Este é o primeiro espetáculo do projeto "Conexão São Paulo ---> Pernambuco", trilogia de peças dirigidas por Kleber Montanheiro. Foto: Cleber Correa
"Nossos Ossos", do romance homônimo de Marcelino Freire reestreia dia 15 de janeiro no Espaço da Revista. A segunda peça "Tatuagem", versão teatral do filme de Hilton Lacerda, chega em 2022. O terceiro espetáculo será a peça comemorativa de 25 anos da Cia., ainda em definição, no segundo semestre de 2022.
Em "Nossos Ossos", a cia. partiu do primeiro romance do premiado autor pernambucano radicado em São Paulo Marcelino Freire para a construção do espetáculo, a partir de linguagens múltiplas, como a música (em forma de texto cantado), cenas visuais que contam a história potencializando o discurso da fala, o teatro gestual como dramaturgia do corpo, e assim por diante.
A peça tem dramaturgia de Daniel Veiga (paulistano) e música original de Isabela Moraes (pernambucana). Os figurinos levam assinatura de Marcos Valadão, luz de Gabriele Souza, direção musical e arranjos de Marco França. O elenco é composto pelos atores: Vitor Vieira, Aivan, EvasCarretero, Demian Pinto, João Victor Silva e Edu Rosa. A história acompanha a saga do dramaturgo premiado Heleno para fazer as honras fúnebres a um garoto de programa, Cícero, brutalmente assassinado nas ruas de São Paulo.
A proposta da dramaturgia é reforçar o caráter poético da obra de Marcelino Freire no palco, aproximando-a da realidade nua das sombras da noite paulistana. Uma proposta atemporal, que reúne personagens da década de 80 até hoje, num povoado de seres que habitam e habitaram nossas ruas, pessoas à beira da marginalização e da violência que assombra a cidade.
Daniel Veiga explorou esse submundo, colocando em discussão as relações de caráter público e privado, onde a rua torna-se casa e local de trabalho; onde a vida torna-se parceira da morte a cada instante; onde a poesia da tragédia torna-se ação dramática e nos faz pensar. A ideia de capítulos nomeados como partes do corpo humano - sugerindo uma autópsia - presente no livro foi mantida como quadros do espetáculo, ressignificando a ideia em cenas do corpo humano de acordo com o conceito de cada bloco.
“'Nossos Ossos' é significativo pois discute vários pontos a partir da existência humana, no caráter social, moral e político: a solidão, a falta de oportunidades, a arte, as relaçõesnão aprofundadas, a desigualdade; num mundo onde as relações a cada dia se tornam cada vez mais virtuais, 'Nossos Ossos' é um grito poético e visceral do ser humano que clama por vida real”, comenta Kleber Montanheiro.
Sinopse do espetáculo
Tendo como cenário o submundo da noite de São Paulo, "Nossos Ossos" é uma fábula visceral sobre a proximidade entre o amor e a morte: cada capítulo é associado a uma parte do esqueleto humano. O protagonista é Heleno, dramaturgo que resgata no necrotério o corpo de um michê e se impõe a missão de levá-loaté Poço do Boi, em Pernambuco.
Durante os preparativos para a estranha aventura, ele relembra a própriahistória, da infância mirrada e pobre no sertão ao sucesso na metrópole paulistana. Na prosa poética de Marcelino Freire, uma fábula macabra sobre a proximidade entre amor e morte.
A cenografia
Idealizada por Kleber Montanheiro, a cenografia partiu da ideia dos ossos, do esqueleto: possibilidades de estruturas que venham a ser a metrópole paulistana ou o sertão nordestino. Que os olhos entendam como prédios, casas ou choupanas, galhos secos. Como um raio x que mostra o que sustenta.
O figurino
Assinados por Marcos Valadão, os figurinos partiram, como pesquisa inicial, de uma referência de 2012: “A Hora do Brasil” por JumNakao; a coleção que teve como foco enaltecer as riquezas do Nordeste.
