quarta-feira, 21 de julho de 2021

.: Entrevista: Cauã Reymond fala sobre "Ilha de Ferro", que estreia na Globo


 Série conta com trabalho minucioso de efeitos especiais e com plataforma construída nos Estúdios Globo; Cauã Reymond fala sobre a obra. Foto: Raquel Cunha

Duas rotinas completamente opostas, vividas pelos mesmos personagens. Em "Ilha de Ferro", série que estreia a primeira temporada na TV Globo no próximo dia 09 de agosto, essa é a realidade dos funcionários da plataforma PLT-137, que se dividem entre os dilemas em terra firme e o clima de ebulição em alto-mar. A série mostra as histórias de Dante (Cauã Reymond) e de Júlia (Maria Casadevall), que, assim como os demais petroleiros, vivem pelo menos duas vidas: uma na terra, outra no mar, onde passam duas semanas inteiramente confinados na PLT-137, localizada a uma hora de helicóptero da costa brasileira. 

Dante é coordenador de produção da plataforma, que é recordista de acidentes, e vê o sonho de ser promovido a gerente ir por água abaixo com a chegada de Júlia, nova ocupante do cargo. Logo no início da história, ao chegar em terra, o petroleiro tem de lidar com a descoberta de uma dupla traição. Sua mulher, Leona (Sophie Charlotte), com quem mantém um casamento tumultuado, revela ter um caso com Bruno (Klebber Toledo), irmão de Dante. Dois irmãos em guerra. Duas mulheres sem paz. Está formado o quarteto que vai enfrentar, cada um à sua maneira, inúmeras situações-limite na terra e no mar. Mais do que petróleo, a PLT-137 extrai adrenalina e emoções inflamáveis a cada episódio.


A criação da PLT-137 e os efeitos especiais
Um dos destaques história de Max Mallmann e Adriana Lunardi é o trabalho de pós-produção. A criação de uma plataforma em alta resolução; o estudo e a simulação de diversas condições do oceano; a queda de um helicóptero com detalhes do impacto na água; uma série de explosões e acidentes no mar – estes são alguns exemplos que exigiram da equipe de efeitos visuais mais de 30 mil horas de dedicação à produção. A tecnologia está presente do primeiro ao último episódio. 

“A plataforma é algo que pode explodir a qualquer momento, um tipo de indústria de extrema periculosidade. Além disso, temos uma quantidade de ação bem diferenciada, com diversas sequências”, explica Afonso Poyart, diretor artístico da série. “A PLT-137 é diferente de toda plataforma existente no Brasil. A equipe de efeitos visuais fez um modelo 3D extremamente realista, trabalhou por meses nele criando detalhes incríveis. Tudo que temos de shots, cenas mais abertas, aéreas, é totalmente 3D”, detalha.

Quando o projeto começou, tudo que a equipe possuía eram as referências levadas pelo próprio Poyart. A equipe visitou uma plataforma real, estudou a planta e contou com a consultoria de um engenheiro especializado. Já a cenografia projetou toda a parte habitada. Assim nasceu a PLT-137, a réplica de uma plataforma de exploração de petróleo de quase 3.000m² erguida nos Estúdios Globo, que concentrou quase 60% das cenas da primeira temporada de "Ilha de Ferro".   

Para as cenas do interior da embarcação, foi construído um cenário de 315m² em estúdio. No local estavam montados os camarotes da tripulação, as salas de controle, a enfermaria e áreas de lazer dos petroleiros. As equipes conseguiram tornar real a PLT-137 de uma maneira extremamente realista. Com todos os detalhes descritos meticulosamente por Adriana e Max, e com a certeza de que o público não conseguirá identificar quando se trata de computação gráfica e quando se trata de cenário.

