Segundo espetáculo da trilogia "Madame", da Nossa Companhia, "Codinome Madame" revisita obras de poetas como Rimbaud, Brecht, Goethe, Clarice Lispector, Oscar Wilde e Fernando Pessoa. Fotos: João Valério
Imagine o Brasil 20 anos à frente. Em um futuro distópico, a liberdade de expressão é controlada com mãos de ferro, o estado laico não existe e os artistas foram banidos da sociedade. Nesse contexto, qualquer manifestação artística é calada, mas a arte resiste e busca lacunas para respirar. Esta é a premissa de "Codinome Madame", segundo espetáculo da trilogia "Madame" da Nossa Companhia que estreia em 15 de maio e cumpre temporada online até 31 de maio, de sábado a segunda.
Com texto e direção de Tati Bueno, codireção de André Grecco e atuação de Bia Toledo, "Codinome Madame" conta a saga de Madame, uma ex-atriz que acolheu artistas perseguidos, recolheu obras de artes, instrumentos musicais e livros e passou a viver clandestinamente. Com uma proposta imersiva, o espectador é convidado a entrar no universo da peça antes mesmo do espetáculo começar. Para assistir, o público deve fazer um cadastro com um codinome no site #codinomemadame, onde notícias contextualizam o futuro distópico no qual a peça se passa.
O link da transmissão será enviado pelo WhastApp cadastrado. Além disso, durante a semana que antecederá a apresentação os convidados receberão “notícias” deste futuro distópico. Ao acessarem o link da transmissão, a atmosfera estará criada. "Codinome Madame" foca nos desdobramentos emocionais da protagonista e conduz o espectador pelos caminhos tortuosos da memória da personagem.
“Quando começamos a trabalhar no texto o país passava por um processo de desvalorização da cultura e identificamos convergências com os períodos do pós primeira guerra e da ditadura. Começamos a imaginar para onde estávamos caminhando. Não acreditamos que esta seja uma realidade irreversível, mas é um processo que precisamos colocar em discussão”, diz a dramaturga Tati Bueno. “Vivemos em uma sociedade doente onde todos os valores estão, de alguma maneira, invertidos. A empatia é artigo raro. Esse caos todo foi causado por nós mesmos. Como vamos remediar toda essa desgraça? Não temos uma resposta, só podemos te convidar a refletir sobre como funciona a sociedade e te encorajar a mudar”, completa Bia Toledo.
O espetáculo revisita obras de poetas como Rimbaud, Brecht, Goethe, Clarice Lispector, Oscar Wilde, Fernando Pessoa, entre outros, evidenciando que as artes colaboram com a construção da memória coletiva e a história de um povo. Na jornada de Madame, é possível acompanhar o seu renascimento, ou o ressurgimento da arte, como um respiro em meio ao caos.
Tanto artistas como amantes da arte encontram espaço para manter vivo o teatro, a música, a poesia, as liberdades, nos dando a oportunidade de refletir sobre nossa relação com a arte e como ela é necessária. “A peça é, para mim, a elaboração simbólica de tempos sombrios, nos quais se revela a crueldade humana e, ao mesmo tempo, encontra-se a urgência da vida, que há algum tempo está guardada em caixas com instrumentos musicais calados”, diz André Grecco.
Destaque, ainda, para a equipe de criação artística, o Cenário do Chris Aizner, deixa a alvenaria a mostra, exposta a nossa bandeira chamada Cortina de Boca, que chama por toda pintura, todo grafite, todo rabisco que preenche hoje qualquer página em branco, qualquer muro em qualquer lugar. A preparação da atriz foi feita sob o olhar cuidadoso de Inês Aranha e Jéssica Areias.
A trilha sonora, dirigida por Felipe Antunes, toda baseada em metais, sem nenhum outro instrumento de apoio, foi executado apenas com trombone, bombardino e tuba, pelo músico por Allan Abbadia, que também assina a assistência de direção musical. "Trabalhou-se com a sensação da forja. Do metal forjado, do fogo, da ilusão de um instrumento que pode parecer outro", afirma Felipe. O tratamento final da trilha ficou por conta de Fábio Sá.
O processo de "Codinome Madame" começou em abril de 2019, ou seja, muito antes do isolamento social imposto pela pandemia. Mas o texto aborda os efeitos desse confinamento na saúde mental e, no caso de Madame, a arte que tem salvado muita gente, está proibida.
Sinopse do espetáculo
"Codinome Madame", trata de um futuro distópico, sem ócio, sem cio, sem ar, no qual a arte foi abolida, a personagem busca forças para brotar de onde teve que encerrar-se há 20 anos, um espaço de arte desativado, que ainda guarda o cheiro de lembranças muito vivas. Madame revisita suas histórias que contracenam com a história de seu país.
Sobre a Nossa Companhia
A Nossa Companhia é um coletivo de teatro aberto, um organismo fluido, que busca refletir de forma criativa os caminhos da nossa sociedade. Fundada em 2013, reuniu artistas com longas trajetórias individuais e objetivos em comum. Hoje sediada no Alvenaria Espaço Cultural, na capital paulista, tem como integrantes Alexandra DaMatta, André Grecco, Bia Toledo e Tati Bueno. A Nossa Companhia tem como propósito fundamental desenvolver uma dramaturgia própria.
No atual trabalho, a trilogia "Madame", a força do universo feminino entra em cena. "Madame e a Faca Cega" é o primeiro espetáculo da trilogia. O trabalho teve sua primeira apresentação em março de 2021 na MoMo, a Mostra de Monólogos do Alvenaria e estreia em temporada em abril do mesmo ano. A segunda peça da trilogia, "Codinome Madame", com estreia em maio de 2021, se passa em um futuro distópico onde a arte foi proibida e uma atriz passa anos enclausurada para se proteger e proteger toda a arte que conseguiu guardar. A terceira peça está em fase de pesquisa dramatúrgica.
Serviço
Espetáculo: "Codinome Madame"
Sábado a segunda, de 15 a 31 de maio, às 21h.
Gratuito.
Ingressos: cadastro pelo site #codinomemadame: https://sites.google.com/view/codinomemadame
Transmissão: o link será enviado por WhatsApp aos espectadores cadastrados
Ficha técnica
Espetáculo: "Codinome Madame"
Concepção: Bia Toledo e Tati Bueno
Dramaturgia: Tati Bueno
Codireção: André Grecco e Tati Bueno
Atuação: Bia Toledo
Preparação de elenco: Inês Aranha
Preparação vocal: Jessica Areias
Direção musical: Felipe Antunes
Assistente de direção musical, trombone, bombardino e tuba: Allan Abbadia
Edição e mixagem: Fábio Sá
Cenário, figurino e ilustrações: Chris Aizner
Designer gráfico: Adriana Alves
Costureira: Judite de Lima
Cenotécnico: Fernando Lemos
Acessórios: Carol Tasca
Direção de fotografia: Nara Ferriani
Desenho de luz: André Grecco e Tati Bueno
Operação de luz: Samya Peruchi
Captação de áudio e operação de som: Cecília Lüzs
Coordenação de comunicação: Dimalice Nunes
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Fotos: João Valério
Direção de produção: MB Produções Artísticas
Produção executiva: Beatriz Passeti e Camila Pontremoli
Realização: Nossa Companhia.
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