sábado, 8 de maio de 2021

.: "Terra Medeia", de Sara Stridsberg, estreia dia 22 pela Plataforma Teatro


Espetáculo é uma continuação de parceria artística entre artistas brasileiros e suecos que começou no bem sucedido Dissecar uma Nevasca. Foto: João Caldas 

Com direção da sueca Bim de Verdier (que assina a tradução ao lado de Nestor Correia), o texto "Terra Medeia", da também sueca Sara Stridsberg, ganha montagem online a partir de 22 de maio. A atriz Nicole Cordery vive a personagem-título e é acompanhada pelos atores André Guerreiro Lopes, Bim de Verdier, Daniel Ortega, Renato Caldas e Rita Grillo. 

O espetáculo acontece ao vivo e os atores se dividem entre Brasil, França e Suécia. Nicole Cordery e Renato Caldas estão em cena no estúdio de João Caldas, renomado fotógrafo de teatro, localizado no bairro de Perdizes, em São Paulo, que neste momento também assina a direção de arte e as filmagens. Bim de Verdier faz o espetáculo da Suécia, Rita Grillo da França e André Guerreiro Lopes e Daniel Ortega e de suas casas no Brasil. 

Em "Terra Medeia", a autora Sara Stridsberg acompanha de perto a tragédia clássica escrita por Eurípedes há quase 2500 anos. No entanto, o mito antigo é situado no mundo contemporâneo e, ainda assim, fora de tempo e espaço. Nesse enredo, onde a realidade se mistura com o sonho, Medeia é uma imigrante que, abandonada por seu marido, também perde o direito de viver no país dele. 

A ideia do projeto surgiu do bem sucedido espetáculo da mesma autora que aconteceu em 2015: Dissecar uma Nevasca. Com o bom recebimento do público e crítica, as idealizadoras Bim de Verdier e Nicole Cordery decidiram fazer mais um trabalho juntas, da mesma dramaturga e com a mesma equipe. “Tivemos um desejo de entrar de novo num mundo criado por Sara Stridsberg, de trabalhar outra vez com as palavras, imagens e personagens dela”, conta Bim. 

Sara Stridsberg é uma escritora e dramaturga sueca multipremiada, que alcançou repercussão internacional. Seus textos são traduzidos em mais de 25 idiomas. Em seus romances e peças teatrais, Sara trata de mulheres em luta por sua liberdade e contra as condições que a sociedade impõe. Suas histórias abraçam questões existenciais, psicológicas e políticas, convidando o leitor/espectador a examinar os temas de múltiplas perspectivas.

"Terra Medeia" foi escrita originalmente para o Teatro Nacional da Suécia, onde estreou em 2009. “Estudamos vários textos e já há alguns anos havíamos considerado uma encenação de Terra Medeia, quando nos foi pedida uma proposta de peça sueca para montar em São Paulo. Naquela época escolhi Dissecar uma Nevasca, porque tive a maior resistência em mergulhar no mundo cruel de Medeia. Mas os tempos mudam e a escolha do espetáculo é algo que fazemos em diálogo com o que se passa no mundo em volta: Quem conta o quê e como para quem? Da necessidade de levar questões candentes para o palco surgiu a coragem de acompanhar a viagem da Medeia”, conta Bim, que avança: 

“Fiz a proposta para Nicole que não tardou em aceitar. Já estávamos com ensaios presenciais agendados, quando chegou a pandemia. Eu tive outro período de resistência, os obstáculos pareciam intransponíveis, mas Nicole aplicou o projeto para a Lei Aldir Blanc, no eixo Premiação (47/2020) e recebeu a verba que possibilita o privilégio de estarmos juntos novamente. Todas as etapas desse projeto foram discutidas e contempladas por mim e Nicole juntas e é graças à premiação, estamos conseguindo realizar a encenação dessa história", explica.

A peça ilustra como alguém rejeitado no amor e na sociedade pode perder o chão e se tornar perigoso. 'Medeia' faz de tudo para encontrar alguma solução. Ela se revolta, quer justiça, chora e esperneia, exige sua vida de volta. Ela quer fugir do destino, mas alguém tem que ser Medeia. 'Medeia' é sempre 'Medeia', diz Bim. 

A autora não escreve sobre pessoas extremas, mas sobre pessoas sensíveis em situações extremas. Medeia é uma entre nós. Nessa condição podemos nos encontrar. “Eu quero criar personagens rodeados de mundos inteiros. Somos soberanos e presos, intelectuais e perdidos, tudo ao mesmo tempo”, conta a dramaturga Sara Stridsberg. A atriz Nicole Cordery fala sobre a urgência de colocar a personagem nos dias de hoje.“Estamos vivendo tempos trágicos. Não é por acaso que muitos artistas no mundo todo estão se voltando para as tragédias gregas. Aprendemos com elas. As pessoas precisam se reunir, mesmo que de forma virtual, para chorar seus mortos, para lamentar seus destinos. Tem uma fala da peça que diz: 'Você vai ser lembrada no futuro. Vão lembrar de Medeia. Você continuará sendo o fogo e a ferida'”. E é impressionante como Medeia virou um símbolo da mulher no limite de sua humanidade. É uma personagem complexa. Mas pela ótica de Sara, extremamente humana.

Bim complementa: "A base da história é mítica, mas o mundo atual traz questões candentes que tornam urgente colocar Medeia no aqui e agora. Terra Medeia pode ser vista como um pesadelo, não só de uma mulher, mas da Terra inteira. É uma tragédia que conta sobre a própria Terra e sobre a sociedade, que não oferece proteção para quem está em perigo e busca refúgio. Um mundo onde o mais frágil e o mais valioso pode ser sacrificado e descartado”, conclui.


Ficha técnica 
Espetáculo:
 "Terra Medeia"
Texto:
Sara Stridsberg
Tradução: Bim de Verdier e Nestor Correia
Direção: Bim de Verdier
Elenco: André Guerreiro Lopes, Bim de Verdier, Daniel Ortega, Nicole Cordery, Renato Caldas e Rita Grillo.
Direção de arte, fotografias e filmagens: João Caldas
Equipe de captação de imagens, edições e transmissão: Marcela Horta, João Caldas e Andréia Machado
Operação de vídeos ao vivo: Marcela Horta
Contrarregra: Madu Arakaki
Composição original de trilha sonora: Leo Correia de Verdier
Direção de produção: Selene Marinho
Produção executiva: Marcela Horta
Designer gráfico: Leonardo Miranda
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Produção: SM Arte Cultura / Cordery e Viana Produções Artísticas
Consultoria de figurino: Julia Correia de Verdier
Execução vestidos 'Medeia': Flávio Mothé
Participação especial (Voz da Princesa): Anna Zepa
Consultoria em Áudio: Alexandre Martins


Serviço
Espetáculo:
 "Terra Medeia"
Estreia 22 de maio, 17h.
Temporada 22 de maio a 13 de junho, sábados e domingos, às 17h.
Retirada de ingressos e transmissão pelo site Pataforma Teatro: www.plataformateatro.com
Ingressos gratuitos.
Duração: 80 minutos.
Classificação indicativa: 14 anos. 


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