Por: Mary Ellen Farias dos Santos
Em novembro de 2021
"The Grand Jury", o nono episódio de "American Crime Story: Impeachment", começa e logo reencontramos Linda Tripp (Sarah Paulson) sem perder a chance de ser uma mulher de postura inspuportável. Fica a pergunta: Quantas vezes ela passou na fila da chatice?! Ao menos sem bom humor faz uma boa ação a uma estranha, também hóspede do hotel em que está morando. Para a sorte dela, a filha se importa. E numa conversa entre mãe e filha sabemos de um discurso que será feito publicamente para que Linda conte a história na própria visão.
Monica Lewinsky (Beanie Feldstein) chega ao julgamento e segue o procedimento de jurar dizer a verdade somente a verdade erguendo a mão e tudo. E após algumas perguntas, a ex-amante do presidente dos Estados Unidos precisa explicar como começou o primeiro contato: um beijo até ela fazer sexo oral nele. Apesar da extrema vergonha, Monica descreve a relação de modo carinhoso, a ponto de atribuir o adjetivo de gentil a Bill Clinton (Clive Owen).
Falas de Monica são repassadas para os presentes, de quando ela disse a Linda Tripp que iria negar tudo, mesmo que precisasse mentir. Diante do grande júri, ela revela, inclusive que ninguém pediu para que mentisse. Eis que uma senhora pergunta se a mãe de Monica alguma vez a incentivou a terminar o relacionamento com ele, por ser o presidente, um homem casado e ter uma família. E claro, para todos do júri, assim como Monica, a relação dos dois era errada. No entanto, a culpa é sempre atribuída a ela, não a ele. Pensamentos machistas que levarão décadas para serem trabalhados. Imagine como não era nos anos 90?
Quando questionada pelo júri, sobre o dia em que foi mantida num quarto de hotel pelo F.B.I., sem chamar um advogado, embora tenha desejado fazê-lo, apenas sendo informada de que estava com problemas e que até a mãe dela poderia ser punida. Monica conta a verdade, implicando na saída da sala do agente ali presente. Monica conta como foi detida com a ajuda de Linda Tripp por agentes do F.B.I..
E como ela está proibida de mentir ali, confessa: "Eu odeio Linda Tripp". E quem não odiaria, né?! Antes do fim do episódio, descobrimos exatamente que a relação deles começou com uma atração física até se tornar uma relação sexual -e todos os detalhes são expostos.
Reencontramos Paula Jones (Annaleigh Ashford) numa cama de hospital e seguimos sem saber o que, de fato, ela faz ali. Entretanto, é Linda Tripp quem chega de mala e cuia em casa. Antes de comer, abre uma correspondência maior, dentro há uma revista, folheia as páginas e encontra um texto com uma caricatura dela bem assustadora: uma bruxa.
Hillary Clinton (Edie Falco) comparece a eventos ao lado do marido, Bill Clinton (Clive Owen), mas a relação dos dois não é mais a mesma. Tudo se resume a aparências. Até que ele a chama na sala da Casa Branca, fala e fala sobre como se sentia em relações aos acontecimentos e diz não saber quem é sem ela. Com direito a lágrimas escorrendo dos olhos dele, mas Hillary apenas pergunta se é tudo, ele nega e se declara para a senhora Clinton que, simplesmente, sai da sala.
Linda volta ao trabalho na marra e a situação dela é colocada às claras. Eis que agentes vão ao encontro de uma testemunha que esteve em "American Crime Story: Impeachment" anteriormente. Ela não diz uma palavra, permanece com a cara de assustada e entendemos que precisam da assinatura dela num documento -que na verdade é para criar um documento a favor do presidente.
Eis que Paula Jones volta para casa, mas com marcas no rosto e um curativo cobrindo as narinas. No hospital, ela fez uma cirurgia para afinar o nariz. Então, uma discussão entre marido e mulher de lavar roupa suja, pois o dinheiro que receberiam foi perdido. Paula não receberá mais nada. Em meio a xingamentos por parte de Paula, Steve, o marido, sai de casa.
É a vez de Linda ser interrogada pelo grande júri tendo uma das conversas entre ela e Monica lida para todos os presentes. E o depoimento vai para um caminho mais interessante quando os jurados começam a fazer as perguntas diretamente a ela. Linda age tal qual Clinton, torce e retorce os fatos a seu favor.
Linda é sabatinada e diz ter sentido medo por saber o que acontecia entre Clinton e Monica. A ex-amiga de Monica revela ter ficado apavorada não só por perder o emprego, mas de até ser assassinada. Em outra sala, Monica ouve uma fita com conversa entre as duas, assina nela e sai. Enquanto que longe dali, Linda permanece sendo esmagada com perguntas desconfortáveis. Fica a ideia de que ela, de fato, acreditava estar agindo muito bem ao trazer todo o assunto a público.
Fora da sala dos jurados, diante de jornalistas equipados, num púlpito, fora da sala do grande júri, Linda lê um discurso que escreveu a seu modo sobre a situação em que se envolveu por ser amiga de Monica. Declara amor à patria e reforça a necessidade de dizer a verdade. Pois é!
Na Casa Branca, Clinton está à mesa da famosa sala da presidência quando Hillary se aproxima dele, mantendo uma certa distância até que se mostra aliada a ele. E como a história de Clinton é cheia de passagens nebulosas, perto do fim do episódio descobrimos que a outra mulher, a da assinatura é Juanita Broaddrick. Procurada anteriormente confessa ter mentido, pois não queria se envolver com o caso, porém, no passado, foi estuprada por Clinton. Quando a situação de Clinton parece estar entrando nos eixos, sempre um novo escândalo escabroso surge.
No entanto, "The Grand Jury" deixa uma provocação maravilhosa para refletirmos sobre a figura feminina ser sempre massacrada. Seja Monica, uma mulher solteira, envolvendo-se com o presidente, um homem casado, Linda sendo ridicularizada pela imagem, assim como Paula Jones, levando a segunda a fazer uma cirurgia plástica. É assustador perceber que estamos em 2021 e nem tanta coisa mudou na sociedade, seja americana ou brasileira. Que venha o episódio final de "American Crime Story: Impeachment": "The Wilderness"!
Episódio 9: "The Grand Jury"
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