uma novela linda.


Como foi a preparação do elenco, ainda nesses tempos de pandemia, e de que forma acredita que isso contribui para o sucesso da novela? A sua presença na dinâmica também foi citada como um diferencial.
Luiz Henrique Rios - Estamos todos voltando de um afastamento importante por conta de uma grande tragédia humana. Tive que fazer essas pessoas conviverem de uma maneira muito intensa e construírem o espírito de corpo e confiança, porque a pandemia não acabou. O primeiro momento foi de construção de relações. Sensibilizar novamente as pessoas a estarem com outras, porque nós estamos com medo uns dos outros. Estamos com dificuldade de nos ver e nos tocar, porque precisamos nos proteger. Isso também diz respeito a mim, aos meus diretores e a todos nós. Achei que essa experiência, com todos juntos, pudesse ter uma troca muito interessante. Para a autora poder conhecer todo mundo sem máscara, a convidamos para abrir nosso workshop e ela quis participar. Foi uma coisa muito linda, porque nos divertimos juntos. Depois passamos umas quatro semanas na preparação, com leituras, testes de cena, entre outras atividades.

Os personagens exaltam muitos artistas da época, principalmente músicos, como Pixinguinha, Noel Rosa, Orlando Silva. Além disso, é o período da Era de Ouro do rádio no Brasil (anos 40-50). Como foi a escolha da trilha sonora? Teremos alguma regravação especial para a novela?
Luiz Henrique Rios - 
Tem duas coisas. Tem aquilo que acontece na novela, que é o tempo da novela. Então, eu ligo um rádio em cena e tocará música daquela época. Eu coloco um disco e toca outra, mas essa não será a trilha sonora da novela. A trilha sonora vai de músicas de época à modernas. Tem uma ou outra música clássica, como “Rosa”, a música de amor da Elisa (Larissa Manoela) com o Davi (Rafael Vitti), que é uma valsa do Pixinguinha cantada pela Marisa Monte. A trilha é feita de músicas de grandes tempos, sendo algumas regravadas, outras até originais.

O que o público pode esperar desse novo trabalho?
Luiz Henrique Rios - Essa novela conversa muito sobre esse lugar da força das relações, de como se estabelecem. E não deixa de ser uma parábola temporal, porque, se você pensar, a virada do Brasil agrário é uma mudança cultural, de estrutura e de pensamento muito grande. Uma discussão de que a gente está saindo de um mundo fabril para um digital. Com mais delicadeza, a gente está se adaptando a uma mudança cultural de tempo e espaço. Então, estamos fazendo uma grande parábola sobre o tempo de agora, usando o passado.

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