O autor e diretor Marcos Damigo propõe uma releitura de peça que já foi vista por mais de 10 mil pessoas. Foto: Alexandre Leal
Um ano depois de interromper sua quinta temporada no teatro por conta do início da pandemia, “Leopoldina, Independência e Morte” volta com nova linguagem para apresentações online com estreia no Dia Internacional da Mulher, 8 de março, às 20h30.
As sessões são gratuitas (contribuição voluntária), e acontecem em três horários de terça a sexta - às 10h30, 15h30 e 20h30. A grade de horários foi pensada visando possibilitar escolas a incluírem a atividade no âmbito do estudo da História do Brasil, feminismo e audiovisual por exemplo. Será disponibilizada uma revista digital com material de apoio com informações extras e um glossário.
No final de semana, dias 13 e 14, as apresentações acontecem em dois horários, 15h30 e 20h30, totalizando 17 apresentações no YouTube e Facebook com interpretação em Libras no Facebook e opção de legenda no YouTube. A nova versão do espetáculo foi viabilizada por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc (Lei 14.017/20 do Governo Federal), através do PROAC (Programa de Ação Cultural) do Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.
Idealizado por Marcos Damigo, o projeto nasceu em 2017 com experimentos abertos ao público no Museu do Ipiranga e, além das temporadas em São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, a peça foi veiculada pela TV Brasil no programa Curta Temporada e publicada em livro pela Editora Giostri. Ao todo, o espetáculo já teve mais de 10 mil espectadores desde sua estreia no CCBB São Paulo em 2018.
A obra retrata uma imperatriz Leopoldina ainda desconhecida por grande parte dos brasileiros: culta e preparada, foi além do papel que lhe cabia em seu tempo histórico. Primeira mulher a se tornar chefe de Estado do Brasil, teve importância decisiva no processo de independência. Engravidou nove vezes e morreu aos 29 anos.
Para a reestreia via internet, o autor e diretor Marcos Damigo apresenta uma releitura com Sara Antunes como Leopoldina (na foto de Otávio Maciel Gonçalves), Plínio Soares no papel de Bonifácio e Ana Eliza Colomar trazendo a música para o centro da cena com flauta transversal e violoncelo.
“Além de simplesmente veicular uma versão gravada da peça, optamos por investigar esse lugar estranho, que não é nem teatro nem cinema. Se por um lado não temos o calor humano da presença que tanto alimentou este trabalho desde o primeiro encontro com o público em 2017, temos agora outros recursos para nos auxiliar”, diz Damigo.
“As cenas acontecem em espaços que dialogam com o texto. A natureza, tão cara a Leopoldina, passa a ser quase um personagem na primeira cena, gravada no Parque Estadual da Cantareira. O delírio da terceira cena ganha concretude com a possibilidade da edição de imagens e do uso de efeitos sonoros e visuais”, conclui.
Sinopse
O espetáculo recria três momentos da vida da arquiduquesa austríaca que viveu no Brasil no século XIX, entre 1817 e 1826: recém-chegada da Áustria, ela relata a uma interlocutora estrangeira suas primeiras impressões sobre o Brasil; num segundo momento, Leopoldina, agora imperatriz, e José Bonifácio, seu principal aliado, analisam o complexo processo de independência após um acerto de contas; e, por fim, num delírio que consumiu seus últimos dias, ela relaciona sua vida, sua época e os projetos em disputa naquele momento com os dias de hoje.
A origem do espetáculo
“O ensaio publicado pela escritora e psicanalista Maria Rita Kehl no livro ‘Cartas de Uma Imperatriz’ (Estação Liberdade) foi o estopim para encontrar o recorte de uma história tão rica e interessante, enfatizando a transformação da princesa europeia em estadista consciente de seu tempo histórico. Queremos também mostrar para o público de hoje o projeto de um país que, infelizmente, fracassou com a sua morte e o exílio de Bonifácio. Falar deste sonho de quando o Brasil se tornava uma nação independente é importante para nós, principalmente neste momento em que parecemos ter que negociar pressupostos muito básicos dos entendimentos sobre a vida em sociedade”, conta o autor e diretor Marcos Damigo.
