quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

.: Espetáculo "Black Brecht: E se Brecht fosse Negro?" volta em cartaz


Com direção de Eugênio Lima e dramaturgia de Dione Carlos, espetáculo é livrementevinspirada na peça O Julgamento de Luculus, de Bertolt Brecht. Foto: Cristina Maranhão

Espetáculo "Black Brecht: E se Brecht fosse Negro?", montagem do coletivo Legítima Defesa livremente inspirada na peça "O Julgamento de Luculus", de Bertolt Brecht volta em cartaz no Centro Cultural São Paulo, Espaço Cênico Ademar.

Perante o Supremo Tribunal do Reino das Sombras apresenta-se Luculus Brasilis, o general civilizador, que precisa prestar contas da sua existência na terra para saber se é digno de adentrar no Reino dos Bem-Aventurados. Sob a presidência do juiz dos Mortos, cinco jurados participam do julgamento: um professor, uma peixeira, um coveiro, uma ama de leite e um não-nascido. Estão sentados em cadeiras altas, sem mãos para segurar nem bocas para comer, e os olhos há muito apagados. Incorruptíveis.

O diretor Eugênio Lima, partiu das questões centrais da obra de Brecht para a concepção da montagem. “Pensamos nas dimensões que unem classe, raça e gênero e também o legado colonial dessa construção social. A partir daí convidamos a dramaturga Dione Carlos para trabalhar junto com o grupo. Construímos a peça em três tempos não lineares: o tempo dos vivos, o tempo dos mortos e o tempo dos não nascidos. Para quebrar com essa linearidade, esses tempos se tocam. É o que chamo de uma oferenda na esquina do futuro. A gente precisa recuperar a capacidade de imaginar outros futuros e para isso é preciso desconstruir o legado colonial sobre o passado. Carregar as memórias dos nossos ancestrais e trazer para dentro da nossa vida cotidiana”, fala o diretor.

Durante a pesquisa o coletivo Legítima Defesa se debruçou sobre aquilo que começou como uma provocação: E se Brecht fosse Negro? Nesta provocação, qual seria o lugar ocupado pela raça? Sua obra seria lida por uma perspectiva interseccional? Unindo classe, raça e gênero? Seria possível construir um espetáculo sobre uma perspectiva afro brasileira diaspórica da obra e dos procedimentos de Brecht?

O espetáculo estreou no Sesc Pompeia no dia 18 de abril de 2019. A trama da peça foi construída durante uma ocupação do Legítima Defesa, no próprio Sesc Pompeia, em novembro de 2017. Em março de 2018, também na Unidade, foi apresentado ao público mais uma etapa, com um módulo de imersão (encenação). Em junho de 2018 o projeto Black Brecht: E se Brecht Fosse Negro? Foi comtemplado com o Prêmio Zé Renato de apoio à produção e desenvolvimento da atividade teatral para a cidade de São Paulo. A peça foi eleita pelo Guia da Folha entre as melhores estreias do ano de 2019 e, também foi escolhida pelo blog Cacilda, da fotógrafa Lenise Pinheiro, para figurar entre os destaques do ano.

Sobre o Legítima Defesa
O Legítima Defesa é um coletivo de artistas/atores/atrizes de ação poética, portanto política, da imagem da "negritude", seus desdobramentos sociais históricos e seus reflexos na construção da "persona negra" no âmbito das linguagens artísticas. Constituindo desta forma um diálogo com outras vozes poéticas que tenham a reflexão e representação da "negritude" como tema e pesquisa.

“Este ato de guerrilha estética surge da impossibilidade, surge da restrição, surge da necessidade de defender a existência, a vida e a poética. Surge do ato de ter voz. Ser invisibilizado é desaparecer, desaparecer é perder o passado e interditar o futuro, portanto não é uma opção”.

Formado em 2015, o coletivo apresentou a performance poético-política Em Legítima Defesa na Mostra internacional de Teatro de São Paulo de 2016. Em 2017, estreou o espetáculo "A Missão em Fragmentos – 12 Cenas de Descolonização em Legítima Defesa" na programação da Mostra internacional de Teatro. Tem em sua bagagem uma série de Intervenções Urbanas. 

Ficha Técnica
Direção: Eugênio Lima. Dramaturgia: Dione Carlos. Intervenção dramatúrgica: Legítima Defesa. Elenco: Eugênio Lima, Walter Balthazar, Luz Ribeiro, Jhonas Araújo, Palomaris Mathias, Tatiana Rodrigues Ribeiro, Fernando Lufer, Luiz Felipe Lucas, Luan Charles, Marcial Macome e Gilberto Costa. Coprodução: Associação Cultural Núcleo Corpo Rastreado e Umbabarauma Produções Artísticas. Produção executiva: Iramaia Gongora e Gabi Gonçalves. Assistência de direção: Iramaia Gongora. Assistência de Produção: Thaís Souza. Direção Musical: Eugênio Lima e Neo Muyanga. Música: Luan Charles, Eugênio Lima, Neo Muyanga, Roberta Estrela D’Alva, Dropê Selva, Suyá Nascimento, Atila F. Silva, Everton Martins, Danilo Rocha, Thiago Bernardes e Pedro Teixeira. Cenário: Renato Bolelli. Iluminação: Matheus Brant. Fotografia: Cristina Maranhão. Vídeointervenção: Bianca Turner. Vídeodocumentário e filme: Ana Júlia Travia. Trilha do filme: letra Azagaia, voz Roberta Estrela D’alva, música Eugenio Lima. Figurino: Claudia Schapira. Direção de gesto: Luaa Gabanini. Preparação corporal e coreografia: Luaa Gabanini e Iramaia Gongora. Spoken word e preparação vocal: Roberta Estrela D'Alva. Danças urbanas africanas: Mister Prav. Direção de arte gráfica: Jader Rosa. Design: Juliana Aguiar e Renan Magalhães - Estúdio Lumine. Operador de som: João de Souza Neto, Clevinho Souza e Vivi Santana. Cenotécnico: Wander Wagner da Silva. Costureira: Cleusa Amaro da Silva Barbosa. Gravação, edição, mixagem e masterização: Rodrigo Locaut. Imagem de vídeo: Sabotage: "Respeito É Pra Quem Tem"- Tatiana Lohmann. Fotografia Baobá: Daniel Lima. Estandarte: Renato Caetano.

Serviço:
"Black Brecht: e se Brecht Fosse Negro?"
Até 1º de março - Sextas e sábados, às 21h. Domingos, às 20h. Importante: dias 21, 22 e 23 de fevereiro não haverá apresentação. Duração: 110 minutos. Classificação etária: 18 anos. Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$10 (meia-entrada).

Centro Cultural São Paulo
Espaço Ademar Guerra - Rua Vergueiro, 1000, Paraíso - São Paulo. Vendas pelo site Sympla (www.sympla.com.br) ou na bilheteria do Centro Cultural São Paulo 2 horas antes do início da peça. Capacidade: 70 lugares. Informações: (11) 3397-4002.

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