quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

.: Crítica: "O Festival do Amor" de Woody Allen é poesia cinematográfica

Por: Mary Ellen Farias dos Santos 

Em janeiro de 2022


"O Festival do Amor" ("Rifkin´s Festival"), 50º filme da carreira do diretor Woody Allen, que também assina o roteiroé uma excelente pedida para iniciar o ano de 2022 numa sala de cinema Cineflix. Como não se encantar com um filme sobre as relações humanas retratadas de maneira poética? A comédia recorta a vida de Mort Rifkin (Wallace Shawn, de "Jovem Sheldon"), um apaixonado por cinema, que viaja de Nova Iorque para Espanha com o objetivo de acompanhar o Festival de San Sebastián. 

Contudo, Mort não está sozinho, tem ao lado a esposa, Sue (Gina Gershon, de "Riverdale"), que trabalha como assessora de diretores de cinema e, ali, acompanha um atraente diretor francês Philippe (Louis Garrel, de "Adoráveis Mulheres"). Eis o pontapé inicial das várias histórias a serem apresentadas: amores recíprocos, amores platônicos, amores dos sonhos, amores de traições, amores de desejos e amores de amizade, findando no amor-próprio. 

Tudo sempre salpicado -e até apimentado- por cenas de filmes em que o protagonista ressignifica em novas interpretações, sempre em preto e branco e, por vezes, em tela reduzida. A cada inserção fica claro que os sonhos de Mort compõem o festival em que os personagens da trama viverão em 1h 32m. Até a dona Morte aparece!

Na Espanha, Mort percebe que o amor entre ele e Sue não é mais o mesmo, ainda mais tendo um jovem boa pinta por perto. Contudo, após sentir uma dor estranha no peito, conhece a médica Jo Rojas (Elena Anaya). É ela quem faz os interesses de Mort mudarem -e ele "cria" variados problemas de saúde para que possa reencontrar a jovem espanhola que deixou Nova Iorque para viver na Espanha com o atual marido.

Conforme toda a trama se desenha, tal qual um desabafo entre amigos, o público percebe o quanto há do diretor e roteirista no protagonista de "O Festival do Amor". Por meio de Mort, Woody Allen mostra que assim como nos filmes, a vida segue seu curso transitando por vários gêneros, seja a comédia, o drama, o romance, sendo que, no fim, tudo não passa de um verdadeiro mistério.

Não há como deixar de destacar a bela fotografia do italiano Vittorio Storaro de 81 anos. Enquanto fisga o interesse do espectador em bisbilhotar certas reflexões de Mort, de bandeja, "O Festival do Amor" apresenta lugares belíssimos, geralmente a luz do dia, tornando as cenas bastante solares e extremamente agradáveis aos olhos. Mesmo quando Mort topa uma partida de xadrez com a Morte, ainda que seja em preto e branco, há muita luz na cena praiana. "O Festival do Amor" é um filme imperdível!

Em parceria com o Cineflix Cinemas, o Resenhando.com assiste aos filmes em Santos, no primeiro andar do Miramar Shopping. O Cineclube do Cineflix traz uma série de vantagens, entre elas ir ao cinema com acompanhante quantas vezes quiser - um sonho para qualquer cinéfilo. Além disso, o Cinema traz uma série de projetos, que você pode conferir neste link.

* Mary Ellen é editora do site cultural www.resenhando.com, jornalista, professora e roteirista, além de criadora do photonovelas.blogspot.com. Twitter:@maryellenfsm

Filme: O Festival do Amor
Ano: 2020 
Gênero: Comédia 
Duração: 1h 32m
Diretor: Woody Allen
Fotografia: Vittorio Storaro
Data de lançamento: 6 de janeiro de 2022 (Brasil)


Trailer



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