Em entrevista, a atriz fala sobre a experiência de revisitar a personagem no "Vale a Pena Ver de Novo". Foto: TV Globo / João Miguel Júnior
Embora tenha como principais protagonistas dois homens, "Ti Ti Ti' é uma novela repleta de personagens femininas marcantes. Uma delas é Marta, vivida por Dira Paes. A costureira é a melhor amiga de Ariclenes/Victor Valentim (Murilo Benício) e tem um passado mal resolvido com André/Jacques Leclair (Alexandre Borges). Os dois namoraram na juventude e quando ele decidiu se tornar um estilista, foi ela quem confeccionou suas primeiras roupas, revelando-se uma costureira talentosa e refinada.
Mas Jacques a abandonou para se casar com uma jovem rica, causando-lhe uma grande decepção, e até hoje Marta vive voltada para os filhos, sem buscar viver um grande amor. "Acho que a Marta é daquelas mulheres que desistiram do amor porque o primeiro não deu certo. E com isso não consegue ser feliz. Mas no final da trama vai haver um acerto de contas entre ela e o Jacques que será libertador. Para mim foi uma das cenas mais importantes da trama", recorda.
Em entrevista, a atriz relembra um pouco mais o trabalho na novela, os bastidores e seus planos para este ano. Exibida no "Vale a Pena Ver de Novo", "Ti Ti Ti" é escrita por Maria Adelaide Amaral, com direção de núcleo de Jorge Fernando e direção de Marcelo Zambelli, Maria de Médicis e Ary Coslov.
Como está sendo a experiência de rever "Ti Ti Ti" no "Vale a Pena Ver de Novo"?
Dira Paes - Estou muito feliz com a volta de “Ti Ti Ti” porque foi uma novela que eu amei assistir na primeira versão. Então, quando eu fui convidada para fazer já fiquei muito honrada. E eu estava com uma expectativa muito grande, lembro de fazer a novela e ser uma espectadora da trama, porque é leve, divertida, criativa, dinâmica, com personagens incríveis.
"Fina Estampa" foi reprisada no horário das nove no ano passado e agora "Ti Ti Ti" está no ar no "Vale a Pena Ver de Novo". Você gosta de revisitar seus trabalhos?
Dira Paes - É muito bom estar no ar nesse momento de pandemia, porque além de ter a oportunidade de reviver as lembranças daquele trabalho, daquele personagem, é estar no ar com trabalhos que marcaram e que de certa maneira fazem com que o público queira que eles sejam revisados. E a oportunidade de estar no ar sendo uma das espectadoras do meu próprio trabalho é ótima.
Como você se preparou para interpretar a Marta?
Dira Paes - Eu tive como inspiração para compor esse personagem a minha mãe, que é uma ótima costureira. Aquela coisa de usar óculos, viver em cima da máquina, é um perfil que vi repetidas vezes. O olho cansa de ficar firmando na máquina. Essa foi a minha principal inspiração para a personagem.
Passados dez anos da exibição original da novela, a Marta ela ainda representa a mulher brasileira?
Dira Paes - A Marta trabalha e cria sozinha seus três filhos. Eu acho que sim, ela tem o perfil dessa mulher brasileira independente. E tem o perfil da mulher discreta, mas não menos guerreira. Ela não tem uma personalidade extrovertida, mas ao mesmo tempo consegue com firmeza e com trabalho ser dona do próprio nariz. Acho isso muito admirável.
O que mais te marcou na época das gravações da novela?
Dira Paes - Os bastidores eram muito divertidos porque tinha o núcleo jovem que era muito animado. Era bonito ver aqueles atores tendo cenas tão incríveis para fazer. Além de ter uma parceria de set, de cenas, com Murilo Benício que foi muito importante para mim porque a gente não se via desde a segunda versão de "Irmãos Coragem". Então, foi um reencontro maravilhoso. Eu me diverti muito nessa novela.
Como foi o retorno do público na época da exibição?
Dira Paes - Foi incrível o retorno do público na época. Também era muito comentado o fato de eu ter vindo da Norminha de "Caminho das Índias", e estar com uma personagem tão contrária àquela explosão que foi a personagem da novela da Gloria Perez. Acho que a Marta foi marcante por causa dessa contradição e também pela convivência dela com os filhos.
"Ti Ti Ti" era dirigida por Jorge Fernando, que, sem dúvida, deixou uma imensa saudade em todos. Como era trabalhar com ele?
Dira Paes - Jorginho era uma escola diária, e não era uma escola só de diretor e atriz, era uma escola de vida, de energia. De se relacionar com as pessoas através da energia, e isso era muito lindo de ver nele. Ele tentava contagiar as pessoas de forma positiva, otimista. E como diretor ele sempre levava a cena para a precisão da leveza e da comédia que o horário pedia, sem abrir mão da emoção. Ele era um maestro. E deixa muita saudade, não só como diretor de grandes novelas, de grandes comédias, mas como também de um amigo com um sorriso e um olhar que a gente não esquece nunca.
Quais são seus planos e projetos para este ano?
Dira Paes - Os planos para 2021 são em primeiro lugar que a gente consiga ser vacinado, toda a população brasileira. Estou finalizando o meu primeiro filme, que chama-se "Pasárgada". Durante a pandemia eu acho que todos nós tivemos uma necessidade de encontrar a nossa Pasárgada. Qual é o lugar onde você se sente livre, feliz, se sente bem, em contato com a natureza e com os seus sonhos e os seus desejos? O filme mostra essa busca quase que inconsciente de encontrar a sua Pasárgada, o seu lugar ideal, a sua utopia.
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