segunda-feira, 17 de maio de 2021

.: Eva Wilma eterna: a trajetória brilhante de uma atriz inesquecível


Eva Wilma será sempre lembrada pelo talento com que defendia grandes personagens, mas também pelo ser humano gigantesco que era. Foto: Globo

“Oxente, my God!”
e “Tudo all right”. Quem não se lembra desses bordões tão famosos e entoados por uma das Damas da TV brasileira, Eva Wilma? A atriz, dona de diversos sucessos e muito querida por todos os colegas de profissão, nos deixou na noite do último sábado, dia 15, em São Paulo, em decorrência de complicações por conta de um câncer de ovário. A atriz tinha 87 anos e deixa dois filhos e cinco netos.  

Depois de uma carreira de sucesso na TV Tupi, estreou na Globo em 1980 na novela "Plumas e Paetês". Ao longo de sua trajetória na emissora, viveu personagens marcantes em novelas de Silvio de Abreu e Aguinaldo Silva, como "Sassaricando" e "A Indomada". O último trabalho de Eva Wilma na televisão foi a novela "O Tempo Não Para". 

“A expressão artística tem uma ligação com a divindade. A matéria-prima do ator, além do físico, é a imaginação. Essa criatividade está dentro e fora. Acho que tem um dedinho de Deus no meio disso”, disse em depoimento ao Memória Globo. Filha de um alemão com uma portenha de origem russa, Eva Wilma Riefle Buckup nasceu em São Paulo em 1933. 

Criada em um ambiente rígido, Eva Wilma teve uma formação cultural sólida e, desde cedo, já fazia aulas de canto e de piano e se aventurou no teatro com a mesma disciplina que conquistou, aos 19 anos, uma das disputadas vagas para o Ballet do IV Centenário de São Paulo, em 1953, mesmo ano em que foi convidada a entrar para o Teatro de Arena. Em 1955, ao se casar com o ator John Herbert, acrescentou o Buckup ao sobrenome. Separaram-se em 1977 e, em 1980, casou-se com o ator Carlos Zara, com quem ficou casada até 2002, quando ele faleceu. 

Do Teatro de Arena, Eva Wilma seguiu para a TV Tupi, onde foi estrela de muitas novelas nos anos 1970. Entre elas ‘Alô Doçura’, ‘Meu Pé de Laranja Lima’ (1971) e a primeira versão da novela ‘Mulheres de Areia’ (1973), como as gêmeas Ruth e Raquel. Nos anos 1980, entrou para a Globo, onde interpretou mocinhas e vilãs, sendo as mais marcantes a Dra. Martha, do seriado ‘Mulher’ (1998/1999); e a perversa Altiva, de ‘A Indomada’ (1997). A vilã de Aguinaldo Silva conquistou o público, e o trabalho lhe rendeu vários prêmios, entre eles o de Melhor Atriz da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA).  

Na emissora, fez ainda as novelas "Ciranda de Pedra" (1981), "Guerra dos Sexos", "De Quina Para a Lua" (1985), "Sassaricando" (1987), "Pedra sobre Pedra" (1992), "O Rei do Gado" (1996), "Verdades Secretas" (2015) e "O Tempo Não Para" (2018). Outro marco da carreira da atriz foi a Dra. Martha do seriado "Mulher" (1998/1999). O programa, que recebeu o prêmio da APCA de Melhor Programa de TV, se passava em uma clínica especializada no atendimento a mulheres para narrar aventuras e desventuras do universo feminino. 

Apesar da sua atuação contínua na TV, a atriz nunca abandonou o teatro. Entre 1994 e 1996, trabalhou ao lado de Eliane Giardini na peça "Querida Mamãe", de Maria Adelaide Amaral, com direção de José Wilker, que lhe rendeu os prêmios Molière e Sharp, em 1994, e o Prêmio Shell, em 1995. Em 2000, recebeu a Medalha Machado de Assis, conferida pela Academia Brasileira de Letras por serviços prestados à Cultura Brasileira. No cinema, se destacou no papel de Luciana, em São Paulo S.A. (1965), de Luiz Sérgio Person, um marco da cinematografia brasileira.

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