quinta-feira, 25 de novembro de 2021

.: Festival Varilux de Cinema Francês volta com tudo em 2021 com 19 filmes


O Festival Varilux de Cinema Francês começa nesta quinta-feira, dia 25 de novembro, e traz 17 filmes inéditos e dois clássicos. O evento exibe longas recentes de diretores como François Ozon, Emmanielle Bercot. Xavier Gianolli, Albert Dupontel e Julia Ducournau. Delegação francesa participa de debates com o público em São Paulo e no Rio de Janeiro. Imagem do filme "Ilusões Perdidas", que estreia no Brasil durante o Festival

Consolidado como o maior evento de filmes franceses fora da França e somando mais de um milhão de espectadores em todo país desde sua criação, o Festival Varilux de Cinema Francês chega a 12ª edição com exibição somente nos cinemas entre 25 de novembro e 8 de dezembro. Drama, romance, comédia, animação e documentário integram a programação composta por dois clássicos e 17 longas-metragens inéditos e recentes, entre premiados e participantes de festivais internacionais. Rio de Janeiro e São Paulo recebem ainda uma mostra com quatro filmes em homenagem a Jean-Paul Belmondo, ícone do cinema mundial falecido em setembro último, e delegação artística que vai debater com o público.

“Estamos felizes em poder realizar o festival novamente este ano, com maior segurança, com a pandemia estabilizada e os eventos culturais retornando em todos as cidades”, comemora Christian Boudier, codiretor e cocurador do festival. “Para nós, que em todos esses anos trabalhamos levando a cinematografia francesa para o público de cidades de todos os tamanhos e lugares do país, é muito gratificante voltar a oferecer cultura”, completa Emmanuelle Boudier, também codiretora e cocuradora do evento.

Os 17 longas-metragens inéditos nos cinemas formam uma seleção com gêneros e temáticas variadas, estreladas por astros e jovens talentos, além de diretores novos e consagrados. Na programação estão obras premiadas e participantes de festivais como Cannes, Toronto, Veneza e San Sebastian. François Ozon ("Está Tudo Bem"), presença recorrente no Varilux; Xavier Giannoli ("Ilusões Perdidas"); Emmanuelle Bercot ("Enquanto Vivo"); Laurent Cantet ("@Arthur Rambo - Ódio nas Redes"); Albert Dupontel ("Adeus, Idiotas"); Julia Ducournau ("Titane") e Jacques Audaiard ("Paris, 13 Distrito") são alguns dos diretores desta edição. Astros e estrelas como Catherine Deneuve, Sophie Marceau, Virginie Efira, Jérémie Renier, Pierre Niney, Pio Marmai e jovens nomes como Noémie Merlant, Benjamin Voisin, Sami Outalbali e Rabah Naït também estarão presentes com seus últimos filmes.

Como em outros anos, uma delegação francesa estará em São Paulo e no Rio de Janeiro para apresentar seus filmes e conversar com o público em sessões com debate. Pela segunda vez no Brasil, Philippe Le Guay, diretor de Um intruso no porão, é um dos convidados desta edição. Com mais de 27 anos de carreira como ator, roteirista e diretor, esteve no país em 2016 para apresentar “A Viagem de Meu Pai”, exibido no festival.

O ator Sami Outalbali vem para falar de "Um Conto de Amor e Desejo", premiado segundo filme da diretora Leyla Bouzid. O longa, exibido na Semana da Crítica em Cannes, foi escolhido melhor filme e melhor ator no Festival de Cinema Francófono de Angoulême. Sami é conhecido ainda por sua participação em “Sex Education”; da Netflix.

Conhecido por sua atuação em "Verão 89", de Ozon, exibido no ano passado no Varilux, o ator Benjamin Voisin vai apresentar "Ilusões Perdidas", drama inspirado no romance homônimo de Honoré de Balzac e dirigido por Xavier Giannoli. O ator já contracenou com nomes como Gerard Depardieu e Catherine Deneuve. Por “Verão 89” (de Ozon) recebeu o Prêmio Lumière de Melhor Revelação e concorreu ao César de Melhor Ator Promissor Masculino.

Com mais de 70 participações em produções variadas com diretores consagrados, entre eles Luc Besson, Olivier Rabourdin estará no Brasil para falar de Caixa Preta, seu mais novo longa. Já marcou presença no Varilux com filmes como “A Última Loucura de Clarie Darling” e “O Poder de Diana”

Além dos filmes, a edição volta a promover o Laboratório Franco-Brasileiro de Roteiros sob a coordenação de François Sauvagnargues - especialista de ficção e diretor geral do FIPA (Festival Internacional de Programação Audiovisual). Com inscrições prévias, a atividade será entre os dias 22 e 26 de novembro, no Rio de Janeiro.

