domingo, 23 de maio de 2021

.: "O Último Gozo do Mundo", de Bernardo Carvalho: distopia e manifesto


Décimo terceiro romance do autor traz a história de uma professora de sociologia que vê seu casamento desmoronar pouco antes do início de uma pandemia global. Uma distopia com ares de fábula e manifesto.

As distâncias e os pontos de contato entre o pessoal e o coletivo, entre a narrativa individual e a histórica, ocupam o centro de "O Último Gozo do Mundo", décimo terceiro livro de Bernardo Carvalho publicado pela Companhia das Letras, chega às livrarias. Presa de um tempo em que “a leitura do mundo tornou-se descontínua e episódica”, a protagonista desta novela parte, com o filho pequeno, numa jornada para um retiro no interior profundo do Brasil. Lá, mora um homem que passa a prever o futuro depois de ter sobrevivido ao vírus ameaçador.

Entre lembranças obliteradas, encontros e desencontros e vidas até então previsíveis modificadas radicalmente, um rastro de perplexidade e de perguntas sem respostas vai sendo deixado para trás, numa narrativa enigmática, eletrizante e que se torna mais e mais perturbadora. Podemos distinguir as causas dos efeitos? Como damos sentido a uma narrativa? O que restou de humanidade num Brasil dominado pela morte? Podemos ter um projeto comum de futuro sem um relato coerente do passado?

Bernardo Carvalho nasceu em 1960, no Rio de Janeiro. Publicou o volume de contos "Aberração" e os romances "Onze", "Os Bêbados e os Sonâmbulos", "Teatro", "As Iniciais", "Medo de Sade", "Mongólia", "Nove Noites", "O Sol se Põe em São Paulo", "O Filho da Mãe", "Reprodução" e "Simpatia pelo Demônio", todos lançados pela Companhia das Letras.

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