sexta-feira, 9 de julho de 2021

.: "Hamlet", de Shakespeare, é o livro favorito de Mika Lins. Saiba o porquê


"Por ter alguns livros favoritos, pensei em um: 'Hamlet', de William Shakespeare. Essa edição da Ubu, que tem tradução da Bruna Beber. Hamlet é o personagem mais interessante da história do teatro. Ele tem crise existencial, angústia, reflete, pensa . É um intelectual. E é ate hoje um personagem moderno."
, Mika Lins, atriz e diretora de teatro. 

Recentemente, ela dirigiu a peça "Pós F - Para Além do Feminino e do Masculino", um monólogo protagonizado pela atriz Maria Ribeiro com texto de Fernanda Youngcrítica neste link

Na imagem, Mika Lins segura a edição do clássico de William Shakespeare lançada pela editora Ubu. Esta edição, traduzida por Bruna Beber, traz 21 xilogravuras feitas por Edward Gordon Craig para a edição clássica de "Hamlet" publicada em 1930 pela Cranach Press. 

A edição da Ubu
 conta com seis textos dos principais críticos da obra de Shakespeare, que fazem um arco de 1819 a 2008. A maioria é inédita em português: S. T. Coleridge (1819) – inédito Ivan Turguêniev (1860) – inédito A. C. Bradley (1904) Northrop Frye (1986) – inédito Jacques Lacan (1958-59) Barbara Heliodora (2008)



Porque 
"Hamlet"é tão importante
Um dos mais poderosos textos da literatura mundial, "Hamlet" representa o auge da criação artística mundial. É um retrato - eletrizante e sempre contemporâneo - da vida emocional de um homem adulto, além de uma obra clássica permanentemente atual pela força com que trata de problemas fundamentais da condição humana. A obsessão de uma vingança em que a dúvida e o desespero estão concentrados nos monólogos do príncipe Hamlet alcançam uma impressionante dimensão trágica.

As questões de "Hamlet" ecoam na literatura e no teatro e conferem uma potência que se relaciona a questões humanas, arquétipos e emblemas da psiquê que sempre estiveram e continuam presentes nos seres humanos. Não há importante pensador moderno que não tenha sido impactado pelos dilemas do jovem príncipe da Dinamarca, que se sente obrigado a vingar a morte do pai. Tragédia, sátira, romance e filosofia se alternam em uma narrativa marcada por mensagens difundidas em todo o mundo há quatro séculos.

"Hamlet" é a primeira de uma sequência de tragédias fundamentais na dramaturgia de Shakespeare, porém em nenhuma outra encontra-se um protagonista tão complexo e interessado na condição humana como o príncipe da Dinamarca. O principal tema do enredo é a vingança, sobretudo a desforra que o pai do personagem principal, já morto, atribui ao filho, rogando-lhe que mate Cláudio, irmão e assassino do rei, que agora ocupa o trono. 

Porém, o príncipe da Dinamarca não se sente impelido a cumprir o desejo do pai-fantasma de imediato, desencadeando suas famosas reflexões: algumas mais práticas, como matar ou não, e outras mais profundas, que levam os críticos a considerar esta a mais filosófica tragédia shakespeariana. Muito conhecida por frases que atravessaram os séculos e ainda permanecem no imaginário popular, "Hamlet" é um texto fundamental da dramaturgia mundial. Raros sao os textos literários que reunem tamanha complexidade na abordagem das relacoes humanas como os escritos por Shakespeare (1564-1616), em geral. e com "Hamlet" , em particular. 

"Hamlet" é uma tragédia de William Shakespeare, escrita entre 1599 e 1601. A peça, passada na Dinamarca, reconta a história de como o Príncipe Hamlet tenta vingar a morte de seu pai Hamlet, o rei, executando seu tio Cláudio, que o envenenou e em seguida tomou o trono casando-se com a mãe de Hamlet. A peça traça um mapa do curso de vida na loucura real e na loucura fingida - do sofrimento opressivo à raiva fervorosa - e explora temas como a traição, vingança, incesto, corrupção e moralidade.


"Ser ou não ser, eis a questão": o enredo de "Hamlet"
Hamlet, o Rei, morre repentinamente. Seu irmão, Cláudio, assume o trono e casa-se com a viúva, Gertrudes. Seu filho, que também denominado Hamlet, nem desconfia da verdade até que tem um encontro com o fantasma do finado pai, que lhe revela que foi assassinado com um veneno que Cláudio introduzira em seu ouvido. Assim, o fantasma faz que Hamlet jure vingança. Desesperado para cumprir sua promessa, o jovem príncipe da Dinamarca concebe um plano: passar por louco para preparar um cenário que possa levá-lo a matar Cláudio. 