Já estão confirmadas as seguintes cidades nesta edição do Festival Varilux: Aracaju (SE), Araraquara (SP), Balneário Camboriú (SC), Barueri (SP), Belém (PA), Belo Horizonte (MG), Botucatu (SP), Brasília (DF), Campinas (SP), Campo Grande (MS), Caxias do Sul (RS), Cotia (SP), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Foz do Iguaçu (PR), Goiânia (GO), Indaiatuba (SP), Jaboatão dos Guararapes (PE), João Pessoa (PB), Juiz de Fora (MG), Jundiaí (SP), Limeira (SP), Londrina (PR), Macaé (RJ), Maceió (AL), Manaus (AM), Maringá (RS), Natal (RN), Niterói (RJ), Nova Friburgo (RJ), Palmas (TO), Pelotas (RS), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Ribeirão Preto (SP), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), Santos (SP), São Carlos (SP), São José dos Campos (SP), São Luis (MA), São Paulo (SP), Sorocaba (SP), Teresina (PI), Vitória (ES), Vitória da Conquista (BA). A lista de cidades e cinemas participantes estará em breve no site do festival, https://variluxcinefrances.com/2021 O valor do ingresso é o já cobrado por cada exibidor.

O Festival Varilux de Cinema Francês é realizado pela produtora Bonfilm e tem como patrocinador principal a Essilor/Varilux, além do Ministério do Turismo, Secretaria especial da Cultura, o Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Cultura e Economia Criativa e a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, Secretaria Municipal de Cultura. Outros parceiros importantes são as unidades das Alianças Francesas em todo Brasil; a Embaixada da França no Brasil; as empresas Club Med, Air France, Fairmont e Ingresso.com; as distribuidoras dos filmes desta edição Bonfilm, California Filmes, Mares Filmes, PlayArte, Synapse e Vitrine Filmes; e os exibidores de cinema independente/de arte e as grandes redes de cinema comercial


A Seleção
Drama, romance, comédia, animação e documentário integram a programação. Exceto "Titane, Julia Ducournau", exibido em recente festival paulista, todos os filmes chegam ao Brasil através do Festival Varilux. Presença constante do festival, François Ozon traz sua mais nova obra, “Está Tudo Bem”, que integrou a seleção oficial da última edição de Cannes. 

O longa-metragem discute a eutanásia e o suicídio assistido quando um homem, em uma cama de hospital, pede ajuda de sua filha para morrer. Ainda sobre a temática da finitude, uma das mais aclamadas atrizes do cinema francês, Catherine Deneuve, brilha no filme “Enquanto Vivo”, sob a direção de Emmanuelle Bercot. No drama, ela interpreta uma mãe diante do insuportável: a doença incurável do filho.

Protagonizado por Rabah Naït Oufella, o drama “@Arthur Rambo – Ódio nas Redes” é dirigido por Laurent Cantet, conhecido por usar suas obras para debater temas atuais da sociedade. Com a produção, o diretor discute o uso das redes sociais e os julgamentos no mundo digital. Integrante da seleção oficial das edições 2021 do Festival Internacional de Cinema de Toronto IFF 2021 e do San Sebastian, o filme conta ainda com Sofian Khammes, Antoine Reinartz no elenco principal.

Documental, “Nosso Planeta, Nosso Legado” é a mais recente produção do diretor Yann Arthus-Bertrand, fotógrafo que se tornou cineasta e já realizou produções memoráveis como "Home: Nosso Planeta, Nossa Casa". Nesta nova produção, ele compartilha a visão sensível e radical do mundo atual, além de revelar um planeta sofredor e uma humanidade desorientada.

Já o drama “Ilusões Perdidas” traz no elenco principal os atores Benjamim Voisin, Cécile de France e Vincent Lacoste. Inspirado no romance homônimo de Honoré de Balzac e dirigido por Xavier Giannoli, o filme é ambientado no século XIX em que Lucien, um jovem poeta desconhecido ávido por abrir caminho na vida, deixa sua cidade natal para tentar a sorte em Paris. A produção foi indicada ao Leão de Ouro, além de outras duas categorias no Festival de Veneza.