O conceito desenvolvido por JumNakao trabalhou com as várias tipologias nordestinas (selaria, tecelagem, corda, couro, osso, crochê, renda, entre outros materiais) e o espírito "handmade" - demonstração do luxo produzido na região. Os desenhos traziam as referências do nordeste brasileiro como esqueletos, sobreposições de formas e volumes. JumNakao, paulistano, neste trabalho fez o caminho que será percorrido em toda a pesquisa estética de "Nossos Ossos": a metrópole paulistana em fricção contínua com o nordeste brasileiro.
A iluminação
Assinada por Gabriele Souza ressalta a ideia de tempo e espaço: as cores remetem ao sertão nordestino em temperaturas quentes e ao mesmo tempo exibem a cenografia, de forma a transportar o espectador para os ambientes internos e externos.A temperatura mais fria e a utilização de sombras, com a projeção de luminosidade sobre as estruturas, trazem o ambiente soturno e gélido da cidade de São Paulo.
A música
A música é utilizada como texto cantado, em comum acordo ao texto falado, com composições inéditas da artista Isabela Moraes, especialmente para o espetáculo. Isabela Moraes é um expoente da música brasileira nesse momento. Nascida em Caruaru (PE) em agosto de 1980, é cantora e compositora que se dedica profissionalmente à música desde os 18 anos.
Isabela vem sobressaindo na atual cena pernambucana nos últimos tempos. A ponto de ter chamado a atenção da gravadora carioca Deck, com a qual assinou contrato para debutar no mercado fonográfico, após ter músicas gravadas por cantores como o conterrâneo Almério e a paulistana Mariana Aydar. Sucessor de "Agora ou Nunca Mais" e "Bandeira em Marte", discos de reduzida distribuição regional, o terceiro álbum da cantora foi gravado em 2019 no estúdio carioca Tambor com com a adesão de Marcelo Jeneci.
Sobre o autor
Marcelino Freire (1967), escritor brasileiro pernambucano radicado em São Paulo, publicou obras de extrema importância para nossa história: "Angu de Sangue" (2000), "BaléRalé" (2003), "Contos Negreiros" (2005) – Prêmio Jabuti de Literatura, em 2006 -, "Rasif – Mar que Arre- benta" (2008) e "Amar É Crime" (2010). "Nossos Ossos" (2013), é o primeiro romance do autor. A obra chegou a países como a Argentina e França e ganhou o Prêmio Machado de Assis 2014 de Melhor Romance.
Ficha técnica:
Do romance de Marcelino Freire. Adaptação: Daniel Veiga. Direção e cenografia: Kleber Montanheiro. Figurinos: Marcos Valadão. Desenho de luz: Gabriele Souza. Direção Musical e arranjos: Marco França. Músicas Originais: Isabela Moraes. Assistente de Direção: Gabrielle Britto. Elenco: Vitor Vieira, Aivan, EvasCarretero, Demian Pinto, João Victor Silva e Edu Rosa.Costureira: Salomé Abdala. Máscara: Franklin Almeida. Direção de Cenotecnia: EvasCarretero. Serralheiro: Airton Lemos. Assistente de Cenografia: Thais Boneville. Microfonista: Eder Sousa. Fotos: Cleber Correa. Visagismo: Louise Helène. Produção: MoviCena Produções. Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Serviço:
Temporada: de 15 de janeiro a 6 de fevereiro
Duração: 70 minutos
Faixa etária: a partir de 14 anos
Lotação: 84 lugares
Entrada: mediante apresentação de carteirinha com pelo menos uma dose de vacina contra a covid-19.
Valor dos ingressos: 40,00 inteira e 20,00 meia
Pelo Sympla: https://www.sympla.com.br/espetaculo-nossos-ossos---cia-da-revista__1370478
Sábados às 21h30 e domingos às 19h.
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