Por Oscar D’Ambrosio, jornalista e crítico de arte.
Não são poucos os que apontam “O Irlandês” como o principal favorito para os prêmios Oscar a serem entregues em 2020. O filme de Martin Scorsese tem como um de seus pontos altos as interpretações de Joe Pesci, Robert de Niro e Al Pacino, respectivamente no papel de um líder da máfia, um assassino e um líder sindical, o célebre Jimmy Hoffa.
As relações de poder entre os três ganham diversas conotações e temperaturas durante o filme. Fica evidente que, mesmo no competitivo mundo da máfia, o equilíbrio emocional é importante. Pesci interpreta o líder calmo que evita o uso da violência até o último momento, mas, quando assim decide, sua postura é fria e definitiva.
Cabe a Robert de Niro o papel do caminhoneiro que ingressa no mundo da máfia como transportador de carnes, passando para a esfera sindical e para a ação como matador profissional e guarda-costas de confiança de Jimmy Hoffa (Al Pacino), o maior líder da categoria e perseguido pelo clã Kennedy.
Pacino dá ao líder Hoffa a coloratura de um personagem operístico, que oscila entre o histriônico populista e o delicado admirador de crianças e da esposa. Sua obsessão pelo poder leva a uma morte até hoje não esclarecida. Ele simplesmente desapareceu não se sabe como, e seu corpo nunca foi encontrado
O saldo de toda essa jornada é violento e sanguinário, mas também humano. Cada personagem tem suas motivações e arrependimentos. Muito mais que julgar, o filme expõe situações, intolerâncias e relações caracterizadas pelos laços com o poder e de amizade. Os intolerantes com as diferenças, nesse contexto, são mais rapidamente exterminados.
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