As comédias também estão presentes na programação. Um dos destaques é “Adeus Idiotas”, escrita, dirigida e interpretada por Albert Dupontel. O longa-metragem ganhou sete Prêmios César – concorreu a 12 - e já foi visto por mais de um milhão de espectadores na França. No elenco estão Virginie Efira e Nicolas Marié que, junto com Albert Dupontel, embarcam em uma missão tão espectacular quanto improvável, quando Suze Trappet que descobre, aos 43 anos, que está seriamente doente.

Já “Pequena Lição de Amor”, de Eve Deboise, mostra seus protagonistas numa jornada por Paris por causa de uma inquietante carta de amor. “Mentes Extraordinárias”, codirigida por Bernard Campan e Alexandre Jollien, atores que também assinam a direção do longa – conta a história de duas pessoas que se dirigem para o sul da França num carro funerário. Integrante da seleção oficial de Cannes e codirigida por Arnaud e Jean Marie Larrieu, a comédia musical “Tralala” acompanha um cantor de ruas de Paris que, milagrosamente, se reinventa na cidade de Lourdes.

Uma das mais consagradas animadoras do mundo, com obras e personagens cheias de intensidade dramática, a diretora francesa Florence Miaihe marca presença no evento com o longa-metragem de animação “A Travessia”, que ganhou Menção do Júri do Festival Internacional de Filmes de Animação de Annecy. O veterano Jacques Audiard apresenta sua última produção “Paris, 13 Distrito”, que mira em três personagens jovens na busca de seus caminhos.

Em “Um Intruso no Porão”, de Philippe Le Guay, um dos mais populares e queridos entre os atores franceses, François Cluzet, que esteja no festival com o sucesso “Intocáveis”, vive um homem de passado conturbado, que transforma a vida de um casal ao comprar um porão de um imóvel na cidade de Paris.

O thriller psicológico “Caixa Preta”, de Yann Gozlan, conquistou o Prêmio do Público no 38º Festival Reims Polar e busca a verdade sobre o que aconteceu a bordo do voo Dubai-Paris antes de bater no maciço alpino através da análise minuciosa das caixas pretas. No elenco está Pierre Niney, que viveu o costureiro em “Yves Saint Laurent”, longa também exibido no Varilux. Com direção de Elie Wajeman, “Madrugada em Paris” retrata a saga de Mikaël, um médico vivido pelo ator Vincent Macaigne que tem uma noite para decidir seu próprio destino.

E, para deixar os amantes da gastronomia com água na boca, a mostra apresenta “Delicioso: da Cozinha para o Mundo”, comédia estrelada por Grégory Gadebois e Isabelle Carré, sob a direção de Eric Besnard. O filme de época conta um pouco dos primórdios da culinária francesa, bem como a criação do primeiro restaurante do país, antes mesmo da revolução francesa acontecer.

Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes 2021 e representante da França no Oscar do ano que vem, o terror “Titane”, dirigido por Julia Ducournau e com Vincent Lindon, Agathe Rousselle e Garance Marillier no elenco principal, poderá ser assistido pelo público do festival em algumas cidades.

“Um Conto de Amor e Desejo”, segundo longa-metragem de Leyla Bouzid, traz Sami Outalbali, Zbeida Belhajamor e Diong-Keba Tacu no elenco principal. Protagonista, no filme Sami interpreta Ahmed, um jovem crescido nos subúrbios parisiense que, na universidade, conhece Farah, uma jovem tunisiana cheia de energia e recém-chegada de Túnis. O longa mostra, com delicadeza e audácia, o despertar para a sexualidade e o ardor dos sentimentos e fantasias. A produção integrou a Semana da Crítica de Cannes de 2021 e ganhou o prêmio de Melhor Filme no Festival Du Film Francophone d’Angoulême 2021.


Os Clássicos
A edição 2021 traz de volta às telonas dois filmes memoráveis da cinematografia francesa para compor os clássicos homenageados da mostra. São eles: “O Magnífico” e “As Coisas da Vida”. A comédia “O Magnífico”, de 1973, é dirigida por Philippe de Broca e conta com Jean Paul Belmondo no papel principal, além de Jaqueline Bisset, Vittorio Caprioli e Jean Lefebvre. “As Coisas da Vida”, de 1970, é um drama romântico dirigido por Claude Sautet e com Michel Piccoli, Romy Schneider, Lea Massari e Jean Bouise nos papéis principais.

