Em colaboração com German Film – texto de Patrick Heidmann, tradução de André Cavallini.
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Todo mundo precisa de férias de vez em quando, mas poucos ganharam tanto no verão de 2019 quanto Marco Kreuzpaintner. “Pela primeira vez em dois anos, estou conseguindo pensar em paz”, o diretor ri ao telefone e lembra como os últimos 24 meses foram estressantes, mas, acima de tudo, produtivos.
Só no outono de 2019, por exemplo, a série "Beat" foi lançada no serviço de streaming Amazon Prime. Kreuzpaintner não só teve a ideia para o thriller ambientado na vida noturna de Berlim, mas também dirigiu todos os sete episódios. “Ao contrário de muitos colegas, eu não tinha nenhuma ideia sobre uma série que pudesse estar guardada em uma gaveta, quando me chamaram para conversar”, lembra o cineasta de 42 anos. “Simplesmente porque não tive intervalos suficientes entre meus projetos para colocar as ideias no papel. Mas, para usar uma comparação literária, havia um grande apelo em retratar um longo romance em vez de um conto, para variar”. Foi anunciado, algum tempo depois, que não haveria uma segunda temporada. Todavia, o fato de a série ter recebido o renomado Prêmio Grimme deve ser uma fonte de profunda satisfação para seu criador.
Kreuzpaintner tem o mesmo orgulho de seu último longa-metragem, "O Caso Collini", em que - como ele destaca - orgulho não é uma palavra com a qual ele realmente descreve o prazer que obtém de seus projetos. Ele conseguiu conquistar o astro internacional Franco Nero para um papel principal na adaptação cinematográfica do bestseller de Ferdinand von Schirach, e também deu ao astro da comédia
Elyas M’Barek uma nova imagem, como defensor público em um suspense dramático. Por semanas após sua estreia, nenhuma produção alemã havia atraído mais espectadores aos cinemas na Alemanha em 2019, quando o longa chegou e ficou em cartaz por nove semanas. “O fato de termos provado com este filme que mesmo um drama judicial referente a um caso histórico pode ainda funcionar no cinema se for devidamente produzido, encenado e com um elenco de destaque é o que me faz mais feliz”, diz o cineasta, para deixar tudo bem claro. “Talvez isso dê esperança a todos aqueles que, de outra forma, tenderiam a ser pessimistas sobre o futuro da indústria”.
A visão de Kreuzpaintner sobre a indústria cinematográfica alemã e o gosto do público sempre foi um pouco diferente de muitos colegas. A renovação que paira no ar – também influenciada pelos hábitos de visualização americanos – que o trouxe para o cenário do cinema alemão aos 20 anos atraiu alguma atenção. O trabalho de Kreuzpaintner quase foi recebido melhor no exterior do que em seu país: Tempestade de Verão (2004) não apenas estreou em Toronto, mas foi até lançado em cinemas nos EUA e na Coreia do Sul. Seu compatriota Roland Emmerich acabou se tornando um fã proeminente, que rapidamente escolheu o jovem colega sob sua proteção como mentor e ainda é um amigo próximo hoje. Marco, apoiado por Emmerich como produtor, finalmente fez sua estreia em Hollywood com Desaparecidos (2007), um drama sobre tráfico humano, que se tornou o primeiro filme a ter sua estreia mundial na Assembleia Geral das Nações Unidas.
Desde então, Kreuzpaintner manteve um ritmo de trabalho notavelmente rápido quase constantemente, de acordo com o lema “meu espaço de trabalho é meu lugar feliz”, como ele colocou uma vez no Instagram no passado. “Quando me interesso por um projeto, costumo pensar comigo mesmo: vá em frente, quem sabe que possibilidades haverá daqui a alguns anos”, brinca o diretor, que ocasionalmente dirige filmes ou comerciais para televisão e há muito sonha realizar um filme biográfico sobre Rainer Werner Fassbinder. “Além disso, o próximo filme é sempre o mais importante. Pensando no futuro - acho isso saudável”.Depois de lançar ""O Caso Collini" na Alemanha, nada de férias ou um tempo sabático para o cineasta - após lançar seu longa mais recente na França, Grã-Bretanha, Israel, Japão e Holanda, Marco Kreuzpaintner se estabeleceu, pelo menos temporariamente, na Inglaterra, para o trabalho em uma nova série da AMC, Soulmates, estrelada por Malin Akerman e criada por William Bridges e Brett Goldstein. Assim como em Londres, ele recentemente encontrou um novo agente nos EUA que está de olho em projetos em inglês. No entanto, isso não significa afastar-se de casa, como ressalta em suas considerações finais: “Prefiro uma produção internacional que tenha alguma relação com a Alemanha. E já estou trabalhando em algumas coisas”.
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