quarta-feira, 21 de abril de 2021

.: Entrevista com Caio Afiune, eliminado do "Big Brother": "Faria tudo novamente"


Eliminado do "Big Brother Brasil", Caio Afiune comenta a trajetória no reality show. Foto: João Cotta

Muitos foram os desafios que cercaram a trajetória de Caio Afiune na 21ª edição do "Big Brother Brasil": a saudade da família, uma lesão no pé que precisou ser imobilizado e novidades que não faziam parte de seu universo como fazendeiro no interior de Goiás. Mas sua vontade de superar os obstáculos o fez permanecer no jogo até as últimas semanas. 

O integrante do grupo Pipoca - formado por anônimos - teve, durante boa parte da competição, a amizade indispensável de Rodolffo, de quem era fã antes de entrar no programa. Eliminado com 70,22% dos votos na última terça-feira, dia 20, depois de enfrentar Fiuk e Gilberto Nogueira no paredão, Caio faz um balanço positivo de sua jornada no reality e não se arrepende de seu posicionamento no game.

“Acho que a pessoa que se formou hoje veio dos erros que eu cometi lá dentro. Eu estou tão feliz com o que eu sou agora, que faria tudo novamente para estar tranquilo e consciente neste momento”, declara. Na entrevista a seguir, o ex-participante comenta sobre seus pontos-chave no programa e o que pretende fazer daqui por diante.

 
Que balanço você faz da sua participação no "Big Brother Brasil"?
Caio Afiune - Foi muito bacana eu ter conseguido entrar. Cometi erros lá dentro, mas eu me permiti errar nesse jogo porque é um jogo que eu nunca joguei. É uma experiência que traz muitas emoções e eu sou movido por elas. A gente fica restrito de informações, com emoções muito elevadas e uma pressão para a gente falar. Tudo nós temos que justificar, então tem horas que precisamos procurar motivos para falar as coisas. Em todo o contexto, eu fico feliz em saber que foi uma participação legal e que eu fui bem. 

 
Você era fã do Rodolffo e teve uma enorme surpresa ao descobrir que ele também estava no programa. A identificação foi imediata e mútua. O que essa amizade representou para você no jogo e na vida?
Caio Afiune - Eu mexo com fazenda, então tenho um lado muito sozinho durante o dia. Quando eu entrei, tinha muito medo do convívio com mais 19 pessoas que eu não conhecia. Não que eu seja bicho do mato, mas eu tinha receio das relações. Eu me perguntava como eu faria lá dentro, com quem eu iria conversar, se iriam gostar de mim ou não. Então, deu muito certo com o Rodolffo por sermos muito parecidos. Foi um prazer imenso para mim dividir esses momentos com ele, ver tudo o que ele fez por mim, o tanto que ele me ajudou... Eu pensei em sair por conta do machucado no pé e ele falava "Caio, relaxa, tenha calma". Pelo lado fã, foi uma emoção muito grande. Logo no primeiro dia – eu tinha acabado de entrar na casa – e ele estava lá. Foi uma surpresa boa demais. Eu fiquei muito feliz por ter tido essa amizade com ele lá dentro e ter saído com ela. Quando ele me entregou o boné antes de deixar a casa, eu fiquei bastante emocionado. Foi muito gratificante ter vivido isso lá dentro, com ele participando dos meus quase 100% do programa. 
 

Qual era sua estratégia para chegar o mais longe possível na disputa por R$ 1,5 milhão?
Caio Afiune - Eu tenho um jeito de não ficar indo conversar muito e resolver alguns problemas – isso é meu. E, às vezes, eu mantinha algumas relações superficiais ou até tranquilas, porém ponderadas, visando o jogo. Não que eu fosse falso. Eu respeitava, mantinha uma boa convivência por uma questão de jogo. Se fosse aqui fora mesmo, talvez eu não conviveria. Mas, como eu era obrigado a conviver com as pessoas dentro da casa, eu tinha um sentimento positivo. Não era igual com todas as pessoas, mas eu tentava manter uma boa relação até com os mais distantes de mim. Foi diferente em relação à Camilla, com quem eu tive uma aproximação natural mesmo. Não era bem uma estratégia, mas eu tentava ficar bem com todo mundo para eu estar bem. Quando eu votava nas pessoas, eu explicava os motivos, o que tinha acontecido, o que eu não tinha gostado. Por vezes acontecia de ser alguém mais distante ou que eu precisava votar para me livrar do paredão ou ajudar o Rodolffo.

