domingo, 12 de dezembro de 2021

.: "Canto para Atabaque": o lado musical de Carlos Marighella


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico musical.

Conhecido pelo ativismo político contra o governo militar nos anos 60, Carlos Marighella, que teve um filme sobre sua trajetória recentemente lançado no cinema, com direção de Wagner Moura, está tendo resgatado também o seu lado como escritor. "Canto para Atabaque", poema de sua autoria, foi musicado por Tiganá Santana, em parceria com o grupo BaianaSystem.

Neste mês, completam-se 110 anos do nascimento de Marighella. E para marcar a data, a atriz Maria Marighella, neta do ativista, convidou inicialmente o baiano Tiganá Santana para musicar um poema de seu avô. O poema escolhido foi "Canto para Atabaque", que cita o lugar do tambor e das africanias na constituição do Brasil. Logo após traduzir em harmonia e melodia as palavras do poema, Tiganá convidou o grupo BaianaSystem e o músico Sebastian Notini para juntos construírem os arranjos e interpretarem a canção,

Homenagear o tambor que protagoniza o texto de Marighella demonstra um simbolismo de dimensão ampla. Considerando o tambor não apenas como objeto-instrumento, mas sim como entidade que nos informa sobre modos de existir no mundo. É como combater o racismo religioso, ir ao encontro de um conjunto negro de saberes que não dissocia estética de política, ética de conhecimento. O atabaque se faz presente na gravação e é essa força presente nos candomblés e nas dimensões de encantamento.

"Canto para Atabaque" vem nesse momento para celebrar, conectar, transcender e aproximar através da arte nossas dimensões humanas. Um encontro de pessoas e gerações que lançam mão do toque dos tambores e da força do verbo para falar de Brasil, de África, de tempo e de espaço. E podemos afirmar que foi uma feliz iniciativa resgatar a obra de Marighella como poeta e escritor.


"Canto para Atabaque"


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