segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

.: No "BBB 21", lugar de fala é utilizado para calar as pessoas



No "Big Brother Brasil", lugar de fala é utilizado para calar as pessoas. Chega a ser sintomático que a edição com mais representatividade de tipos físicos de pessoas seja uma avalanche de gente que queira ditar regras no mais fiel estilo do "faça o que eu digo, não faça o que eu faço". Em um mundo que separa pessoas pela cor, não é impossível que a liderança de um reality show também faça isso, e seja comemorada. "Os pretos no VIP, os brancos na xepa, hahahaha!", eram alguns dos comentários no Twitter. Veja a celeuma criada se a ordem dos sujeitos fosse ao contrário. Racismo?

"Não existe racismo reverso!", dizem os sábios da vida real e da internet. Mas existe racismo. Ou o participante que quis juntar todo o elenco preto para se voltar contra os brancos do programa, se não cometeu racismo, cometeu o quê? É uma dúvida sincera e uma discussão que é pertinente mas que, no final das contas, só nos leva a crer que o mundo está muito doente. 

Em um contexto ideal, e que sabe-se que está longe disso, pessoas seriam separadas por afinidade ou falta de. A minha cor não me faz mais ou menos merecedor de nada, as minhas atitudes, sim. O rapper Projota é o verdadeiro destaque dos primeiros dias do confinamento. Falou em poucas palavras que a arte é para unir as pessoas, não para segregar, na cena mais bonita desta primeira semana. A separação vem de pessoas que pregam isso de infinitas maneiras que vão do discurso politicamente incorreto ao negacionismo de situações que prejudicam diretamente a vida de milhares de pessoas mais pobres, sejam elas pretas, brancas, amarelas. 

O Brasil é um país tão carente de tantas coisas que chega a ser bom que um programa feito para  alienar, como o "Big Brother", coloque luz sobre o racismo, um assunto ainda tão longe de ser resolvido. Carla Diaz - "a agressiva", segundo o participante que não reconheceu a intenção dela em ajudá-lo - é uma das que está isolada na casa. Ela é atriz, é olhada torto por ser quem é por mulheres que disseram isso na cara dela. Coisa que Fiuk, que desempenha com um pouco mais de dificuldade a mesma profissão, não sofreu.

"Faça o que eu digo, não faça o que eu faço"... Mas não foi a Karol Conká, na abertura de "Malhação", que disse: "o sangue é da mesma cor, somos todos iguais"? Mas, ao que tudo indica, está julgando outras personalidades da casa. A favor dela, que tem muito a perder com o "moedor de reputações" que é o "Big Brother", ela não está defendendo nenhum personagem. Está escancarando uma série de erros que, ao que tudo indica, podem levá-la a uma trajetória estranha na casa. 

Se somos todos iguais, mesmo, por que a maioria dos participantes está tão preocupada com a cultura do cancelamento? Por que simplesmente não seguem as regras da intuição e jogam um jogo de verdade - seja para ganhar, seja para perder? Por esse lado, Lucas colocou as cartas na mesa na primeira festa. Certo ou errado, ele está mostrando quem é, doa a quem doer. 

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