Esta montagem é um sonho acalentado por Damigo há vinte anos. Suas inspirações para jogar luz sobre o legado da primeira mulher a se tornar chefe de Estado do Brasil (em duas situações ela governou o Brasil como regente interina: setembro de 1822, quando a independência foi proclamada, e no final de 1826, já em seu leito de morte), surgiram de um mergulho profundo na história de Leopoldina publicada em biografias, artigos e cartas – trechos das correspondências estão no texto no espetáculo. Falas de Bonifácio também foram extraídas de escritos do primeiro brasileiro a ocupar o cargo de Ministro de Estado. O historiador Paulo Rezzutti, autor do livro “D. Leopoldina, a História não Contada" (Editora Leya), prestou consultoria histórica para a peça.
Sobre a imperatriz Leopoldina
Descendente dos Habsburgos, a família mais poderosa do início do século XIX, Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda de Habsburgo-Lorena nasceu em Viena, capital da Áustria, em 22 de janeiro de 1797. Era filha do imperador Francisco I da Áustria e de Maria Teresa da Sicília. Foi a primeira imperatriz brasileira e ficou conhecida popularmente como D. Maria Leopoldina. Deixou sua terra natal rumo ao Brasil para casar-se com Dom Pedro I, em um matrimônio arranjado típico daquela época.
Leopoldina chegou ao Brasil com 19 anos, morreu aos 29 e engravidou nove vezes. Articuladora e estrategista, foi responsável por ações cruciais para a política da época, mas seu grande feito como estadista não foi reconhecido até os dias atuais: enquanto regente interina durante viagem de Dom Pedro a São Paulo, ela reúne os ministros e decide pela independência do Brasil no dia 2 de setembro de 1822. Na peça, ela clama pela autoria do momento histórico e questiona a escolha do dia 7 de setembro para sua celebração.
Gostava de teatro e literatura e falava vários idiomas, além de ser botânica e mineralogista. Segundo Maria Rita Kehl, D. Pedro continuava dependendo de Leopoldina. "Ela o orientava politicamente, comunicava-se com representantes de países estrangeiros com mais desenvoltura, falava mais línguas e era mais culta do que ele. Mas Pedro vingava-se da superioridade da esposa desmoralizando-a como mulher". Conforme a paixão de D. Pedro por Domitila se tornava pública e ela ficava cada vez mais poderosa, Leopoldina e o projeto político que representava foram perdendo força. Morreu após um aborto, deixando cinco filhos, entre eles o sucessor do trono, Dom Pedro II.
Ficha técnica
Espetáculo: "Leopoldina, Independência e Morte"
Autor e diretor artístico: Marcos Damigo
Elenco: Sara Antunes e Plínio Soares
Música: Ana Eliza Colomar
Figurinos: Cássio Brasil
Cabelo e maquiagem: Otávio Maciel Gonçalves
Assistente de direção e produção: Vítor Gabriel
Produção Audiovisual: Central SP Produções
Direção/Edição: Alexandre Leal
Direção de fotografia e câmera: Jones Kiwara
2ª câmera e fotografia still: Josemar Gouveia
Áudio: Wagner Pulga
Produção: Orlando Chavatta
Assessoria de comunicação: Agência Fervo - Priscila Cotta, Teresa Harari e Fabiana Cardoso
Design gráfico: Ramon Jardim
Diretora de produção: Fernanda Moura
Realização: Palimpsesto Produções Artísticas
Serviço
Espetáculo: "Leopoldina, Independência e Morte"
YouTube com opção de legenda.
Facebook com interpretação em Libras.
As apresentações não ficam no ar após a exibição.
Estreia nesta segunda-feira, dia 8, às 20h30.
Terça-feira, dia 09, às 10h30, 15h30 e 20h30.
Quarta-feira, dia 10, às 10h30, 15h30 e 20h30.
Quinta-feira, dia 11, às 10h30, 15h30 e 20h30.
Sexta-feira, dia 12, às 10h30, 15h30 e 20h30.
Sábado, dia 13, às 15h30 e 20h30.
Domingo, dia 14, às 15h30 e 20h30.
Contribuição voluntária:
Chave Pix: leopoldinaproducao@gmail.com
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