quinta-feira, 29 de julho de 2021

.: Diário de uma boneca de plástico: 29 de julho de 2021



Querido diário,

Em tempos que vemos no alto poder um ser com total indiferença ao sofrimento alheio, preocupando-se somente em esconder as próprias canalhices para debaixo do tapete, mantendo o ciclo vicioso de agir: criar e dissipar fake news. Há um fato inegável e em pleno curso. A morte, em 2021, mantém o trabalho a todo vapor. 

É chocante logar no Facebook e ver tantas postagens de despedidas.

Ontem, foi o enterro da prima Beth, que há alguns anos sofria de um mal nos pulmões. Faleceu no mesmo dia do ator e dublador Orlando Drummond, de 101 anos...

Não! A morte dela não foi o folclore criado na mente de alguns papagaios que repetem: "estão morrendo de causas naturais e estão contabilizando como Covid para inflar os dados". A despedida dela teve direito a presença de alguns familiares, inclusive.

Por outro lado, analisando todo o cenário, que criou tanta sensibilidade em quem perdeu pessoas conhecidas e próximas, a "morte natural" tornou-se ainda mais assustadora. Fica o baque. 

Quem eu costumava encontrar no mercado às quarta-feiras com o marido, meu primo, também morreu após lutar por anos.

De modo assombroso, ela se juntou aos vários amigos perdidos por falta de vacina e até incentivo a não vacinação. 

Uma morte natural unida a tantas que a Covid levou, infla o sentimento de vazio.

E lá se foi mais uma das poucas pessoas que eu tinha contato no WhatsApp.

Beijinhos pink cintilantes e até amanhã,

Donatella Fisherburg

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