Em entrevista, Deborah Secco fala sobre o trabalho que alavancou sua carreira, de volta dia 7 de setembro no "Vale a Pena Ver de Novo". Foto: Globo/Sergio Zalis
Quando foi convidada para interpretar a espevitada Íris em "Laços de Família", Deborah Secco já trilhava um caminho bem-sucedido na TV. Começou na profissão ainda criança, e fez sucesso numa novela em horário nobre, "Suave Veneno", em 1999. A trama de Manoel Carlos, em 2000, foi um grande marco. "A Íris foi uma personagem onde eu pude trabalhar muitas nuances. Ela vivia uma mistura de sentimentos, e isso é muito rico para o trabalho do ator. O processo de criação foi um dos mais profundos da minha vida", conta Deborah.
Na entrevista abaixo, a atriz relembra o intenso processo de construção da personagem, os sentimentos que a reprise desperta, as principais lembranças que ficaram do trabalho e a personalidade da menina que mexeu com os ânimos do público. De volta a partir do dia 7 de setembro no "Vale a Pena Ver de Novo", "Laços de Família" é escrita por Manoel Carlos, com direção geral e de núcleo de Ricardo Waddington.
Quais sentimentos a notícia da exibição de Laços de Família no Vale a Pena Ver de Novo despertou em você?
Deborah Secco - Fiquei muito feliz em poder reviver "Laços de Família", uma das maiores alegrias que tive na profissão. A Íris mudou a minha vida. Ela foi o primeiro personagem popular da minha carreira. Muitos a adoravam, mas tinha muita gente que a odiava também. Eu mal conseguia sair na rua, o que para mim era maravilhoso. Sinal de que o trabalho que eu estava fazendo estava indo para um caminho legal. Nunca imaginei que ela seria tão lembrada 20 anos depois.
A que atribui o sucesso da personagem?
Deborah Secco - Atribuo o sucesso da Íris a ela ser muito humana. Uma pessoa com qualidades e defeitos, ao mesmo tempo em que em algumas atitudes ela era cruel. Foi uma personagem onde eu pude trabalhar muitas nuances. Ela tinha uma mistura de sentimentos. Invejosa em alguns momentos, em outros, generosa. Muito apaixonada pela família. Era aquela pessoa que ninguém ama, todo mundo aceita. Quando o pai e a mãe morrem ela vai morar de favor com a irmã, ninguém tem por ela uma afeição genuína de família. Acho que isso tocou muito o público e fez com que ela não virasse só uma vilã.
Como foi o processo de construção da Íris?
Deborah Secco - O processo de criação foi um dos mais profundos da minha vida, tentar entender a maneira de pensar e os sentimentos dessa menina... Eu lembro que fiz diversos textos sobre a vida da Íris, recortes e colagens sobre como eu achava que ela era. Participei da construção do figurino, sugeri o macacão, as chiquinhas... Eu achava que ela tinha aquele universo infantil de quem cresce longe da cidade grande.
Quais as principais lembranças que guarda do período de gravação?
Deborah Secco - Foi um período maravilhoso, uma das melhores novelas que eu já fiz. Era um elenco e uma equipe muito unida. O elenco virou uma família como no título da novela. Todo mundo era muito junto, muito amigo. Somos próximos até hoje.
Tem alguma cena que te marcou mais?
Deborah Secco - Várias cenas me marcaram. Lembro muito da primeira cena que gravei da novela, no interior do Rio Grande do Sul. Eu já começava em cima de um cavalo, e nunca tinha praticado andar a cavalo.
Relembre um pouco a trajetória e personalidade da personagem. O que mais te atraía nela?
Deborah Secco - O que mais me atraía era a dualidade da Íris, não saber o que esperar dela. Ela começa a trama no interior do Sul do Brasil com a família, até que o pai morre. Ela é louca para morar no Rio de Janeiro, e vai para a casa da irmã. Depois descobre que a Camila (Carolina Dieckmann) quer roubar o namorado da mãe, e fica louca com isso, passa a odiar a sobrinha para proteger a irmã. Foi uma trajetória muito interessante. O Maneco traz nas suas novelas essa simples complexidade das relações humanas que é incrível. Tenho eterna gratidão a ele e ao diretor Ricardo Waddington por terem me dado a oportunidade de viver uma personagem tão intensa como a Íris.
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