Por Luiz Gomes Otero, jornalista e crítico musical.
Do título do álbum à escolha do Abbey Road Studios como o centro de gravação, Joe Bonamassa destaca a importância do blues britânico em sua formação musical. "Royal Tea", seu mais recente disco, é um álbum no qual ele contou com a ajuda de nomes conhecidos do estilo no Reino Unido, como o compositor Pete Brown, letrista de canções famosas do grupo Cream, além do veterano guitarrista Bernie Madsen, ex- Whitesnake e do músico Jools Holland. O resultado, como era de se esperar, ficou acima da média.
Com esse quadro, o ouvinte acredita que irá encontrar somente covers de canções consagradas, como aconteceu em seu álbum anterior (British Blues Explosion). Porém, acaba se surpreendendo com canções novas, com influências do blues britânico dos anos 60. E que mostram o quanto Bonamassa vem evoluindo nos últimos anos.
Ao invés de fazer um tributo convencional, Bonamassa e os seus parceiros optaram por toques sutis em dez faixas originais, que soariam tão novas nas gerações passadas quanto soam hoje. Há breves acenos como as dicas de Jeff Beck para serem encontradas em solos e ecos do tom aéreo de Eric Clapton em passagens mais lentas. Mas estas pistas surgem organicamente e nunca parecem forçadas ou imitadas.
A faixa título ("Royal Tea") é um dos grandes momentos desse álbum. Riffs de guitarra pontuados e rajadas de Órgão Hammond pilotado por Reese Wynans impulsionam os versos entre a interação de chamada e resposta inteligente entre Bonamassa e os vocalistas de apoio.
"I Didn't Think She Would Do It" é um blues rock acelerado bem ao estilo britânico nos anos 60. Exatamente como os Yardbirds (aquela banda que teve como guitarristas Eric Clapton, Jeff Beck e Jimmy Page) fazia no início. Mas posso citar ainda "Why Does It Take So Long To Say Goodbye" como outro ponto forte desse disco, assim como "Beyond The Silence".
De certa forma, isso era de se esperar, já que o blues britânico moldou o jovem Bonamassa e sempre influenciou seu estilo de tocar guitarra. Quando comparadas com a nostalgia básica, canções originais e nuances artísticas geralmente ganham o dia. E como bem definiu o release de divulgação: “a vontade de reconceber esta era em vez de apenas revisita-la torna Royal Tea um grande álbum e uma audição intrigante”. Vale a pena conferir esse trabalho.
"Royal Tea"
"Why Does It Take So Long To Say Goodbye"
"A Conversation With Alice"
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