A peça online "O Homem que Matou Liberty Valance", com direção de Mário Bortolotto e estrelado por Sergio Guizé e Bianca Bin, que faz seu primeiro trabalho no teatro. O espetáculo online é um western do inglês Jethro Compton, inspirado no conto clássico de Dorothy M. Johnson, que também deu origem ao filme “O Homem que Matou o Facínora” (1962), dirigido por John Ford. O elenco fica completo com Carcarah, Heloisa Lucas, Eldo Mendes, Walter Figueiredo e o próprio Bortolotto. Foto: Cri Jatobá
A relação peculiar e turbulenta entre a sociedade e a política é pautada pela peça western “O Homem que Matou Liberty Valence”, do escritor e diretor de teatro britânico Jethro Compton, que ganha uma versão online dirigida por Mário Bortolotto. O espetáculo é transmitido gratuitamente, por meio da plataforma Teatro Sérgio Cardoso Digital, entre os dias 2 e 19 de dezembro, de quinta a domingo, às 21h. O elenco é formado por Bianca Bin, Sergio Guizé, Carcarah, Heloisa Lucas, Eldo Mendes, Walter Figueiredo e o próprio Bortolotto.
A obra de Compton é baseada em um conto escrito na década de 1950 pela premiada autora norte-americana Dorothy M. Johnson (1905-1984). O texto também foi adaptado para o cinema em 1962, com o título “O Homem que Matou o Facínora”, dirigido por John Ford e com roteiro de Warner Bellah e Willis Goldbeck.
“Sou fã de faroestes desde criança e não poderia perder a oportunidade de montar um espetáculo de teatro que é um western. É uma maneira de homenagear meus heróis de infância. Mas acredito que esse gênero já se renovou muito e, por isso, mantive alguns elementos que remetem diretamente à linguagem clássica, mas a partir de uma leitura um pouco mais moderna, com uma nova abordagem”, comenta Bortolotto.
A trágica história de amor se passa em 1890 na cidade de Twotrees, no Velho Oeste americano, mais especificamente no Saloon de Hallie, que recebe a visita inesperada do velho pistoleiro Bert Barricune. Ele carrega no lombo de seu cavalo a carcaça maltratada de Ransome Foster, que foi brutalmente espancado no deserto.
Esse jovem educado em Nova Iorque partiu rumo ao oeste selvagem em busca de uma vida nova, mas foi recebido pela dura realidade das planícies empoeiradas. Depois de ser salvo por Hallie Jackson ele encontra novos propósitos. Mas será que isso será suficiente para fazê-lo enfrentar a gangue do fora da lei Liberty Valance?
Hallie Jackson é interpretada por Bianca Bin, que depois de vários papeis marcantes na TV tem sua estreia no teatro. “Tem sido uma experiência maravilhosa. Estou entre amigos e meu grande parceiro da vida, sob o olhar atento e carinhoso do Mário Bortolotto, quem tanto admiro. É uma honra e alegria começar no meio dessa gente elegante e sincera”, conta a atriz.
“A Hallie, assim como minha última personagem, a Clara [da novela ‘O Outro Lado do Paraíso’], é uma mulher forte, uma sobrevivente de um meio inóspito, um lugar majoritariamente masculino e pouco afetuoso, uma órfã que teve que desenvolver uma casca grossa para não precisar se submeter à pressão alheia e do meio em que cresceu, mas também uma mulher virtuosa, com olhar sempre atento ao outro. Estou encantada com essa moça”, acrescenta.
Já o galã Ransome Foster é vivido por Sergio Guizé (atualmente na novela “Verdades Secretas 2”), que acredita que a peça é potente por discutir temas muito pulsantes da nossa realidade sócio-política atual, como as questões do racismo estrutural, da discriminação social, do protagonismo feminino, da ausência do Estado e da educação como um princípio básico.
“Não me lembro de já ter feito um cara que se tornou governador por uma grande mentira. Bem acontece... Pensamos muito sobre o que estamos passando em nosso país durante os ensaios. Por ser um personagem que logo de cara se apresenta com um vocabulário rebuscado, priorizei o estudo do texto, decorar palavra por palavra, respeitando as pausas e com essa cadência interna do Velho Oeste, sempre sob o olhar atento do Mário”, revela Guizé sobre a construção de seu personagem.
Ainda inédito no Brasil, o espetáculo dialoga com a pesquisa que o Cemitério de Automóveis desenvolve desde 2012, quando passou a investigar textos estrangeiros com intuito de abrir a possibilidade de intercâmbio entre manifestações teatrais que se enquadram na linguagem realista adotada pelo grupo ao longo de seus quase 40 anos de trajetória.
Essa investigação já resultou nos espetáculos “Mulheres” (2012), a partir do romance homônimo de Charles Bukowski; “Killer Joe” (2014), de Tracy Letts; “O Canal” (2015), de Gary Richards; “Criança Enterrada” (2016) e “O Oeste Verdadeiro”, ambos de Sam Shepard; e “Birdland” (2018), de Simon Stephens.
