Por: Mary Ellen Farias dos Santos*
Tudo aconteceu antes da pandemia, aliás o tal vírus nem era conhecido. A agência do Bradesco, em que tenho apenas uma conta corrente, justamente para o débito automático da minha conta de internet, passou a me infernizar por ligações telefônicas, e-mail e até WhatsApp. O assunto tratado era de que o meu cartão da conta corrente precisava ser alterado e a conta passaria a ser Bradesco Exclusive.
Vamos ao início da ladainha. Recebi um cartão, porém, como não havia solicitado nada e o meu ainda estava muito longe do vencimento, apenas ignorei. Até precisava de um cartão novo, mas o da poupança, afinal, meu marido havia quebrado o dele. Independentemente, eu nada havia pedido ao banco.
Passado algum tempo, até a minha mãe passou a receber ligações do Bradesco, pois o telefone dela também estava no meu cadastro. A investida fatal foi o envio de uma carta para que eu me dirigisse até a tal agência. Consideramos que se tratava de algo sério, fui ao banco em horário de atendimento com meu marido.
Eis que o verdadeiro interesse foi revelado: eu deveria baixar o aplicativo do banco no meu aparelho celular para realizar as transações e não mais me dirigir até as agências. Neguei, pois não havia interesse da minha parte e muito menos memória suficiente no meu aparelho para tanto. Ouvi que o app era leve. Contudo, para mim, não seria possível. O aparelho era um Samsung J2 Prime, com cartão de memória de 32 GB que com pouco uso surtou e me deixou na mão. Contudo, a pauta aqui não é o meu aparelho, mas a insistência para que eu me tornasse uma "cliente virtual".
No meio da conversa, a atendente queria que eu alterasse o meu salário que estava desatualizado em R$1.000 e pouco. Pacientemente sorri e disse, na verdade estou desempregada. "Até dou umas aulinhas de Inglês numa escolinha. Caso queira mudar, para o pagamento que recebo, o valor é de R$ 300,00, é possível ver isso pelos depósitos recebidos nessa conta".
Enfim, encurtando a descrição da conversa, ficou certo de que a convocação tinha o objetivo de que eu realizasse os pagamentos via app e aumentasse o meu salário, ainda que estivesse "desempregada" -na nova modalidade empregada recebendo "esmola". Não satisfeita, a funcionária do banco enviou um e-mail perguntando os meus gostos. O que muito me intrigou.
Na sequência, investiu em mensagens pelo WhatsApp para saber se eu estava satisfeita com a minha conta. A vontade era de responder que os meus meios de entretenimento são proporcionados pelo Resenhando.com e que até então, estava satisfeita com a minha conta, mas que com esse inferno, não mais. Enfim, tudo extremamente desgastante.
O tempo passou e no início do ano passado, meu marido foi convocado por processo seletivo para lecionar no município de Praia Grande. Deveria abrir uma conta salário, entramos na unidade que fica na Prefeitura e fomos encaminhados para uma outra, ao lado, uma sala. Desconfiei daquilo. Ali, dois atendentes e um casal que respondia diversas perguntas sobre plano de trocar carro e comprar uma nova casa.
O objetivo era transformar a conta salário em outra, nessa meu marido pagaria taxas altas para ter serviços por aplicativo que não tínhamos qualquer interesse em usufruir. A insistência do atendente foi tão grande quanto a que eu havia passado anteriormente, em São Vicente. Tudo o que pude dizer ao meu marido foi: Viu como é irritante ser vítima de insistência?
Chegou a pandemia e após muito tempo sem sair de casa, fomos até o Gonzaga, em Santos e a agência, localizada ao lado do Banco do Brasil havia sido fechada. Sim! Permaneceram com a unidade reformada que fica afastada da praia e dos outros bancos. O cliente em primeiro lugar?! Não! Que se vire e baixe o aplicativo, oras!
Eis que ontem, li uma reportagem na Folha de S. Paulo: "Bradesco prevê reduzir rede de agências em mais de um terço em 2 anos". Essa é a resposta explícita para o inferno colossal a que enfiaram a mim e a meu marido -e tantos outros clientes. A motivação é a de lucrar e somente lucrar.
Até ao pagar uma conta no caixa eletrônico, o banco força para que você não gere o comprovante de pagamento, mas seja consciente com o meio ambiente -em outras palavras, com o cofrinho do Bradesco. Assim, a primeira opção é a de não impressão. Na sequência, pede para que envie o comprovante por e-mail e, por fim, a de imprimir o comprovante. A indução do Bradesco é pavorosa.
A economia para lucrar de modo desmedido é tamanha que na agência do Centro de São Vicente, o leitor dos códigos de barra não funciona, você precisa digitar o números e ainda se faz uma sauna, uma vez que não há climatização no lugar.
Pois é... esse é o tipo de atendimento vip que o Bradesco oferece! #somostodospalhaços
*Mary Ellen Farias dos Santos é criadora e editora do portal cultural Resenhando.com. É formada em Comunicação Social - Jornalismo, pós-graduada em Literatura, licenciada em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos e formada em Pedagogia pela Universidade Cruzeiro do Sul. Twitter: @maryellenfsm
Bradesco prevê reduzir rede de agências em mais de um terço em 2 anos https://t.co/RGljYmoGA1
— Folha de S.Paulo (@folha) February 4, 2021
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