A partir de 11 de março, site vai disponibilizar, gratuitamente, acervo das sete edições da Mostra, além de conteúdo inédito, com espetáculos, entrevistas e oficinas; programação reúne nomes como Simon McBurney, Ntando Cele e Romeo Castellucci
Espetáculo Black Off - Ntando Celé (África do Sul) - MITsp 2017 | Foto: Guto Muniz
A MITsp - Mostra Internacional de Teatro de São Paulo lança, no dia 11 de março, a MIT+ (mitmais.org), uma plataforma virtual de pesquisa e experiência em artes cênicas. De forma gratuita e acessível, o site irá disponibilizar materiais de acervo das sete edições da MITsp, além de conteúdo exclusivo, como espetáculos inéditos, entrevistas e oficinas.
A MIT+ se soma à diversidade de ações da MITsp, festival idealizado por Antonio Araújo e Guilherme Marques – respectivamente diretor artístico e diretor geral de produção. Desde sua primeira edição, em 2014, a mostra é referência na cena teatral brasileira, reunindo artistas emergentes e consagrados. Com a plataforma, a MITsp inaugura mais um eixo, rompendo barreiras geográficas e permitindo que pessoas de todo o país tenham acesso a conteúdos exclusivos de forma democrática.
O desejo de ampliar a relação com o público foi justamente o que inspirou a criação da MIT+. “Unimos a vontade de ter um canal direto com as pessoas com a vontade de disponibilizar o conteúdo extenso e significativo do acervo da MITsp”, explica Natália Machiavelli, idealizadora e diretora da plataforma. “O começo do projeto foi em 2016, mas virou realidade somente em 2020, a partir da crise do novo coronavírus, em que as salas teatrais foram fechadas como medida de contenção da disseminação da doença.”
Programação: Para a estreia, no dia 11 de março, a MIT+ apresentará uma programação inteira gratuita, com vídeos de mais de 20 atividades que aconteceram nas sete edições da MITsp, além de conteúdos inéditos: seis espetáculos e performances, três entrevistas, três aberturas de processos artísticos, quatro workshops, uma residência artística e duas mesas de debate.
A sul-africana Ntando Cele, um dos destaques da MITsp 2017, é a Artista em Foco dessa programação. Ela fará um workshop e uma residência artística, participará de uma mesa e apresentará dois espetáculos, o inédito “Go Go Othello” e “Black Off”, que esteve na mostra há quatro anos. Além disso, a plataforma contará com um acervo de palestras e entrevistas sobre o trabalho da artista, que transita entre diversas linguagens (performance, música e videoinstalação) para debater questões como identidade e preconceito.
O material de acervo traz ainda trabalhos como a palestra-performance “Descolonizando o Conhecimento”, da portuguesa Grada Kilomba, e debates como o encontro com a socióloga Patricia Hill Collins, uma das maiores pensadores sobre feminismo e gênero na comunidade afro-americana.
Esse material não apenas passeia pela história da Mostra, mas também dialoga com os conteúdos exclusivos. É o caso do italiano Romeo Castellucci, cujo espetáculo “Sobre o Conceito de Rosto no Filho de Deus” abriu a primeira edição da MITsp. A plataforma reúne debates e encontros ocorridos naquela época e uma entrevista inédita com o encenador.
Já o inglês Simon McBurney, da companhia Complicité, que esteve no festival em 2014, apresenta agora o espetáculo “The Encounter”, em que faz uma viagem imersiva pela Amazônia, por meio de diversas tecnologias de som.
Os conteúdos serão alimentados constantemente, com produções diversas do Brasil e do mundo. Para ter acesso à programação exclusiva, o público poderá fazer seu cadastro gratuito no site. Muitos materiais serão acessíveis, com audiodescrição, Libras e legendas. O objetivo da MIT+ é se tornar uma plataforma inclusiva e ampliar o acesso à produção teatral.
A curadoria: Sempre em diálogo com o presente, a curadoria da MITsp agora reflete a situação de pandemia que o mundo enfrenta. Um cenário caótico e trágico, com agravamento de casos em todos os locais, lembra Antonio Araújo.
"Por isso, a programação do nascimento da plataforma virtual MIT+ começa pela ideia de transitar entre os dois eixos: doença e cura, trabalhando o pensar, o experimentar, o voltar a imaginar a possibilidade de cura e a cura não só da doença, mas da cura na reaproximação das pessoas, na possibilidade do encontro, do toque, do olho no presencial", destaca.
É nesse sentido que a curadoria reforça a importância do encontro (ainda que virtual), da troca de saberes e de experiências. A plataforma mantém os princípios da MITsp, dando grande importância para as ações pedagógicas e reflexivas. Mas agora expande esse trabalho, oferecendo oficinas abertas ao público geral, não apenas voltada para artistas. “Podemos destacar, neste lançamento, os workshops de cura com Tania Alice, além de Ntando Cele, e outras artistas que estão para serem confirmadas”, finaliza o diretor artístico.
Outro foco da programação é pensar nos impasses decoloniais nas artes cênicas. Refletindo sobre o histórico da MITsp e as recentes discussões na arte, a curadoria da MIT+ joga luz sobre atividades ocorridas na mostra, que debateram esse assunto, e trabalhos que problematizam a nossa formação colonialista e realçam outras formas de compreender o mundo e as artes.
Realização: A MIT+ é um eixo da MITsp - Mostra Internacional de Teatro de São Paulo, que tem como realizadora e gestora a Olhares Instituto Cultural, uma associação sem fins lucrativos. O projeto tem o patrocínio da Asus e o apoio do British Council, Pro Helvetia e Instituto Italiano de Cultura de São Paulo e foi contemplado pelo Programa de Ação Cultural - ProAC Expresso Editais - da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo, via Lei Federal Aldir Blanc de apoio à cultura.
Sobre a MITsp: A MITsp - Mostra Internacional de Teatro de São Paulo é um festival idealizado por Antonio Araújo (diretor artístico) e Guilherme Marques (diretor geral de produção) e que teve sua primeira edição em março de 2014. Logo de início, trouxe à capital paulista uma experiência de imersão no mundo das artes cênicas, promovendo a produção cultural em todas as suas áreas.
Além da Mostra de Espetáculos – que trouxe, em suas sete edições, nomes de peso como o polonês Krystian Lupa, o francês Joël Pommerat, a espanhola Angélica Liddell, o russo Yuri Butusov, o libanês Rabih Mroué, o suíco Milo Rau e o português Tiago Rodrigues –, a MITsp desdobra suas atividades nos seus demais eixos: Olhares Críticos, série de encontros reflexivos e publicações; Ações Pedagógicas, com residências, oficinas e intercâmbios, e MITbr – Plataforma Brasil, que se consolidou como um importante programa de internacionalização das artes cênicas brasileiras. A plataforma MIT+ inaugura um novo eixo, que expande as barreiras geográficas e o acesso à mostra.
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