 
Logo no início do programa você teve um desentendimento com a Lumena. Acredita que aquela situação te desestabilizou ou te acordou para o game, de alguma forma?
Caio Afiune - Aquele momento me assustou muito e ali eu dei uma refletida maior sobre as coisas. Tentei abrir mais a minha visão para evitar cometer certos tipos de erro, não pelo jogo, mas pela vida. Realmente deu um “start” para mim.
 

Em certo momento do jogo, ver sua família virou praticamente uma meta. Logo depois disso, você ganhou três provas do anjo seguidas. Esses momentos te fortaleceram? Qual foi a importância disso?
Caio Afiune - Foi uma mistura de dois sentimentos: o conforto em ver que estava tudo bem com a minha família – isso dá um gás para a gente – e, ao mesmo tempo, a saudade que aumenta. Era difícil vê-los ali do outro lado e controlar essa saudade.
 

Você também chamou a atenção pela sorte, que inclusive te levou a escapar de paredões na Bate e Volta. Você sempre foi sortudo ou a sorte começou no prograna? Acha que ela foi decisiva?
Caio Afiune - A sorte foi só lá no "BBB" mesmo. Se eu dependesse disso antigamente, eu estaria morto (risos). Mas, no jogo, foi um gás nos momentos em que eu precisava. No começo, com o primeiro anjo; na prova logo depois que eu machuquei o pé, com aquela situação toda. Eu não pude fazer algumas provas, mas eu pensei que, se já eu estava lá, eu ia tentar até onde eu desse conta. Então, a sorte foi decisiva para eu ganhar o anjo, ser autoimune, ganhar Bate e Volta, prova do líder.
 
 
Você acabou machucando o dedo do pé em uma das provas e precisou ficar um tempo com ele imobilizado. Como foi passar por isso dentro de uma competição? 
Caio Afiune - Foi desesperador. Primeiro, porque eu sempre busquei na minha vida fazer o meu máximo sem pedir ou depender de ninguém. Eu tenho problema para pedir coisas para as pessoas e, de uma hora para a outra, eu me vi numa situação em que eu precisava fazer isso quase que o tempo todo. Fiquei preocupado também por estar fora de algumas provas. É muito difícil estar no "Big Brother" e não participar das disputas, tentar ganhar para ver sua família, conquistar uma liderança. Ainda tinha  dor que eu sentia. Foi uma loucura.


O que te motivou a continuar no reality?
Caio Afiune - O que me motivou a continuar foi o meu objetivo de entrar, ficar longe da minha família por um tempo, para depois voltar para ela com coisas boas. Dar dois passos para trás para depois dar cinco para frente. Eu já estava lá e, se eu tinha me machucado lá, eu ia tentar superar lá dentro mesmo. Coloquei isso como meta – foi difícil amadurecer essa ideia – e tentei me agarrar a ela. E, claro, o Rodolffo me ajudou demais nesse sentido. A casa toda me ajudou muito, todo mundo teve compaixão comigo. Mas o Rodolffo estava ali do meu lado, dizendo que ia passar. Isso me deu força para vencer esse desafio.

 
Seu voto na Sarah, no paredão que a eliminou, chamou a atenção dela. A Juliette também chegou a te questionar sobre tê-la puxado num contragolpe, e não o Fiuk, que seria sua primeira opção de voto. Olhando agora para essas situações, você teria feito diferente, nessa ou em outras oportunidades de voto, se tivesse a chance? 
Caio Afiune - No decorrer do jogo, o Rodolffo era o meu segundo lugar no pódio. A Sarah era o terceiro. Eu tinha que tentar defende-lo. Eu não votei nela achando bom, não queria magoar a Sarah, muito pelo contrário. Mas eu precisava ajudar o Rodolffo, que era o cara mais próximo a mim. A Sarah, por exemplo, tinha o Gil como o mais próximo dela; e eu, o Rodolffo. O cara me deu a imunidade na primeira semana, quando eu mais precisei, esteve comigo nos momentos mais difíceis. Eu entendo a mágoa dela, mas eu tinha que tentar defender o Bastião. Na questão da Juliette, eu já havia votado nela no início para tentar escapar do paredão. Como eu já tinha dado andamento a esse caminho, eu segui por ele. Não tinha para onde ir, já que eu já havia votado nela em outras situações. Naquela hora, estava todo mundo se defendendo ali e vindo para cima de mim, então fui para o jogo.
 