Em “O Magnífico”, de Philippe de Broca, François é um escritor de romances de espionagem, cuja figura principal é Bob Saint Clair, um espião muito esperto, inteligente e sedutor. Sua obra desperta o interesse acadêmico de Christiane, uma estudante inglesa de sociologia. Aos poucos, o estudo e o relacionamento entre eles começam a se confundir com trechos do novo livro do escritor. O filme cult é uma hilariante e feroz sátira dos filmes de aventura, espionagem, dos super-heróis, sendo os filmes de James Bond o alvo mais específico. Com um humor ácido, a comédia usa e abusa de todos os excessos do gênero com alegria contagiante e explora com maestria o tema da vida dupla, real e sonhada.

De Claude Sautet, “As Coisas da Vida” mostra Pierre (Michel Piccoli), arquiteto na faixa dos 40 anos, após sofrer um grave acidente de carro. Arremessado para fora de seu veículo, em estado de coma à beira da estrada, tem flashbacks do passado e das duas mulheres de sua vida: a ex-mulher Catherine (Léa Massari), com quem tem um filho, e Hélène (Romy Schneider), com quem vive um conturbado relacionamento.

A trama, gira em torno do estado de coma do personagem principal, que sofre um acidente que o deixa gravemente ferido e vê sua vida passar em ritmo acelerado. E ele se dá conta de como as pequenas coisas da existência - as alegrias e as tristezas - formam a felicidade de toda uma vida. Grande sucesso de bilheteria, o longa-metragem ganhou o Prêmio Louis Delluc e a Palma de Ouro de melhor filme no Festival de Cannes de 1970.


Mostra em homenagem ao ator Jean-Paul Belmondo
O público das cidades do Rio de Janeiro e São Paulo será presenteado com uma mostra especial, em homenagem ao ator Jean-Paul Belmondo, falecido em setembro passado. A curadoria selecionou quatro títulos que destacam e enaltecem a carreira de Belmondo, cujo legado atravessou gerações. São eles: “O Demônio das Onze Horas” (1965), de Jean-Luc Godard, “O Homem do Rio” (1964), de Philippe de Broca, “Técnica de um delator” (1963), de Jean-Pierre Melville e “Léon Morin, o padre” (1961), de Jean-Pierre Melville. Importante salientar que os filmes da programação em homenagem a Jean-Paul Belmondo não estarão disponíveis em todas as cidades. Já estão confirmadas São Paulo e Rio de Janeiro.

Em “O Demônio das Onze Horas” (1965), de Jean-Luc Godard, Ferdinand Griffon é um professor de língua espanhola casado com uma italiana. Ele anda um pouco desiludido porque acaba de perder o seu emprego na televisão. Em uma noite, o casal vai a uma festa burguesa na casa de amigos. Mas para frequentar o evento social, precisavam que alguém cuidasse das crianças. Decidem, então, contratar a jovem Marianne como babá. Após uma noite decepcionante, Ferdinand volta para a casa, encontra Marianne e tenta conquistá-la. No dia seguinte, o novo casal foge em direção ao Sul, onde se envolve com tráfico de armas e conspirações políticas. Baseada no livro Obsession, de Lionel White, o filme é tido como um dos grandes marcos do movimento "Nouvelle Vague".

Em “O Homem do Rio” (1964), de Philippe de Broca, o piloto Adrien Dufourquet consegue uma semana de folga e planeja encontrar-se com a namorada Agnès em Paris. Ao chegar, depara-se com um bando de índios sul-americanos que raptam a moça. Eles pensam que a jovem sabe onde estão as estátuas que os levariam a um fabuloso tesouro. Adrien segue os bandidos até a Selva Amazônica e vive uma série de perigos ao tentar resgatar Agnès.

Em “Técnica de um delator” (1963), de Jean-Pierre Melville, Maurice, recém-saído da prisão, planeja um roubo junto com o amigo Silien. O comparsa, no entanto, o delata para a polícia, que impede o roubo e fere Maurice. Recuperado, ele orquestra um plano para se vingar.

“Léon Morin, o Padre” (1961), de Jean-Pierre Melville, se passa durante a Segunda Grande Guerra, quando a viúva Barny, ateia, manda sua filha meio judia para viver em uma fazenda antes que os alemães invadissem a cidade. Quando ela descobre que o irmão de seu chefe fora mandado a um campo de concentração por ser judeu, decide batizar a filha na religião católica e assim se aproxima do padre Léon, por quem acaba sentindo uma grande atração.


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