Em entrevista, a diretora artística Joana Jabace fala sobre a nova leva de episódios de "Diário de Um Confinado", que tem seis crônicas que estrearam no Globoplay. Fotos: Globo/Divulgação“Está na hora de flexibilizar”. Este verso poderia ser incorporado à canção “Aa Uu”, dos Titãs, na trilha de abertura da segunda temporada de "Diário de Um Confinado". Os seis novos episódios da série, desta vez, exclusivos para o Globoplay, estrearam na plataforma na última sexta-feira, dia 25, e mostram o dia a dia de Murilo (Bruno Mazzeo), ainda cumprindo a quarentena mas, aos poucos, começando a – tentar – sair de casa.
A série, uma criação do casal Joana Jabace e Bruno Mazzeo, é escrita e protagonizada por ele e tem direção artística dela. A nova leva de crônicas conta com várias participações especiais: Letícia Colin, Tonico Pereira, Marcelo Novaes, Renato Góes, Luis Lobianco, Eduardo Sterblitch e Serjão Loroza, que se unem ao time já formado por Fernanda Torres, Joaquim Waddington, Débora Bloch, Renata Sorrah, Matheus Nachtergaele, Marcos Caruso e Lúcio Mauro Filho. Nesta entrevista, a diretora artística Joana Jabace fala sobre as gravações e os bastidores de "Diário de Um Confinado".
Vocês gostaram tanto da maratona de filmar em casa, com os filhos, em tempo recorde que resolveram repetir a dose?
Joana Jabace - Pois é... (risos) Quando a gente acabou a primeira temporada, tínhamos certeza – eu e Bruno – que seria uma primeira e única. Foi muito intenso, tudo muito novo, com uma dinâmica muito específica. Terminamos exaustos. Nunca passou pela nossa cabeça que entraríamos nessa jornada de novo. Mas o programa foi tão bem recebido, tanto de crítica quanto do retorno do público, os comentários sempre muito positivos, de amigos, conhecidos do meio, público nas redes sociais... Aí começamos a pensar: por que não?
A primeira temporada partiu de um desejo seu. E a ideia da segunda temporada, como surgiu?
Joana Jabace - Desta vez foi um convite da Globo, e, como a maioria das produções em que eu e o Bruno estamos envolvidos só volta no ano que vem, decidimos embarcar no projeto, que foi tão bem recebido. Por mais cansativo que tenha sido, foi muito prazeroso. Foi bom demais ter conseguido, termos nos exercitado numa dinâmica diferente, fazendo nosso trabalho de um jeito que nunca tínhamos feito. Topamos e estamos aqui mais uma vez!
Vocês estão prevendo algumas externas agora, mas o loft do Murilo ainda vai ser o principal set. Continua sendo na sua casa? E como vai ser essa divisão entre as externas e o apartamento? As conversas pelo computador continuam sendo um recurso também na segunda temporada?
Joana Jabace - Considero que essa segunda temporada é dividida em três fatias: uma delas continua sendo as cenas do Murilo no apartamento; uma outra fatia é o Murilo interagindo com outros personagens através de aplicativo de conversa, pelo computador. Ele fala com a analista, os amigos, a mãe. E tem uma terceira fatia, que é nova, quando o Murilo sai. Ele vai a um churrasco na casa de um amigo, dá uma volta de carro, vai à casa da vizinha, a um restaurante ao ar livre. Essa segunda temporada tem essa novidade que é de alguém que está tentando lidar com o mundo que está flexibilizando, mas que tem muito medo. Murilo é um paranoico nato, um angustiado.
Você acha que o personagem está ainda mais paranoico?
Joana Jabace - Sim. Ele está vendo que para a maioria das pessoas a vida voltou ao normal. Mas não voltou, ou não deveria ter voltado. O Murilo está vendo que pode dar problema a qualquer momento. Tem uma cena que ele sai para dar uma volta e sonha que tem vários “covidinhos” o atacando (risos).
Com as filmagens na sua casa por mais algumas semanas, como vai ficar sua rotina dessa vez? As crianças continuam com vocês no apartamento? O Glauco (Firpo, diretor de fotografia) está no projeto novamente?
Joana Jabace - O Glauco está com a gente de novo. Agora temos uma vantagem porque estamos flexibilizando com meus pais, que são pessoas que sempre me ajudaram na criação dos meninos (Joana e Bruno têm filhos gêmeos de três anos). Fizemos os testes novamente e minha mãe e meu pai têm nos ajudado. Acho que essa temporada vai ser mais tranquila em relação a isso.
A Débora Bloch, além de atuar na série, também terá uma outra função dessa vez?
Joana Jabace - Eu e a Débora somos muito amigas. Independente de trabalho, temos uma parceria de vida. E ela tem o desejo de começar a dirigir, de experimentar também esse ofício. Como sei disso, achei que era uma boa oportunidade. Ela viu que a equipe é pequena e se propôs a nos ajudar. Moramos no mesmo prédio, isso facilita muito. E ela está do meu lado, ajudando em tudo. Aquela coisa que a gente fala desde a primeira temporada, que não tem contrarregra, que não tem equipe de som. Ela se ofereceu para se juntar nessa equipe de três – eu, Glauco e Bruno – para ser a quarta pessoa. É uma vivência em direção e ela já está fazendo bastante coisa, até dirigindo algumas cenas sozinha.
No início do projeto, de certa forma, havia o anseio e a esperança de que falar sobre o dia a dia no confinamento se tornasse assunto velho, mas as coisas não mudaram tanto até agora. Como você se sente dando sequência às crônicas deste momento?
Joana Jabace - Pouca coisa mudou, e isso é angustiante. Cinco meses depois, e o Brasil continua nessa situação. Eu tenho andado bem angustiada com isso. A gente está num momento em que tento – apesar de ser muito difícil para mim – não fazer planos, não pensar muito na frente. Quando penso muito na frente, paraliso. Me dá tanta angústia, que travo. Isso também tem um lado bom, que é o exercício de viver intensamente o presente, não ficar querendo controlar tanto as coisas. Ainda estarmos em confinamento e o programa render uma segunda temporada que, obviamente, reflete que o Brasil ainda não saiu da quarentena, é triste e preocupante. Por outro lado, nos ajuda a passar por essa situação toda fazendo algo que nos dá muito prazer, que é o nosso trabalho. Apesar de cansativo, é muito prazeroso.
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