Este mesmo trabalho é realizado com o departamento de efeitos especiais, os chamados efeitos físicos. Um dos exemplos é a queda de helicóptero, que será mostrada no primeiro capítulo. Mas não são apenas às cenas de ação e aventura que a computação gráfica se destina. Os efeitos foram utilizados também para ilustrar as cenas de surrealismo que dão aos personagens um background psicológico. “Queria ilustrar esse sentimento de forma visual. Leona, por exemplo, quando se sente sozinha, bebe e dança, e, com a ajuda da tecnologia, a câmera capta esse universo. Nesse momento, ela é um pouco diva, com uma inspiração retrô, meio anos 60”, diz Afonso. Já Dante tem um trauma: o acidente com o irmão. “Toda hora ele sonha com Bruno e carrega essa culpa de ter deixado o irmão em coma. Vira e mexe ele sonha com água, que está se afogando e que o irmão está afogado. Esses momentos são retratados com a ajuda dos Efeitos”, esclarece Poyart.

Uma superprodução que mistura ação, drama, aventura e romance em uma história cheia de adrenalina e emoções inflamáveis. "Ilha de Ferro" é criada e escrita por Max Mallmann e Adriana Lunardi, com supervisão de Mauro Wilson, e tem direção artística e geral de Afonso Poyart, e direção de Roberta Richard e Guga Sander. A obra vai ao ar a partir do dia 09 de agosto, às segundas e quartas após ‘Império’; às terças depois de "The Masked Singer Brasil"; às quintas na sequência de "Sob Pressão"; e às sextas após "Globo Repórter".


Como você define o Dante?
Cauã Reymond  - O Dante é um cara extremamente mal-humorado, que gosta mais de estar na plataforma do que em terra. Ele tem uma relação extremamente conflituosa com a esposa, Leona (Sophie Charlotte), e também se envolve com a personagem da Júlia (Maria Casadevall), começando aí um triângulo amoroso. O Dante também tem uma relação de muito amor com o irmão, Bruno (Klebber Toledo), mas essa relação se quebra muito rápido. Dante é um personagem muito forte, que não tem uma vida fácil, mas que não tem medo da vida.
 

Fale sobre a relação do Dante com a Leona e o Bruno.
Cauã Reymond  - A relação do Dante com a Leona e com o Buno já parte de uma traição de ambas as partes, tanto do Bruno quanto da Leona. As duas pessoas que naquele momento ele mais ama e estão mais próximas a ele, são justamente as pessoas que o traem.
 

De onde você acha que vem a agressividade do Dante?
Cauã Reymond  - A agressividade e a revolta do Dante vêm do fato de ele ser um cara que provavelmente não recebeu amor, não recebeu afeto na infância. Ele não sabe direito o que é isso, até porque na relação com a Leona eles não frequentam esse lugar. O Dante construiu o caminho dele por conta própria, e no meio dessa estrada levou o irmão e o ajudou. Acho que ele tem muita facilidade em lidar com as dificuldades e os perigos do trabalho, mas a questão do amor e do afeto deixa ele muito inseguro. Ele não sabe direito como lidar porque nunca teve isso.
 

Como foi a sua preparação para esse trabalho?
Cauã Reymond  - Fiz cursos que são necessários para que a gente possa pisar em uma plataforma. Além disso, construí o Dante junto com a Ana Kfouri, que foi nossa preparadora de elenco e fez um trabalho muito bonito, criando uma proximidade entre os atores. As conversas com o diretor Afonso Poyart também me ajudaram muito.
 

Qual o maior desafio que o Dante te trouxe?
Cauã Reymond  - Acho que foi encontrar esse lugar de mau humor constante que ele tem, e de como é essa sensação de você gostar mais de estar no trabalho do que de estar em casa. Eu amo o meu trabalho, estou sempre envolvido em vários projetos, mas desde que a minha filha nasceu eu gosto mais de estar em casa. Gosto de buscá-la na escola, aproveitar esses momentos, o que eu acho que inclusive me fortalece e me torna um ator melhor, porque presto atenção em coisas que eu não prestava. O Dante me proporcionou esse desafio de estar numa energia muito densa durante muito tempo.

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