Algo mudou no seu jogo ou nas suas relações dentro da casa depois da saída do Rodolffo?
Caio Afiune - Como nós estávamos muito certos e ficávamos muito juntos, quando ele saiu surgiu espaço para eu ter mais contato com outras pessoas. Aumentou a amizade, o convívio e o diálogo com mais participantes. Não que ele me travasse disso. Mas, no meu modo de ver, a gente sempre estava muito juntos, falávamos dos mesmos assuntos. Não evitávamos outras pessoas, só fluía. Se eu tivesse saído antes, ele também teria se aproximado de outras pessoas. 

 
Qual foi a sensação de ir do paredão à liderança?
Caio Afiune - Foi um sentimento de luxo, uma sensação de explosão, muito gostoso. Quando você vem de um paredão, parece que o gás é diferente, a emoção vem mais forte. Quando você está na pior situação do jogo, que é o paredão, e vai para uma boa, que é a liderança, é muito prazeroso.
 

Por que acha que foi eliminado desta vez?
Caio Afiune - Eu encarei duas torcidas, mas não acredito que tenha sido somente isso. Acho que eu posso ter cometido alguns erros de jogo. Só que é muito complicado quando você não está vendo tudo e vai tendo informações pontuais, que chegam atravessadas. No calor do momento, você vai ficando doido. Havia situações com pessoas que eu tinha amizade e acabava no meio de uma briga. Errei com algumas coisas sim e essa junção de fatores me levaram à eliminação.
 

Que aprendizados o "Big Brother" te trouxe?
Caio Afiune - Amor, vida, respeito. Eu aprendi que realmente a gente precisa muito entender todos os lados para poder abrir a boca antes de julgar alguém ou uma situação. Precisamos ter muita informação para fazer um comentário, por exemplo. Temos que ter cuidado com as coisas que falamos. Por mais que eu tenha feito julgamentos lá dentro, não passei por cima do caráter de ninguém, não desmereci ninguém. Não deixei de julgar pelas informações que eu recebia, mas percebi que a gente precisa ter esse cuidado. Eu descobri também que em mim cabia muito mais amor do que eu já tinha. Foi maravilhoso.
 

Você se arrepende ou teria feito algo diferente no confinamento? 
Caio Afiune - Não. Pelo Caio que eu sou hoje, pelo que eu cresci e aprendi, eu teria medo de ter a opção de mudar alguma coisa e não ter esse sentimento que eu tenho hoje. Acho que a pessoa que se formou hoje veio dos erros que eu cometi lá dentro. Eu estou tão feliz com o que eu sou agora, que eu faria tudo novamente para estar tranquilo e consciente neste momento.
 

Quem está jogando bem e tem chances de chegar à final?
Caio Afiune - Eu acho que o Gil tem grandes chances. Pelo que eu já vi aqui fora, a Juliette também. E eu queria muito que o Arthur chegasse pelo menos perto. Tivemos algumas questões no começo do game, quando ele estava distante. Mas, é uma pessoa que ficou junto comigo, conheci a história dele e tive conversas boas. 
 

Além do Rodolffo, que outras amizades você tem o desejo de levar daqui por diante? 
Caio Afiune - Eu quero muito manter a amizade com o Gil. O João também é alguém que eu gostei muito, tivemos muitas conversas legais. Saindo do jogo, eu não levo nada de ruim de ninguém. Gosto de ver as qualidades e o que há de bom neles. O Arthur também é, incontestavelmente, uma pessoa com quem eu quero ter amizade. 
 

O que pretende fazer daqui para frente? Pensa em movimentar mais as redes sociais, agora que tem mais de 3 milhões de seguidores?
Caio Afiune - Eu quero muito, sim, experimentar esse novo desafio, ver se funciona, se eu vou dar conta de me encaixar nisso tudo. É um mundo novo para mim. Eu tento falar bem certinho quando eu estou nessas situações, como no "ao vivo" com o Tiago, por exemplo. Quando eu estou em conversas mais sérias, eu tento ter uma certa cautela para falar. Não é como eu falo no meu dia a dia. Eu tenho medo, mas eu quero tentar (risos).
 


2 comentários:

  1. Gostei da entrevista, Caio é maravilhoso

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  2. Muito boa a entrevista, assim como entrevistado. Muita sorte pra ele nesse novo ciclo que se inicia

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