Recentemente, as autoras Bila Sorj e Verônica Toste participaram do lançamento virtual do livro "Clássicas do Pensamento Social" na livraria Gato Sem Rabo. Situada no centro de São Paulo, a loja aprecia e distribui escritos de mulheres, sendo elas também o centro do debate. O encontro aconteceu no canal do YouTube da livraria e marcou um momento importante.
O livro é uma coletânea de textos de oito pensadoras, de diferentes localidades, entre os séculos XIX e XX, que obtiveram nenhuma ou pouca circulação no Brasil. "Clássicas do Pensamento Social" responde, em primeiro lugar, a uma necessidade histórica: recuperar para o cânone das ciências sociais as ideias, a visão crítica e as elaborações teóricas de mulheres que não entraram para a história do pensamento social, cuja bibliografia, como acontece em tantas outras áreas de saber, é formada apenas por homens.
Em provocação (e certa ironia), as organizadoras Bila Sorj e Verônica Toste tecem comentários e, ao mesmo tempo, questionam o que define um “clássico”, retirando da marginalidade mulheres cientistas sociais ainda hoje muito relevantes. As autoras retomadas em "Clássicas do Pensamento Social" - Harriet Martineau, Anna Julia Cooper, Pandita Ramabai Sarasvati, Charlotte Perkins Gilman, Olive Schreiner, Alexandra Kollontai, Ercília Nogueira Cobra e Alfonsina Storni - viveram entre o final do século XIX e o início do século XX.
São herdeiras dos ideais das mulheres que estiveram na revolução francesa lutando por cidadania e que foram precursoras das sufragistas, que conquistaram o direito ao voto. "Clássicas do Pensamento Social" exerce com maestria uma espécie de arqueologia epistêmica dessas mulheres que, mesmo atuando na periferia do saber, conseguiram enfrentar os imensos obstáculos de seu tempo, mas ficaram à margem.
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