domingo, 27 de setembro de 2020

.: Entrevista: Bruno Mazzeo e a segunda temporada de "Diário de Um Confinado"


Em entrevista, o ator e dramaturgo Bruno Mazzeo fala sobre a n
ova leva de episódios de "Diário de Um Confinado" tem seis crônicas que estrearam no Globoplay. Fotos: Globo/Divulgação

“Está na hora de flexibilizar”. Este verso poderia ser incorporado à canção “Aa Uu”, dos Titãs, na trilha de abertura da segunda temporada de "Diário de Um Confinado". Os seis novos episódios da série, desta vez, exclusivos para o Globoplay, estrearam na plataforma na última sexta-feira, dia 25, e mostram o dia a dia de Murilo (Bruno Mazzeo), ainda cumprindo a quarentena mas, aos poucos, começando a – tentar – sair de casa. 

A série, uma criação do casal Joana Jabace e Bruno Mazzeo, é escrita e protagonizada por ele e tem direção artística dela. A nova leva de crônicas conta com várias participações especiais: Letícia Colin, Tonico Pereira, Marcelo Novaes, Renato Góes, Luis Lobianco, Eduardo Sterblitch e Serjão Loroza, que se unem ao time já formado por Fernanda Torres, Joaquim Waddington, Débora Bloch, Renata Sorrah, Matheus Nachtergaele, Marcos Caruso e Lúcio Mauro Filho. Nesta entrevista, Bruno Mazzeo dá uma prévia de como serão os novos episódios e conta a quantas anda o ânimo de Murilo. 
    

Conte um pouco como serão esses novos episódios.    
Bruno Mazzeo - A gente começa agora a falar um pouco do mundo que vamos encontrar aí fora. Murilo vai ter um encontro com amigos – mas completamente dentro dos protocolos (risos). É uma coisa que todo mundo está sentindo muita falta. Ele vai passar também por uma coisa que eu passei e que muita gente passou, que é fazer o aniversário na quarentena. Murilo vai continuar com seus altos e baixos de humor e vai tentar dar esse passinho na flexibilização. Mas ele está mais neurótico. Quanto mais relaxamento vai tendo, menos o Murilo fica relaxado.

    
Você já falou que uma das coisas das quais mais tem sentido falta nesse tempo de isolamento são dos seus amigos e de fazer coisas simples com eles. Que outras situações serviram de inspiração para os novos episódios?    
Bruno Mazzeo - Muita coisa! Às vezes, não é o assunto como um todo, mas tudo parte de sensações e vivências minhas ou da equipe, isso não tem jeito. E vai ter sempre, não dá para escapar e eu não conseguiria nem dizer coisas pontuais. Mas, pincelada por tudo, está a autobiografia.    

   
Alguns personagens voltam, como a mãe, a terapeuta, a vizinha... E outros novos personagens chegam, como o tio, a ex-namorada, mais uma turma de amigos. São novamente pessoas com as quais vocês já têm algum tipo de parceria?   
Bruno Mazzeo - Eu e Letícia (Colin) já íamos trabalhar juntos em um outro projeto, Joana também já a dirigiu e a adora. Tonico (Pereira) conheço há muitos anos. Renatinho (Renato Góes) é um amigo antigo, um cara que adoro. Acabamos caindo de novo um pouco nisso, de buscar pessoas próximas. O tempo de pré-produção é muito curto, então não daria para descobrir uma relação. Ainda bem que tenho vários amigos muito talentosos!   
     

Fazer a primeira temporada foi uma maratona. Em cerca de um mês e meio todo o processo de escrita, filmagem, finalização e lançamento ficou pronto. Dessa vez vai ser assim também? Em qual timing vocês estão trabalhando?     
Bruno Mazzeo - Vamos começar a gravar dessa vez com todos os episódios escritos, mas o cronograma está muito parecido com o da primeira temporada. Não é uma temporada com tantos episódios dessa vez (agora são seis, na primeira foram 12), mas porque eu achei que, se tomasse mais tempo para escrever, poderia perder algum timing. E significaria estrear depois, jogar tudo lá pra frente. E a precisão do tempo é algo que eu não queria perder. Achei que seis episódios dariam certinho para escrever, gravar e estrear logo. Sem contar que vamos enlouquecer um pouquinho menos (risos).   
    

Vocês começam a sair um pouquinho mais para gravar, mas ainda tem uma boa parte das cenas em casa. Como vai ser a rotina de vocês?
Bruno Mazzeo - Tudo igual! Glauco (Firpo, diretor de fotografia) ocupou de novo o quarto do João, meu filho mais velho. Continuamos do mesmo jeito, só a gente, mas agora com a ajuda da nossa vizinha e amiga Débora Bloch. As externas são na esquina, em lugares bem próximos de casa. O programa não cresceu no sentido de produção. Tudo foi feito igualzinho, e viramos a vida de cabeça para baixo de novo (risos).   
   

Como você se sente dando sequência às crônicas deste momento?   
Bruno Mazzeo - Eu não esperava... achava que fôssemos ter uma primeira e única temporada, que não haveria mais assunto, por ser algo muito pontual. Mas foi tão legal, a repercussão foi tão boa. E, quando isso acontece, dá vontade de fazer mais. As pessoas pediram muito nas redes sociais. Este projeto todo foi muito emocionante. Quando pintou a proposta por novos episódios, algumas coisas estavam acontecendo de diferente, como esse princípio de flexibilização, então achamos que valia a pena dar essa sequência. Não dava para desperdiçar essa oportunidade. Estamos conseguindo ter assuntos novos em função disso.  

   
Quais são as histórias da quarentena que você acha que ainda dá para contar mas que ainda não entraram na segunda temporada? Você tem outros temas na cabeça? Pode vir mais coisa por aí?     
Bruno Mazzeo - Dessa vez eu encerrei o texto dizendo apenas “fim da segunda temporada”. Em "Cilada", na terceira temporada eu disse “acabou”. Durou sete. Na "Escolinha", na segunda temporada eu falei “acho que deu, né?”. Já estamos na sétima também. Eu não acerto muito esses prognósticos. Mas novos temas na cabeça, não tenho. A gente continua tendo as limitações do protocolo, flexibilizamos dentro do protocolo, não apelamos para um cenário muito diferente. Mantivemos a essência da série. A brincadeira foi essa e funcionou muito, então não quisemos perder isso de nenhuma maneira. Isso serviu já na concepção, no texto. Queríamos continuar sendo essa produção caseira, mas não amadora.



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