sexta-feira, 6 de agosto de 2021

.: Guilherme Arantes, a viajante alma paulista de volta ao disco


Por
 Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico musical.

Com 68 anos  e 45 anos de carreira, Guilherme Arantes lança mais um álbum de inéditas. “A Desordem dos Templários” chega em mídias digitais, em CD (digipack), em vinil 180g (capa dupla com encarte em envelope interno) e, também, em cartão USB contendo áudios em resolução de estúdio (48 Khz/24 bits) além de vídeos de making of das gravações pontuados com imagens ilustrativas inspiradas nas letras.

São dez faixas inéditas, sendo oito canções, um tema instrumental progressivo e, ainda, uma vinheta de sonoplastia conceitual. Como faixa-bônus no CD, há uma versão em inglês para a música “A Cordilheira” ("Across the Abyss"). O USB card traz ainda uma versão instrumental de "A Cordilheira".

O disco acabou surgindo de forma involuntária. Em 2019, Guilherme Arantes viajou com a esposa Márcia para a Espanha, para uma temporada de estudos de música renascentista e barroca e, também, para um período de imersão em literatura e história. A intenção original era uma reciclagem, com a retomada de estudos de Scarlatti, Handel, Couperin, Bach, clássicos do cravo. Sem nenhuma intenção de produzir material novo, era uma volta radical à estaca-zero na música.

Com a chegada da pandemia na Europa, no início de 2020 essa temporada de reclusão se intensificou, restringindo-se a circulação pelo perímetro da província de Ávila, em Castilla & León, ao norte de Madrid. Além disso, Guilherme Arantes enfrentou problemas na sua coluna que duraram oito meses. Esse período de reclusão, aliado com o clima da cidade interioriana histórica da Espanha, acabaram por propiciar uma inspiração forte para elaborar letras e novas canções.

Guilherme Arantes contatou a banda em São Paulo para que elaborassem à distância as participações de bateria (Gabriel Martini), baixo (Willy Verdaguer), guitarras e violões (Luiz Sérgio Carlini e Alexandre Blanc), violinos (Cassio Poletto) e trompete (Luciano Melo) , bem como convidou  o maestro Arthur Verocai para escrever o arranjo de cordas da música “Estrela-Mãe”. Tudo, obviamente, feito via internet, única fórmula possível em tempos de isolamento.

O resultado final ficou acima da média. Há canções pop como "Nossa Imensidão a Dois", que tem aquele toque dos anos 70 e 80. Mas também há uma ótima faixa instrumental no melhor estilo rock progressivo (Kyrie), uma de suas influências no início da carreira. A faixa título ("A Desordem dos Templários") é definida pelo autor como “um manifesto progressivo-cangaceiro diante da truculência e impunidade normalizadas no nosso mundo, a guerra de narrativas”.

O fato é que a viajante alma paulistana de Guilherme Arantes continua seguindo o seu rumo na música. O coração paulista brinda os ouvintes com novas emoções em forma de canções para nós, ouvintes.

"Nossa Imensidão a Dois"

"El Rastro"

"A Desordem dos Templários"

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