Denis Diderot continua sendo, 300 anos depois de sua morte, um dos intelectuais mais vibrantes que existiram. Cada vez mais nosso contemporâneo, o pensador e escritor francês foi petulante para desafiar - com bravura e estilo - todas as verdades de seu tempo. E mais: a luz da sua independência mental e do seu espírito livre projeta-se até os dias de hoje em temas ainda espinhosos como a relação entre Igreja e Estado, a polarização política e o obscurantismo de muitos dos nossos líderes.
Na biografia "Diderot e a Arte de Pensar Livremente", organizada tematicamente, Andrew S. Curran descreve a relação atormentada de Diderot com outro grande de seu tempo, Jean-Jacques Rousseau, sua curiosa correspondência com Voltaire, seus casos apaixonados e suas posições frequentemente iconoclastas em matéria de arte, teatro, moralidade, política e religião.
Mas o que este livro, lançado pela editora Todavia, revela de maneira mais brilhante é como a turbulência pessoal do escritor foi uma parte essencial de seu gênio e de sua capacidade de ignorar tabus, dogmas e convenções. Numa prosa vívida, cheia de detalhes e muito bem embasada em pesquisas, Curran traça o itinerário intelectual — de tirar o fôlego - de Diderot.
Explica por que a Encyclopédie foi tão revolucionária - pense nela como a internet do século XVIII - e por que, sem o compromisso inabalável de Diderot, a obra de 28 volumes nunca teria vindo à luz. No livro, aparecem também as características mais atraentes e mais irritantes do pensador francês. Ele era um amigo leal, embora em certos casos - mais notoriamente com Rousseau - a lealdade se transformasse em animosidade.
Também era um pai amoroso, embora tivesse levado alguns anos para começar a se preocupar com sua única filha. Estava anos-luz à frente de seus colegas na compreensão das inúmeras desigualdades enfrentadas pelas mulheres, mas traía a esposa. No entanto, essas inconsistências e contradições, especialmente em seus escritos, contribuem para a sua grandeza.
Seu principal legado, como Curran conclui, é “possivelmente essa cacofonia de vozes e ideias individuais. Como filósofo, Diderot não é nenhum Sócrates, nenhum Descartes, e nunca disse que o era. No entanto, sua jovial e obstinada busca da verdade faz dele o mais instigante defensor setecentista da arte de pensar livremente”. Você pode comprar o livro: "Diderot e a Arte de Pensar Livremente", de Andrew S. Curran, neste link.
Sobre o autor
Andrew S. Curran é professor de humanidades na Universidade Wesleyan e autor de diversos livros. Colaborou com The Guardian, Newsweek, entre outros. Vive em Connecticut.
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