Por Helder Moraes Miranda, editor do Resenhando.
Também foi repórter do Caderno B do Jornal do Brasil e tomou parte da equipe fundadora do Caderno 2 do Estadão. No mesmo jornal, foi cronista de 1993 a 1998. De 1998 a 2001, seguiu para o Jornal da Tarde. De 1998 a 2005 dirigiu, escreveu e apresentou "Literatura" e "Mundo da Literatura" exibido em várias emissoras abertas e fechadas. É co-autor das peças "Olho da Rua" e "Quatro Estações". Autor de sete livros publicados como "Cinevertigem" (ed. Record). Dirigiu mais de uma dúzia de documentários e séries documentais para várias emissoras de TV.
Publicou todos os dias durante um ano no site www.revistapessoa.com o 365- Diário do Anonimato do Mundo. Uma história por dia. Cada dia um lugar do mundo. Escreve duas vezes por semana para a revista digital Dom Total em www.domtotal.com. Entusiasta da comunicação pública, também foi gerente de produção da TV Brasil e diretor de conteúdo e programação da EBC.
RESENHANDO - O que há de diferente no Ricardo Soares de "Cinevertigem" e no Ricardo Soares que irá lançar o livro em maio?
RICARDO SOARES - Entre "Cinevertigem" e "Devo a Eles Um Romance", a ser lançado em maio, ainda há "Amor de Mãe" lançado em 2017. Modestamente tento não me repetir. Um livro nada tem a ver com o outro.
RESENHANDO - Sobre o que é esse novo romance?
RICARDO SOARES - Posso adiantar que é um livro que usando como pano de fundo a criação de um grupo de poesia alternativa em São Paulo, nos fins dos anos 70, faz um panorama daquela época e o contextualiza para os dias de hoje. Afinal, deve-se àquela geração um romance que a explique? Ou não?
RESENHANDO - O que tem de autobiográfico na literatura que você produz?
RICARDO SOARES - Volto ao clichê que toda literatura tem uma enorme porcentagem de autobiografia. No caso do livro novo eu diria que até mais. Diria que são "memórias inventadas".
RESENHANDO - Voltando ao universo de "Cinevertigem", a pergunta é: sacar ou baixar armas?
RICARDO SOARES - Acho que hoje em dia a metáfora de sacar ou baixar armas pode ser perigosa num contexto beligerante que o país vive. Mas esmorecer, jamais.
RESENHANDO - Podemos ter esperança no que se refere às artes hoje? Por quê?
RICARDO SOARES - A arte é a única esperança.
RESENHANDO - Você é escritor, jornalista, documentarista... Como essas profissões tão diferentes e parecidas constroem o seu perfil?
RICARDO SOARES - Acho que me fazem ver a vida que vivemos como um enorme mix. A vida como uma louca coqueteleira onde misturamos tempos , pessoas e lugares. Separar o joio do trigo é que é o grande desafio.
RESENHANDO - Responda a uma provocação feita em um título de um livro seu: "O Brasil é feito por nós"?
RICARDO SOARES - O Brasil sempre será feito por todos nós. Não por uma única hegemonia que se pretende dona de todas as verdades.
RESENHANDO - Como foi a experiência de ser cronista de O Estado de S. Paulo e Jornal da Tarde?
RICARDO SOARES - À sua época foi uma experiência muito boa. Era um mundo ainda analógico onde os leitores "respondiam" de outra maneira. Para mim, ainda jovem, foi uma experiência muito enriquecedora.
RESENHANDO - Que características uma crônica deve ter para ser considerada boa?
RICARDO SOARES - Copio aqui o conselho do mestre Gabriel García Márquez: "uma crônica como qualquer texto deve procurar ganhar o leitor no primeiro parágrafo".
RESENHANDO - E um texto? Quando você o considera bem escrito?
RICARDO SOARES - Quando ele deixa claro o que, afinal, o escritor está querendo dizer. A prolixidade é mortal pra um texto.
RESENHANDO - Pelas suas andanças, pessoais e profissionais, você já passou por Brasil, Portugal, Colômbia e Angola. Quais as diferenças e semelhanças entre esses países?
RICARDO SOARES - São tantas diferenças e tantas semelhanças que fica difícil enumerar. Mas creio que Brasil e Colômbia tem muito mais semelhança do que supõe a nossa vã filosofia.
RESENHANDO - O melhor do Brasil é, de fato, o brasileiro?
RICARDO SOARES - O brasileiro é, sim, o melhor do Brasil. Sigo acreditando na utopia defendida por Darcy Ribeiro: "mestiço é que é bom".
RESENHANDO - Quem são seus escritores favoritos?
RICARDO SOARES - São muitos. Um só é impossível dizer. Prefiro responder com os autores que estão na prateleira acima do computador onde escrevo e que guarda os meus preferidos: Borges, García Márquez, Paul Theroux, Vargas Llosa, Henry Miller, Bioy Casares, Cortázar, Joel Silveira.
Quando vejo que não li nada de um cara como esse, entendo porque ninguém leu nada meu.
ResponderExcluirHomem talentoso, peculiar e de escrita rara. Fã.
ResponderExcluirHomem talentoso, peculiar e de escrita rara. Fã.
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