Sobre Jethro Compton
Jethro Compton é um escritor, diretor e produtor teatral da Cornualha, na Inglaterra. Ele começou a carreira no teatro em 2008 como produtor e codiretor artístico da Belt Up Theatre, companhia em residência no York Theatre Royal. Com o grupo, trabalhou entre 2008 e 2012 em produções como “The Tartuffe”, “The Trial”, “Outland”, “Macbeth” e “The Boy James”.
Em 2010, fundou a Jethro Compton Pruduction para desenvolver o próprio trabalho como escritor, diretor e produtor. Até o momento, dirigiu todas as produções da companhia, como “The Bunker Trilogy” e “The Capone Trilogy” e os próprios textos “The Man Who Shot Liberty Valence”, “The Frontier Trilogy”, “Sirenia” e “Wolf’s Blood”.
Em 2017, Jethro dirigiu sua primeira produção em língua estrangeira, traduzida da própria adaptação de “Fuzzy Mud”, de Lois Sachar, em Viena. Ele já dirigiu mais três produções em alemão, em Viena: uma adaptação de “A Pequena Princesa”, de Frances Hodgson Burnett; a adaptação de “Oliver Twist”, de Charles Dickens; e seu texto original “Blutrache”.
Sobre Mário Bortolotto
Ator, diretor, autor, sonoplasta, iluminador e vocalista e compositor de rock, Mário Bortolotto escreve para o teatro desde 1981. Nascido em Londrina, no Paraná, tem 13 livros publicados: os romances “Bagana na Chuva” e “Mamãe Não Voltou do Supermercado”; as coletâneas de poesias “Para os Inocentes que Ficaram em Casa”, “Um Bom Lugar para Morrer” e “O Pior Lugar que Eu Conheço É Minha Cabeça” ; o compilado de matérias escritas para jornais “Gutemberg Blues”; a reunião de textos de seu blog “Atire no Dramaturgo”; os livros de crônicas “Os Anos do Furacão” e “Esse Tal de Amor e Outros Sentimentos Cruéis”, a série de contos “DJ - Canções para Tocar no Inferno”, além de cinco volumes com seus textos de teatro.Entre os reconhecimentos no teatro que recebeu, estão o Prêmio Shell de melhor autor em 2000, pelo texto “Nossa Vida Não Vale Um Chevrolet”, e o Prêmio APCA em 2000 pelo conjunto de sua obra.
É diretor do grupo de teatro Cemitério de Automóveis e vocalista e compositor das bandas de rock e blues “Saco de Ratos” e “Tempo Instável”. Escreveu as peças “Música para Ninar Dinossauros”, "À Meia-noite um Solo de Sax na Minha Cabeça”, “Nossa vida não vale um Chevrolet”, “Hotel Lancaster”, “Brutal”, “Leila Baby”, entre outras.
Sinopse
Twotrees, 1890. Velho Oeste. O Saloon de Hallie recebe a visita inesperada do velho pistoleiro Bert Barricune. Ele carrega no lombo do seu cavalo a carcaça maltratada de Ransome Foster, que foi brutalmente espancado no deserto. Foster é um jovem educado de Nova Iorque. Ele parte rumo ao oeste selvagem em busca de uma nova vida, mas é recebido pela dura realidade das planícies empoeiradas. Ao ser salvo por Hallie Jackson, Twotrees se torna seu lar, onde os fora-da-lei imperam e as armas decidem o destino de muitos. Foster encontra propósitos na figura de Hallie, mas será suficiente para enfrentar a gangue de Valance?
Ficha técnica
Dramaturgia: Jethro Compton
Direção artística: Mário Bortolotto
Elenco: Bianca Bin, Sergio Guizé, Carcarah, Mário Bortolotto, Heloisa Lucas, Eldo Mendes e Walter Figueiredo
Concepção de iluminação: Caetano Vilela
Concepção cenográfica: Mariko Ogawa e Seiji Ogawa
Sonoplastia original: Noa Stroeter
Figurino: Vanessa Deborah Hudepohl
Produção executiva e coordenação de pesquisa: Carcarah
Gestão do projeto e produção: Isabela Bortolotto
Direção de produção: Paula Klaus
Operador técnico: Ademir Muniz
Cenotécnico: Caique Duran
Direção, captação e edição audiovisual: Cauê Angeli
Tradução: Ana Hartmann
Fotos para divulgação: Cri Jatobá
Programação visual: Vanessa Deborah Hudepohl
Assessoria de imprensa: Agência Fática - Bruno Motta Mello e Verônica Domingues
O espetáculo “O Homem que Matou Liberty Valance” foi contemplado com o edital ProAc LAB 47/2020.
Serviço
"O Homem que Matou Liberty Valance"
Teatro Sérgio Cardoso Digital
Temporada: 2 a 19 de dezembro
De quinta a domingo*, às 21h
Ingressos: grátis, devem ser retirados antecipadamente pelo link https://site.bileto.sympla.com.br/teatrosergiocardoso/
Duração: 90 minutos
Gênero: drama
Classificação etária: 16 anos
Acessibilidade: legendagem descritiva
*Há um bate-papo on-line com o elenco todos os domingos após a sessão
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