segunda-feira, 19 de abril de 2021

.: Histórias de relacionamentos entre mulheres e presos vira peça de teatro


Até o dia 20 abril estará em cartaz o monólogo teatral “Cartas da Prisão”. A peça apresenta a evolução da história de amor via correspondência entre uma mulher de 42 anos e um assassino em série. O espetáculo será exibido às segundas e terças-feiras a partir das 20h, por meio do YouTube (Youtube/ProjetoAMeiaLuz).  A peça foi idealizada pela atriz Chica Portugal em parceria com a dramaturga e roteirista Nanna de Castro e direção de Bruno Kott.

Relacionamentos amorosos com homens em cárcere é tema do espetáculo teatral "Cartas da Prisão", monólogo inspirado em histórias reais. Enredo mostra as nuances da história vivida entre “M” e um presidiário que assassinou mais de 40 mulheres.  Fragmentos de situações abusivas apresentadas pelo olhar de mulheres com diferentes perfis também são exibidas


Últimos dias

Até a próxima terça, dia 20 de abril, segue em cartaz a peça "Cartas da Prisão", idealizada pela atriz Chica Portugal em parceria com a dramaturga e roteirista Nanna de Castro e direção de Bruno Kott. O espetáculo será exibido às segundas e terças-feiras a partir das 20h, por meio do Youtube (Youtube/ProjetoAMeiaLuz). O projeto foi contemplado pela Lei Aldir Blanc e apresenta através de formato híbrido - entre vídeo documental e teatro - a evolução da história de amor via correspondência entre uma mulher de 42 anos e um assassino em série.

A leitura das cartas e o enredo da peça mesclam histórias reais e fictícias sobre violência doméstica e relacionamentos abusivos, revelados com intuito de levar o público à reflexão. A peça é conduzida por Rita, uma atriz-performer interpretada por Chica Portugal. Ao final de cada espetáculo o público será convidado para participar de um bate-papo (via zoom) com a equipe da peça. O projeto também terá lives com especialistas sobre relações abusivas e masculinidade tóxica.

Ao longo da peça, o público acompanhará a evolução do relacionamento de “M” e o desgaste da relação entre Rita e sua mãe, até que as histórias se tornam cada vez mais parecidas. Rita também traz para a cena depoimentos reais de mulheres que viveram experiências amorosas com abusadores, além de materiais diversos sobre o tema.

Relações abusivas
Na colcha de retalhos que vai se formando entre todas as histórias a personagem leva ao entendimento dos possíveis tipos de situações abusivas que podem ser vivenciadas – física, moral, psicológica, sexual ou patrimonial – e como essa realidade é comum na vida de mulheres de diversas classes sociais e raças. Segundo estimativa realizada pela Organização das Nações Unidas (ONU) Mulheres, de junho de 2019 a junho de 2020 mais de 240 milhões de mulheres e adolescentes de 15 a 49 anos de todo o mundo foram vítimas de violência sexual e/ou física por um parceiro.

“Abracei o desafio deste projeto com a satisfação especial de falar sobre um tema que conheci de perto: o abuso. Muitas mulheres da minha geração sequer sabiam que estavam vivendo agressões psicológicas e, ainda hoje, muitas de nós normatizam relacionamentos abusivos. É comum acharmos que esta história é da outra, e não nossa. Dentre as facetas das relações abusivas, sempre me intrigou as mulheres que se correspondem com criminosos sexuais confessos na prisão. É comum que assassinos recebam centenas de cartas de amor de mulheres que os conhecem apenas pelo noticiário. É como se o abuso fosse não apenas aceito, perdoado, mas acolhido. Não quero e não posso julgar estas mulheres, apenas convidar o público a partir desta situação extrema e refletir sobre nossa convivência com a violência e o desrespeito não apenas no nível pessoal, mas social”, ressalta Nanna de Castro, idealizadora do roteiro.

O ponto de partida do trabalho foi a pesquisa iniciada em 2018 pela atriz Chica Portugal sobre relações afetivas abusivas. O processo seguiu com a criação de um texto pela dramaturga e roteirista Nanna de Castro que rompe propositalmente o limite entre realidade e ficção transitando entre depoimentos verdadeiros e fictícios, entre o noticiário e o poético. Obras como “Mulheres que Amam Demais” (Robin Norwood) e “Loucas de Amor” (Gilmar Mendes) foram usadas como material de apoio para a elaboração do roteiro.
 

A arte como expressão
Sobre este texto, o diretor Bruno Kott fez sua leitura inspirado na linguagem documental e comenta “A arte antes de tudo, é o exercício de democracia. O teatro sempre me traz oportunidades de aprendizado. 'Cartas da Prisão' é um exemplo disso. Colaborar para que esta história seja contada me faz exercitar o meu ofício, minha escuta, potencializar discursos, e rever o meu papel no mundo”, enfatiza.

A pesquisa de Chica Portugal deu origem ao “Projeto À Meia Luz”, que oferece informações e propostas em diferentes frentes artísticas para a conscientização a respeito de assuntos ligados a violência doméstica, com ênfase em relacionamentos abusivos. Em 2020, Chica iniciou uma pesquisa sobre Narcisismo Perverso, trata-se da escala de um degrau na complexidade das histórias de abuso nas relações. “Nem todo abusador é um narcisista, mas todo narcisista é um abusador. Em 'Cartas da Prisão’ buscamos trazer de forma sutil os diversos tipos de abuso presente nas relações e, junto a isso, refletir os paralelos do que nos condiciona a manter esse tipo de relação”, finaliza Chica Portugal.


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