domingo, 1 de março de 2020

.: Entrevista com Ricardo Soares: "A arte é a única esperança"


Por Helder Moraes Miranda, editor do Resenhando.


Escritor, jornalista, roteirista, diretor de TV, Ricardo Soares tem uma história na imprensa brasileira. Dirigiu, apresentou e escreveu para a TV Cultura, CNT/Gazeta, Bandeirantes, Manchete, Rede Sesc/Senac, TV Brasil, TV Pública de Angola, TVT- TV dos Trabalhadores, GNT entre outras. Editeou as revistas Raiz, Trip e HV e foi conselheiro editorial da Rolling Stone e um dos criadores do programa Metrópolis da TV Cultura do qual foi o primeiro apresentador. 

Também foi repórter do Caderno B do Jornal do Brasil e tomou parte da equipe fundadora do Caderno 2 do Estadão. No mesmo jornal, foi cronista de 1993 a 1998. De 1998 a 2001, seguiu para o Jornal da Tarde. De 1998 a 2005 dirigiu, escreveu e apresentou "Literatura" e "Mundo da Literatura" exibido em várias emissoras abertas e fechadas.  É co-autor das peças "Olho da Rua" e "Quatro Estações". Autor de sete livros publicados como "Cinevertigem" (ed. Record). Dirigiu mais de uma dúzia de documentários e séries documentais para várias emissoras de TV. 

Publicou todos os dias durante um ano no site www.revistapessoa.com o 365- Diário do Anonimato do Mundo. Uma história por dia. Cada dia um lugar do mundo. Escreve duas vezes por semana para a revista digital Dom Total em www.domtotal.com. Entusiasta da comunicação pública, também foi gerente de produção da TV Brasil e diretor de conteúdo e programação da EBC.

RESENHANDO - O que há de diferente no Ricardo Soares de "Cinevertigem" e no Ricardo Soares que irá lançar o livro em maio?
RICARDO SOARES - Entre "Cinevertigem" e "Devo a Eles Um Romance", a ser lançado em maio, ainda há "Amor de Mãe" lançado em 2017. Modestamente tento não me repetir. Um livro nada tem a ver com o outro.


RESENHANDO - Sobre o que é esse novo romance?
RICARDO SOARES - Posso adiantar que é um livro que usando como pano de fundo a criação de um grupo de poesia alternativa em São Paulo, nos fins dos anos 70, faz um panorama daquela época e o contextualiza para os dias de hoje. Afinal, deve-se àquela geração um romance que a explique? Ou não?


RESENHANDO - O que tem de autobiográfico na literatura que você produz? 
RICARDO SOARES - Volto ao clichê que toda literatura tem uma enorme porcentagem de autobiografia. No caso do livro novo eu diria que até mais. Diria que são "memórias inventadas".


RESENHANDO - 
Voltando ao universo de "Cinevertigem", a pergunta é: sacar ou baixar armas?

RICARDO SOARES - Acho que hoje em dia a metáfora de sacar ou baixar armas pode ser perigosa num contexto beligerante que o país vive. Mas esmorecer, jamais.


RESENHANDO - Podemos ter esperança no que se refere às artes hoje? Por quê?

RICARDO SOARES - A arte é a única esperança.


RESENHANDO - Você é escritor, jornalista, documentarista... Como essas profissões tão diferentes e parecidas constroem o seu perfil?
RICARDO SOARES - Acho que me fazem ver a vida que vivemos como um enorme mix. A vida como uma louca coqueteleira onde misturamos tempos , pessoas e lugares. Separar o joio do trigo é que é o grande desafio.



RESENHANDO - Responda a uma provocação feita em um título de um livro seu: "O Brasil é feito por nós"?
RICARDO SOARES - O Brasil sempre será feito por todos nós. Não por uma única hegemonia que se pretende dona de todas as verdades.


RESENHANDO - 
Como foi a experiência de ser cronista de O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde?

RICARDO SOARES - À sua época foi uma experiência muito boa. Era um mundo ainda analógico onde os leitores "respondiam" de outra maneira. Para mim, ainda jovem, foi uma experiência muito enriquecedora.


RESENHANDO - Que características uma crônica deve ter para ser considerada boa?

RICARDO SOARES - Copio aqui o conselho do mestre Gabriel García Márquez: "uma crônica como qualquer texto deve procurar ganhar o leitor no primeiro parágrafo".

RESENHANDO - E um texto? Quando você o considera bem escrito? 
RICARDO SOARES - Quando ele deixa claro o que, afinal, o escritor está querendo dizer. A prolixidade é mortal pra um texto.


RESENHANDO - Pelas suas andanças, pessoais e profissionais, você já passou por Brasil, Portugal, Colômbia e Angola. Quais as diferenças e semelhanças entre esses países?
RICARDO SOARES - São tantas diferenças e tantas semelhanças que fica difícil enumerar. Mas creio que Brasil e Colômbia tem muito mais semelhança do que supõe a nossa vã filosofia.


RESENHANDO - O melhor do Brasil é, de fato, o brasileiro?
RICARDO SOARES - O brasileiro é, sim, o melhor do Brasil. Sigo acreditando na utopia defendida por Darcy Ribeiro: "mestiço é que é bom".


RESENHANDO - Quem são seus escritores favoritos?

RICARDO SOARES - São muitos. Um só é impossível dizer. Prefiro responder com os autores que estão na prateleira acima do computador onde escrevo e que guarda os meus preferidos: Borges, García Márquez, Paul Theroux, Vargas Llosa, Henry Miller, Bioy Casares, Cortázar, Joel Silveira.


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