Os reis, preocupados, acreditam que o príncipe está louco de amor e fazem que antigos amigos de Hamlet tentem arrancar dele a verdade. Nem mesmo a paixão do príncipe, Ofélia, é poupada da missão que tenciona descobrir a causa de sua loucura. Até que um grupo de atores chega ao castelo e é usado por Hamlet para encenar a morte de seu pai diante do rei. Convencido de que o príncipe sabe mais do que aparenta, Cláudio logo tenta se livrar do incômodo. 

Começa uma corrida entre os rivais para ver quem consegue se livrar do seu adversário. Mortes inesperadas e reviravoltas levam a um final que só mesmo o gênio literário de William Shakespeare poderia proporcionar. Uma peça encenada inúmeras vezes no cinema e no teatro, já foi protagonizada por diversos nomes famosos, incluindo Mel Gibson, Ralph Fiennes, Christopher Plummer e Lawrence Oliver.

"O Retrato de Chandos"; pintura atribuída a John Taylor e com autenticidade desconhecida. National Portrait Gallery, London.

Sobre o autor
William Shakespeare, batizado em 26 de abril de 1564, é, sem dúvida, um mito. Sua obra tem um caráter universal e eterno, subvertendo o tempo e atravessando gerações. Foi um poeta, dramaturgo e ator inglês, tido como o maior escritor do idioma inglês e o mais influente dramaturgo do mundo. É chamado frequentemente de poeta nacional da Inglaterra e de "Bardo do Avon" (ou simplesmente The Bard, "O Bardo"). De suas obras, incluindo aquelas em colaboração, restaram até os dias de hoje 38 peças, 154 sonetos, dois longos poemas narrativos, e mais alguns versos esparsos, cujas autorias, no entanto, são ainda disputadas. As peças de Shakespeare foram traduzidas para todas as principais línguas modernas e são mais encenadas que as de qualquer outro dramaturgo. Muitos dos textos shakesperianos e temas permanecem vivos até os dias atuais, sendo revisitados com frequência, especialmente no teatro, na televisão, no cinema e na literatura.

Shakespeare nasceu e foi criado em Stratford-upon-Avon. Aos 18 anos casou-se com Anne Hathaway, com quem teve três filhos: Susanna e os gêmeos Hamnet e Judith. Entre 1585 e 1592 William começou uma carreira bem-sucedida em Londres como ator, escritor e um dos proprietários da companhia de teatro chamada Lord Chamberlain's Men, mais tarde conhecida como King's Men. Acredita-se que ele tenha retornado a Stratford em torno de 1613, morrendo três anos depois. Restaram poucos registros da vida privada de Shakespeare, e existem muitas especulações sobre assuntos como a sua aparência física, sexualidade, crenças religiosas, e se algumas das obras que lhe são atribuídas teriam sido escritas por outros autores.

Shakespeare produziu a maior parte da obra entre 1590 e 1613. Suas primeiras peças eram principalmente comédias e obras baseadas em eventos e personagens históricos, gêneros que ele levou ao ápice da sofisticação e do talento artístico ao fim do século XVI. A partir de então escreveu apenas tragédias até por volta de 1608, incluindo "Hamlet", "Rei Lear" e "Macbeth", consideradas algumas das obras mais importantes na língua inglesa.

Na sua última fase, escreveu um conjuntos de peças classificadas como tragicomédias ou romances, e colaborou com outros dramaturgos. Diversas de suas peças foram publicadas, em edições com variados graus de qualidade e precisão, durante sua vida. Em 1623, John Heminges and Henry Condell, dois atores e antigos amigos de Shakespeare, publicaram o chamado First Folio, uma coletânea de suas obras dramáticas que incluía todas as peças (com a exceção de duas) reconhecidas atualmente como sendo de sua autoria.

Shakespeare foi um poeta e dramaturgo respeitado em sua própria época, mas sua reputação só viria a atingir o nível em que se encontra hoje no século XIX. Os românticos, especialmente, aclamaram a genialidade de Shakespeare, e os vitorianos idolatraram-no como um herói, com uma reverência que George Bernard Shaw chamava de "bardolatria". No século XX sua obra foi adotada e redescoberta repetidamente por novos movimentos, tanto na academia e quanto na performance. Suas peças permanecem extremamente populares hoje em dia e são estudadas, encenadas e reinterpretadas constantemente, em diversos contextos culturais e políticos, por todo o mundo.

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