Como construir um inimigo? Umberto Eco defendia, em seus escritos, a a ideia de que nações precisam de um inimigo e, caso não o tenha, deve inventá-lo, como mecanismo de definição de identidade e valores. “Construir o inimigo e outros escritos ocasionais” traz ensaios preciosos de Eco, além de de trabalhos que vemos refletido em sua obra de ficção e até mesmo resenhas indignadas de Ulisses, de James Joyce. Já nas livrarias
Ler Umberto Eco se faz cada vez mais fundamental. Não somente sua obra ficcional e seus ensaios publicados ainda em vida, mas também coletâneas como essa, que reúnem textos do italiano em torno de temas que trazem à luz, de forma ainda mais elucidativa, como funcionava, por assim dizer, o pensamento do escritor. Neste livro, ele explora as raízes da civilização, as mudanças nos ideais de beleza, nossa obsessão por conspirações e os heróis emblemáticos das grandes narrativas, entre outros assuntos. É fácil fazer conexões entre o que se apresenta como teoria, ensaio, e o que Eco escreveu na ficção, em mundos fantásticos e passeios históricos. Por isso, torna-se cada vez mais fundamental, aprofundar-se e mergulhar em sua mente fascinante.
Em "Construir o inimigo e outros escritos ocasionais", uma reunião de ensaios sobre arte e cultura, Umberto Eco fala sobre a nossa necessidade de ter — ou, se necessário, inventar — um inimigo.
“Ter um inimigo é importante não somente para definir a nossa identidade, mas também para encontrar o obstáculo em relação ao qual medir nosso sistema de valores e mostrar, no confronto, o nosso próprio valor. Portanto, quando o inimigo não existe, é preciso construí-lo”, afirma Eco. A situação mundial do nosso tempo, marcada por uma polarização política feroz, revela como é oportuno e inevitável conhecer os mecanismos que levam os homens a identificar sempre novos adversários.
Em ensaios de extraordinária relevância, Umberto Eco reflete sobre a nossa necessidade de ter, sempre e em qualquer caso, um inimigo a atacar: seja nas invectivas dos oratórios antigos, na brilhante digressão literária que atravessa a Ilíada, nos romances de James Bond, na caça às bruxas, na propaganda de guerra do passado ou nos populismos do presente.
Construir o inimigo e outros escritos ocasionais aborda tópicos sobre os quais Umberto Eco escreveu e palestrou em seus últimos anos: a ideia de que todo país precisa de um inimigo — e, na sua ausência, deve inventá-lo —; discussões sobre temas que inspiraram seus primeiros romances, levando-nos, ao longo do processo, a explorar ilhas perdidas, reinos míticos e o mundo medieval; resenhas indignadas a respeitos de Ulisses, de James Joyce, e de jornalistas fascistas das décadas de 1930 e 1940; uma análise das noções de Santo Tomás de Aquino sobre a alma dos que ainda não nasceram; e muitos outros temas, como censura, violência e o WikiLeaks.
Sobre o autor: Umberto Eco (Alexandria, 1932 − Milão, 2016) foi filósofo, medievalista, semiólogo, crítico literário e midiólogo. Estreou na ficção narrativa com O nome da rosa, seguido de O pêndulo de Foucault, A ilha do dia anterior, Baudolino, A misteriosa chama da rainha Loana, O cemitério de Praga e Número zero. Entre suas numerosas obras ensaísticas (acadêmicas ou não), recordamos: Tratado geral de semiótica, Os limites da interpretação, Kant e o ornitorrinco, Da árvore ao labirinto, Quase a mesma coisa e A definição da arte. Publicou os volumes ilustrados História da beleza, História da feiura, A vertigem das listas e História das terras e lugares lendários. Reconhecido como um dos mais importantes escritores e pensadores dos últimos tempos, grande parte da sua obra se encontra publicada no Brasil pela Editora Record. Você pode comprar o livro "Construir o inimigo e outros escritos ocasionais", aqui: amzn.to/34xlyMj
Livro: Construir o inimigo e outros escritos ocasionais (Construire il nemico e altri scritti occasionali)
Autor: Umberto Eco
Trad. Eliana Aguiar
240 págs.
Ed. Record | Grupo Editorial Record: blogdaeditorarecord.com.br
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