Sucesso de público e crítica, "Morte Acidental de Um Anarquista", escrita no inicio dos anos 70, cumpre temporada no Teatro Alfredo Mesquita, até 1º de março, com entrada gratuita. A irreverente comédia de Dario Fo já vista por mais de 250 mil espectadores e fez turnê em 27 das principais cidades brasileiras.
A peça parte de um caso verídico, uma controversa investigação de um caso ocorrido em Milão, em 1969, e tem como pano de fundo os ataques a bomba que feriram e mataram dezenas de pessoas nas cidades de Milão e Roma. O mote é o suposto suicídio de um anarquista acusado pelos atentados que teria se jogado da janela do prédio da polícia durante o interrogatório. O caso ficou nebuloso com as diversas versões e incoerências nos depoimentos dos policiais envolvidos, porém ninguém foi condenado por falta de provas.
Um ano após o episódio na história da Itália, Dario Fo estreou sua peça ficcional, uma comédia, que coloca dentro da delegacia naquele dia a figura de um louco revelando práticas de torturas física e psicológica nos interrogatórios policiais. Na dramaturgia, o louco é acusado de falsidade ideológica, por se passar por outras pessoas, porém se revela mais esperto que o delegado e, ali mesmo, engana a todos fingindo ser um juiz.
O que teria acontecido realmente naquele dia? O anarquista se jogou ou fora jogado do quarto andar? A polícia afirma que o anarquista teria se jogado pela janela do quarto andar, a imprensa e a população acreditam que ele tenha sido jogado. O louco brincando com o que é ou não é real vai desmontando o poder e revelando a verdade ao assumir várias identidades como médico cirurgião, psiquiatra, bispo, engenheiro naval, entre outras, além de juiz. Os espectadores se tornam aliados tanto do ator quanto do personagem e ao serem convidados a participar trazem à tona flashes do momento político atual do país para ajudá-lo na reconstituição do suposto crime.
"Morte Acidental de Um Anarquista" é a peça mais conhecida e premiada de Dario Fo. Montada no mundo inteiro, recentemente, em Londres, foi encenada com referências ao caso Jean Charles (brasileiro que ficou conhecido após ser confundido e assassinado erroneamente pela Scotland Yard no Metrô de Londres). No Brasil, já foi montada com Antonio Fagundes e Sérgio Britto como protagonistas em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Nesta montagem, há quatro anos em cartaz, com direção de Hugo Coelho, o público é saudado pelo elenco no hall do teatro e convidado a entrar na sala de espetáculo. Já no palco o elenco conta rapidamente o que aconteceu na vida real e explica o porquê de montar o espetáculo, seguindo a estratégia que Dario Fo utilizava em suas apresentações visando uma aproximação e reconhecimento do público. Em seguida, os espectadores são convidados a tirar dúvidas a respeito do caso e, só depois de todos estarem prontos, o espetáculo começa.
Sinopse
Um louco cuja doença é interpretar pessoas reais é detido por falsa identidade. Na delegacia ele vai enganando uma a um, assume várias identidades e se passa por um juiz na investigação do misterioso caso do anarquista. Brincando com o que é ou não é real o Louco desmonta o poder e acaba descobrindo as verdades escondidas por todos.
Ficha Técnica
"Morte Acidental de Um Anarquista"
Texto: Dario Fo. Tradução: Roberta Barni. Direção: Hugo Coelho. Elenco: Marcelo Laham, Henrique Stroeter, Claudinei Brandão, Alexandre Bamba, Maira Chasseraux e Rodrigo Bella Dona. Sons ao vivo: Demian Pinto. Cenário: Marco Lima. Figurino: Fause Haten. Iluminação: Hugo Coelho. Assistente de Direção: Maira Chasseraux. Assessoria de imprensa: Morente Forte. Projeto gráfico: Denise Bacellar. Foto de estúdio: Heloísa Bortz. Fotos de cena: Erik Almeida. Filmagens e edições para web: Tropico Filmes. Realização: RMR Produção Artística Ltda. e 10ª Edição do Prêmio Zé Renato de Teatro para a cidade de São Paulo – Secretaria Municipal de Cultura.
Serviço
"Morte Acidental de Um Anarquista" Teatro Alfredo Mesquita (198 lugares). Avenida Santos Dumont, 1770 - Santana. Informações: (11) 2221-3657. Estacionamento gratuito no local. Sexta e sábado, às 21h, domingo, às 19h. Ingressos gratuitos. Distribuição será realizada uma hora antes da apresentação. Duração: 90 minutos.
Classificação indicativa: dez anos. Gênero: comédia. Estreou em 23 de setembro de 2015. Reestreou dia 31 de janeiro de 2020. Temporada: até 1º de março.
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