Por Oscar D’Ambrosio, jornalista e crítico de arte.
Por que os alunos mais brilhantes geralmente não são bem aceitos no sistema educacional? Por que todos falam que a educação tem que mudar, mas poucos têm a coragem de efetivar essas transformações? Por que a educação parece estar em um beco sem saída, perdida em reflexões muitas vezes teóricas sem aplicação prática?
Algumas dessas questões podem começar a ganhar luz ao assistir ao filme francês “A Melodia”, que trata de um erudito professor de violino que vai lecionar o instrumento em uma humilde escola parisiense. Encontra adolescentes desmotivados, agressivos e que convivem com conflitos e preconceitos por serem filhos de famílias de imigrantes negros ou árabes.
A direção de Rachid Hami privilegia a relação entre o professor e um menino negro que revela grande talento. Inicialmente pode-se pensar que ambos estão lá desperdiçando o seu tempo. O músico, por abrir mão de sua carreira pelo envolvimento com as crianças; e o menino, por dedicar-se a uma atividade que aparentemente não renderá retorno financeiro.
O essencial está na discussão do papel da cultura no universo educacional. Ninguém discute que ela precisa ocupar um lugar primordial, mas o entendimento do que é cultura e quais manifestações devem ser valorizadas passa por interpretações. É preciso, portanto, tornar o espaço da cultura uma reflexão sobre o que significa ser uma pessoa integrada á sociedade.
Como bem diz o professor, o mais importante é que as pessoas se divirtam naquilo que fazem. A técnica é importante no tocar o instrumento e no educar, mas, se não houver prazer, qualquer fazer perde o sentido. É na alegria de interpretar uma música e no sentimento que cada nota expressa que a raça humana pode se aprimorar de alguma maneira.
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