quinta-feira, 6 de agosto de 2020

.: Joyce Cândido e António Zambujo em “Queria Morar num Boteco”


Suingue brasileiro e português em "Queria Morar num Boteco". Música e clipe criados à distância apresentam o próximo álbum da cantora, “Samba Nômade”

O isolamento na Europa e no Brasil rendeu frutos além-mar para a brasileira Joyce Cândido e o português António Zambujo. Juntos, eles gravaram o divertido samba “Queria Morar Num Boteco”, música que tem no refrão a frase quase desenhada para os dias de quarentena: “O fato é que eu moro num apartamento, mas queria mesmo é morar num boteco”.

Composta pelo mineiro Roger Resende, a música ganhou produção suingada do carioca Rodrigo Campello, e é o primeiro single do novo álbum da cantora, “Samba Nômade”, que será lançado este ano, e marca a primeira ação de Joyce e Zambujo, de olho no intercâmbio Rio-Lisboa.

“A música tem aquela pitada de bom humor, bate papo, birita e petisco de boteco. Convidei amigos de várias partes do mundo e criamos uma atmosfera de barzinho virtual, cada um em sua casa, interagindo com o samba. A participação de António Zambujo foi um grande presente, pois adoro o trabalho dele e Portugal é minha segunda casa, caiu como uma luva no conceito do Samba Nômade, e na virtualidade que o momento atual nos impõe”, conta Joyce, que também tem cidadania portuguesa, de sua casa no Rio de Janeiro.

Já António Zambujo, em Lisboa, está animado e na expectativa da repercussão do samba. “É uma música muito divertida, com boa energia e que retrata muito bem aquilo que eu sinto neste momento: preferia muito mais estar num boteco do que confinado no meu apartamento”, diz o cantor.

A irônica frase repetida pelos cantores no refrão tornou-se mote para o clipe da música, dirigido por Roberto Pontes. Na história, Joyce, António e quase 100 convidados se preparam para ir ao boteco, mas esbarram nos limites da quarentena.

“O vídeo tem amigos e parceiros nossos espalhados pelos quatro cantos do planeta: Brasil, Japão, Alemanha, Holanda, Estados Unidos, Itália, Portugal, França, República Tcheca, entre outros. Todos isolados e animados”, brinca Joyce. “Cada um utilizou seu próprio celular para capturar as imagens em suas casas e nós editamos tudo numa grande festa privada, com direito a bebidas, drinks, petiscos e muita alegria, além de uma roda de samba virtual compartilhada por todos via computador”, adianta ela. 

Neta de portugueses, esta tem sido uma grande oportunidade de Joyce Cândido se reaproximar do País. O primeiro show dela por lá foi em 2012, quando conheceu sua família lusitana, espalhada em várias cidades, partindo de Serra da Estrela, terra de sua avó. Desde então, vem se apresentando todos anos no País: Lisboa, Porto, Ilha da Madeira e Guarda foram alguns destinos da artista. A parceria de Joyce com António Zambujo marca uma nova etapa de sua carreira e estreita ainda mais o laços com o país europeu.

A Artista 
Joyce Cândido nasceu em Assis, cidade do interior de São Paulo, mas cresceu em Maracaí, logo ao lado, com 14 mil habitantes. Começou a estudar música e dança na infância. Se formou em piano no Conservatório Carlos Gomes de Marília, SP. Fez Faculdade de música em Londrina, Paraná. Depois morou em Nova Iorque por três anos, onde estudou na Broadway.

De volta ao Brasil, instalou-se no Rio de Janeiro. E daí para o mundo. Foi premiada como melhor cantora brasileira nos EUA em 2010 e como Embaixadora da Música Brasileira no Japão em 2018. A vida dessa cantora, compositora, pianista e bailarina sempre foi marcada pela itinerância. Territorial e simbólica. Nas turnês nacionais e internacionais, Joyce está habituada a montar shows com músicos locais. Por ser musicista, domina com eficiência a dinâmica do show e arregimenta a banda com propriedade.

"Samba Nômade" é um marco na vida da artista, que prepara o lançamento do sexto álbum de sua carreira. Composto por dez faixas inéditas, foi produzido por 4 produtores musicais distintos: Alceu Maia, Rodrigo Campello, Fernando Merlino e Leonardo Bessa. Aí já podemos sentir a verve nômade de Joyce. Olhares diferentes para uma mesma obra, que mescla composições de vários autores  e da própria cantora, alicerçados por diversas vertentes do samba.

Dentre as canções, destacam-se as dos compositores manauaras Flávio Pascarelli e Paulo Onça, uma frutífera ligação através do projeto Conexão Rio-Manaus. O compositor paraense André da Mata traz também sua contribuição ao repertório, bem como o carioca Guilherme Sá, que assina parceria com Joyce Cândido e também uma homenagem à cantora, ao lado do mangueirense Deivid Domênico. Outra música de destaque é Queria morar num boteco, do compositor mineiro Roger Resende. O álbum  conta com as participações especiais de João Cavalcanti e do português António Zambujo.

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