Por: Mary Ellen Farias dos Santos*
O novo longa dirigido e roteirizado por Stéphanie Chuat e Véronique Reymond, "Minha Irmã", com estreia nos cinemas em 28 de janeiro, é um drama alemão/suíço pautado no relacionamento fraterno dos gêmeos, Sven (Lars Eidinger, do filme "Dumbo"), dois minutos mais velho, e Lisa (Nina Hoss, da série "Homeland"), dois minutos mais nova, em um momento delicado: a leucemia.
Proveniente de Berlim, Lisa vive há algum tempo na Suíça com os filhos, um menino e uma menina, e o marido bem empregado. Sven, o ator da família, em tratamento para o câncer, tenta morar com a mãe, mas a senhora, com manias da idade, não se adapta e, muito menos, o apartamento para o filho.
Dessa forma, Lisa que já desistiu das próprias ambições como dramaturga ainda na capital da Alemanha, "ganha" um terceiro filho. E é a chegada do novo membro na família que bagunça a vida dos Nielsen. Perdidos na cidade grande, mas juntos até o fim, os irmãos são uma versão João e Maria, no caso, Gretel e Hansel.
Em 55 minutos de filme -que totaliza 99-, a emoção aperta diversas vezes, principalmente quando Lisa ao telefone com Martin, o marido, relata o sofrimento do irmão no processo de adaptação do transplante e da quimioterapia. No hospital, um desconhecido oferece um café para Lisa, e, de certa forma, conforta também quem está do outro lado da tela. Ou ainda quando Lisa se desespera com a atitude drástica do marido em relalçao aos filhos do casal.
Uma cena de pura poesia é a sequência com os filhos na casa da avó em que Lisa fica sozinha, grita, xinga e se liberta de todos: mãe, filhos, marido e irmão. Assim, a dramaturga se encontra com ela mesma, numa menininha que pedala perto dela, soltando a imaginação para uma criação na caixa de areia do parquinho do condomínio. Ali, Lisa volta a escrever. Cena lindamente poética!
O longa oscila entre momentos fortes e de calmaria. Entretanto, o diferencial está na sensibilidade de apresentar os temas e representá-los. A atuação de Nina Hoss em todo o filme ao interpretar, Lisa, personagem multifacetada, de esbanjar talento a cada cena. Quanto acontece no olhar da atriz. Há mérito também a ser apontado para Lars Eidinger como coadjuvante.
Na verdade, essa dobradinha é de tamanha cumplicidade que transparece nas cenas, o que facilita para que o público embarque rapidamente na trama que está longe de ser suave, mas também não pesa o máximo possível das situações representadas. Há ainda o brilhantismo do ator dinamarquês Jens Albinus (Ninfomaníaca - Volume 2), na pele do marido de Lisa que salta do posto de parceiro fiel e compreensivo ao de imprevisível.
"Minha Irmã" é uma produção que faz refletir a respeito das relações familiares e os diferentes amores. Mesmo tratando de um recorte na vida da protagonista Lisa, que parecia perfeita como nos comerciais de margarina -ao menos nos primeiros minutos do longa-, as sequências surpreendentes, com ritmo ágil, fazem a narrativa evoluir. Embora o filme não seja solar, apresenta uma fotografia bela e agradável.
O longa distribuído pela A2 Filmes, que se destacou na programação da 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, é o representante da Suíça para concorrer a uma vaga ao Oscar 2021 na categoria de melhor filme estrangeiro. Definitivamente uma produção imperdível. Belíssimo!
Filme: Minha Irmã (My Little Sister, Schwesterlein)
Alemanha – Suíça
Duração: 99 min.
Ano: 2020
Gênero: Drama
Classificação Indicativa: 14 anos
Direção: Stéphanie Chuat, Véronique Reymond
Roteiro: Stéphanie Chuat, Véronique Reymond
Elenco: Nina Hoss, Lars Eidinger, Marthe Keller, Jens Albinus, Thomas Ostermeier
Distribuição: A2 Filmes
*Mary Ellen Farias dos Santos é criadora e editora do portal cultural Resenhando.com. É formada em Comunicação Social - Jornalismo, pós-graduada em Literatura, licenciada em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos e formada em Pedagogia pela Universidade Cruzeiro do Sul. Twitter: @maryellenfsm
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