sábado, 27 de novembro de 2021

.: Entrevista exclusiva: Maurício Barros apresenta trabalho solo em disco


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico musical.

Quarenta anos depois de ter fundado o Barão Vermelho, Maurício Barros decidiu mostrar um trabalho solo, que será desenvolvido em paralelo ao da banda. Trata-se do álbum “Não Tá Fácil Prá Ninguém”, que tem parcerias com o pernambucano Otto (na faixa "Abra Essa Porta", o single de divulgação), Arnaldo Antunes (na faixa "Zanzando"), Fausto Fawcett ("Alô, Alô, Humanidade") e Dadi Carvalho ("Como Você Está?"), entre outros. Em entrevista para o Resenhando.com, Maurício conta como foi o seu início no Barão Vermelho e revela como gosta de trabalhar com música. “Sou daqueles que saem do estúdio à noite e, quando chega em casa, ainda ouve novamente o que foi feito”.


Resenhando - Você e o Guto Goffi são apontados como os reais fundadores do Barão. Quais lembranças você tem desse início da banda?
Maurício Barros -
Eu e o Guto estudávamos juntos e ficamos amigos. Tempos depois decidimos montar uma banda e começamos a procurar músicos. Chamei o Dé, um amigo nosso indicou o Frejat e o Guto chamou o Léo Jaime, que não topou, mas indicou o Cazuza. Éramos muito novos. Os ensaios eram na sala da minha casa. Passávamos as tardes tocando. Um bando de garotos. Eu tinha 17 anos, o Dé tinha 16. Cazuza tinha alguns anos a mais, mas também era bem jovem, contrastando com a maturidade de suas letras, como “Down em Mim” e “Todo Amor que Houver Nessa Vida”, que são do nosso primeiro disco, lançado em 1982. Lembro do Cazuza mexendo nas letras e escrevendo deitado no chão. A rapaziada na rua ficava dançando ao som das nossas músicas.


Você chegou a sair da banda no final dos anos 80 para fundar o Buana 4, que emplacou até música em novela da Rede Globo. Por que esse projeto não seguiu adiante?
Maurício Barros -
Pois é, a música “Eu Só Quero Ser Feliz”, foi tema de abertura da novela “Top Model”. Eu cantava e tocava teclados. Era bacana. Gravamos um disco pela EMI-Odeon. Teve clipe no Fantástico e fizemos uma temporada no Teatro Ipanema onde o Barão havia lançado o segundo álbum. Iniciamos a turnê pelo Sul do país e quando chegamos em Porto Alegre, estava todo mundo atordoado, pois o Plano Collor estava sendo anunciado na televisão. Isso afetou bastante o mercado de shows naquele primeiro momento, especialmente para uma banda que estava começando. Depois ficamos sem gravadora e fui convidado a participar da turnê de 10 anos do Barão. Tempos depois o Buana acabou.


A canção "Abra Essa Porta" é o primeiro single desse trabalho solo. Na sua opinião, o que difere esse seu trabalho solo do Barão?
Maurício Barros - Produzi discos do Frejat e o mais recente do Barão Vermelho. Sou autor de alguns sucessos do grupo, como “Por Você” e “Puro Êxtase”, entre outras. “Abra Essa Porta”, e todo o meu álbum, é algo mais pessoal. Sempre achei que essas músicas deveriam ser interpretadas por mim e com uma sonoridade diferente da banda.


Como tecladista, quais foram suas influências principais?
Mauricio Barros -
Rick Wakeman e os tecladistas de rock progressivo, Arnaldo Baptista, Elton John, Jon Lord, Mu Carvalho, Nicky Hopkins, os pianistas de blues/rock’n’roll e Brian Eno, só para citar alguns exemplos.


Como é que atua o Maurício Barros produtor?
Maurício Barros -
Participo da escolha do repertório, o melhor tom e arranjo. Presto atenção nas letras. No estúdio, sempre que possível, procuro trabalhar com técnicos que eu conheça, para não perder tempo. Gosto do Pro Tools e de plug-ins em geral. Faço uso da tecnologia disponível, mas acho fundamental uma boa interpretação, seja do cantor ou instrumentista. Sou daqueles que saem do estúdio à noite e, quando chega em casa, ainda ouve novamente o que foi feito. Participo da mixagem e fico atento aos detalhes.


Ainda no single "Abra Essa Porta", você mostra um bom potencial como intérprete. Foi difícil encarar o vocal principal ou o processo se deu naturalmente?
Maurício Barros -
Eu já cantava no Buana 4. Também cantava algumas músicas nos shows da Midnight Blues Band e cantei em duas músicas no disco “Viva” do Barão. Portanto, acho que foi natural. Gosto de cantar. Fiz aulas de canto há alguns anos atrás. Por ser autor das músicas, fico mais à vontade pra cantar.


Quais são os seus planos?
Mauricio Barros -
Quero mostrar o meu som. O trabalho de divulgação está sendo feito. Gravei um clipe e vou colocar vários conteúdos no meu canal do YouTube para quem quiser saber mais sobre o álbum. Em 2022, estarei com o Barão na turnê comemorativa de 40 anos do primeiro disco. Mas, eventualmente, posso fazer alguns shows do meu trabalho solo. Tenho várias músicas que não entraram no álbum. Por isso, a ideia é dar seguimento ao meu trabalho em paralelo ao do Barão Vermelho.


Maurício Barros - "Abra Essa Porta" [feat. Otto]



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