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Querido diário,

Hoje é o último dia do mês de março e amanhã teremos o famoso "Dia da Mentira". Caso voltemos ao ano de 64... A "brincadeira" nesse mesmo dia não foi divertida. Os anos de chumbo não foram memoráveis, mas lotados de lembranças assombrosas, sangrentas e duradouras... Quem ainda ousa desmerecer o que jornalista Vladimir Herzog representa é, no mínimo, um ser vivo sem cultura. Um total ignorante. O que houve com ele? Foi assassinado em 1975 em nome da ditadura.

Hoje, em pleno 2021, quando grande parcela dos brasileiros regrediu mentalmente à Era Medieval e já flerta com a Idade da Pedra Lascada, quando a roda era quadrada, há sugestão de reviver o que foi iniciado em 64. Enaltecem os absurdos abusivos e uma meia dúzia em cada canto pede que as forças armadas retomem a ditadura.

Confesso que muito me envergonha ter que passar pela Avenida Antônio Emmerick, em São Vicente, litoral paulista, e ver num castelinho, situado diante do 2º Batalhão de Infantaria Leve, faixas evocando um período tão mortífero, inclusive a quem tentava fazer uso da livre expressão.

É como dizem por aí: "Brasileiro tem memória curta!"

E aos que não viveram esses momentos sombrios no Brasil, há produções televisivas que retrataram essa parte pavorosa da história do Brasil, como em "Senhora do Destino", quando Maria do Carmo tem a filha roubada por Nazaré Tedesco e até no seriado "Hilda Furacão", adaptado do romance de Roberto Drummond. Após conhecer toda a história da virgem que abandonou o noivo para viver como prostituta na Zona Boêmia, tudo pode ter sido um 1º de abril.

Nesse 1º de abril de 2021... Os meus votos são de que tudo não passe de uma brincadeira mesmo.

Beijinhos pink cintilantes e até amanhã,

Donatella Fisherburg

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Donatella Fisherburg de Hilda Furacão