"Infelizmente, no século 21, os homens têm bolas menores do que as mulheres."
Autora do livro "365 Dias" relaciona a história com a narrativa do clássico "A Bela e a Fera". Blanka Lipińska falou sobre as polêmicas em relação ao livro que já figura entre os mais vendidos do Brasil. Foto: Isabella Otto/Capricho
Os impactos da chegada de Laura Biel e Don Massimo Torricelli no Brasil causaram muitos burburinhos. O casal número um da Netflix em 2020 deixou os telespectadores com os sentidos aflorados e com a chegada do livro, lançado com exclusividade pela Buzz Editora no começo de dezembro, os detalhes se tornaram ainda mais interessantes. Protagonizada pelos atores Anna-Maria Sieklucka e Michele Morrone, a produção foi disponibilizada pela Netflix em julho e ganhou o mundo, chegando ao topo em 28 países, com destaque para o Brasil.
No livro, Laura, junto com o namorado Martin e dois amigos, saem de férias na Sicília. No segundo dia de sua estadia - em seu vigésimo nono aniversário, a garota é sequestrada. O sequestrador acaba por ser o chefe da máfia da Sicília, extremamente bonito e jovem, chamado Don - Massimo Toricelli. Ele teve uma experiência de quase morte - e quando seu coração parou de bater, ele viu uma garota na frente de seus olhos, exatamente igual a Laure Biel. Quando ele voltou à vida, prometeu a si mesmo que encontraria a mulher que ele viu. Massimo dá à menina 365 dias para fazê-la amá-lo e ficar com ele. Do mesmo gênero de "Cinquenta Tons de Cinza". Você pode comprar "365 Dias", de Blanka Lipińska, neste link.
Blanka Lipińska é chef de cozinha por paixão, maquiadora por formação, terapeuta e hipnotizadora por profissão, gerente de clube noturno e membro da KSW MMA Federation. Ela é uma autora por desejo, e não por necessidade, e escreve por diversão em vez de dinheiro. Ela adora tatuagens, valoriza a veracidade e o altruísmo. Ela gosta de dizer que falar sobre sexo é tão fácil quanto preparar o jantar. Batemos um papo com a autora Blanka Lipińska que respondeu sobre algumas polêmicas envolvidas com a história, entre elas a romantização da Síndrome de Estocolmo e machismo. Confira:
"365 Dias" é um filme de conteúdo adulto, mas foi muito consumido por adolescentes no Brasil, que também criaram fãs-clubes, principalmente para Massimo. Você acredita que seu livro também será consumido por esse público no país?
Blanka Lipińska - Eu não posso controlar quem lê meus livros nem quem assiste ao filme. Eu afirmo muito claramente em todas as minhas entrevistas que isso é um livro para adultos e também não para todos os adultos. Eu acho que é preciso ter muita experiência em sexo para poder apreciar plenamente o tipo de sexo que eu apresento em minhas criações. Na verdade, os jovens não têm um gosto tão preciso e tão específico. Portanto, eu aconselho fortemente os jovens a não buscarem nada do que eu crio.
Algumas pessoas defendem que seu livro romantiza temas como tráfico sexual e estupro. O que você acha disso?
Blanka Lipińska - Se eles disserem algo assim, provavelmente não leram os três livros. Se alguém ler a história inteira e ainda tiver essa opinião, terei o maior prazer em discuti-la, mas se não, não há sentido em fazer isso.
Homens como Massimo Torricelli e Christian Grey são um grande sucesso na literatura. Por que você acredita que isso acontece?
Blanka Lipińska - As mulheres sentem falta dos "homens de verdade". Infelizmente, no século 21, os homens têm bolas menores do que as mulheres. As mulheres decidem, organizam, criam e um homem fica confortável e começa a se ajustar. A Mãe Natureza o criou de forma diferente e é por isso que as mulheres sentem falta da sensação de ser "uma menina". O homem é quem decide, domina, dá sensação de segurança. Mas não podemos confundir isso com submissão ou falta de independência. Eu sou um exemplo perfeito disso. Nos negócios, eu sou implacável, dura e persistente. Em casa, eu gostaria de ser cuidada, decidir por mim e me deixar dominar de vez em quando. Isso me dá um equilíbrio. É exatamente por isso que as mulheres amam homens como Gray ou Massimo. Eles não pedem, eles fazem.
Apesar de todas as polêmicas sobre o livro / filme, você é uma mulher que escreveu uma trilogia erótica bem-sucedida. Vivemos em um mundo machista, onde mulheres livres que falam sobre sexo são julgadas por outras mulheres e homens. Esses julgamentos já machucam você? Você ouve muitas coisas sobre isso?
Blanka Lipińska - Nos últimos dois anos eu tenho lidado com as opiniões de pessoas que pensam que o sexo é uma criatura mística, como Lord Voldemort em "Harry Potter". Todo mundo sabe, porém, ninguém quer dizer o nome dele. Eu acredito que se o sexo não é para procriar, é para ter prazer. E a conversa é a maneira mais fácil de descobrir isso. Na Polônia, eu realizei um tipo de "revolução" sexual e eu me rebelei milhões de mulheres para dizer "não" ao sexo que é simplesmente "ok". As mulheres começaram a esperar mais e a falar abertamente sobre suas necessidades. Isso fui uma surpresa para seus homens, mas eles aceitaram o desafio. Casais me escreveram dizendo que eu salvei o casamento deles porque as mulheres se abriram para si mesmas e isso ajudou a se abrirem para seus parceiros.
Laura sofre de Síndrome de Estocolmo?
Blanka Lipińska - A Bela de "A Bela e a Fera" estava sofrendo? Essas duas histórias não diferem muito. Minha história, porém, é para os adultos que podem dizer o que é bom e o que é ruim na vida. "A Bela e a Fera" é um conto de fadas para crianças que ainda não entenderam as regras do mundo. Eu acho que minha heroína não sofre de nenhuma síndrome, porém, para saber isso, é preciso ler os três livros.
Você acha que a sociedade está problematizando muitos personagens de ficção?
Blanka Lipińska - Eu acho que as pessoas têm problemas em diferenciar a realidade do entretenimento. Quando você pensa assim, todo filme com uma morte diz para você matar e toda mulher que vive da riqueza de um homem é uma garota materialista. As pessoas gostam de escolher o que tratar com seriedade e o que não tratar. O filme sobre "Hannibal Lecter" é amado apesar de contar a história de um cara que come gente. Além disso, quando você assiste ao filme, na verdade está torcendo pelo ele. Isso significa que nos não somos normais ou mesmo doentes? Definitivamente não! Isso significa que o filme está perfeitamente feito e no final é apenas um filme.
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