sábado, 11 de janeiro de 2020

.: Espetáculo "Floresta", de Alexandre Dal Farra, estreia no Sesc Ipiranga

"Floresta", espetáculo com texto e direção de Alexandre Dal Farra, estreia dia 16 de janeiro no Sesc Ipiranga. Na trama, um pai, uma mãe e uma filha encontram-se refugiados em uma casa isolada no meio da mata. A família recebe dois visitantes inesperados e uma tensão se estabelece. A peça levanta uma reflexão sobre o medo irracional e inexplicável que as pessoas têm diante do desconhecido. Peça cria reflexão sobre o medo irracional e inexplicável que as pessoas têm diante do desconhecido. Fotos: Otávio Dantas


Expoente da dramaturgia paulistana atual, o autor e diretor Alexandre Dal Farra estreia seu novo espetáculo, "Floresta", no dia 16 de janeiro de 2020, no Sesc Ipiranga. A peça fica em cartaz até 9 de fevereiro, com sessões de quinta a sábado, às 21h, e aos domingos, às 18h. Fabiana Gugli e Gilda Nomacce, se revezam no papel da mãe. Nilcéia Vicente, Sofia Botelho, André Capuano e Clayton Mariano, completam o elenco.

Na trama, um pai, uma mãe e uma filha encontram-se refugiados em uma casa isolada no meio da mata, por razão não muito clara a princípio. A família recebe dois visitantes inesperados, mas não sabe lidar com essa presença estranha. À medida que as relações se estabelecem, a tensão aumenta e o acerto de contas mostra-se algo mais complexo do que parecia. Enquanto eles são obrigados a rever as próprias convicções, o mundo lá fora parece entrar em colapso.

A dramaturgia surgiu em torno do seguinte questionamento: como lidar com o inimigo? “Comecei a fazer essa pergunta para algumas pessoas e fiz entrevistas com lideranças indígenas enquanto escrevia o texto, muito embora o foco nunca tenha sido a questão indígena enquanto tema, mas sim, a possibilidade de pensar um pouco sobre maneiras diversas de lidar com essa pergunta, talvez aparentemente ‘nova’ para alguns de nós”, revela o dramaturgo e diretor Alexandre Dal Farra.

Outra referência importante para a encenação é o trabalho do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, que estuda as sociedades ameríndias e propõe que elas não se fundam na conservação de suas estruturas (como a sociedade ocidental), mas na busca por capturar relações exteriores (mutáveis e inconstantes), em troca constante com o que vem de fora, mesmo que esse interesse seja fruto de uma vontade de vingança ou guerra. 

Na peça, que não trata diretamente da questão indígena, tanto a família como os invasores – dois lados que se projetam como inimigos – procuram de modos diversos determinar o próprio papel nessa relação a partir da maneira como agem diante do outro. A partir de então, surge o questionamento: “como lidar com uma relação que, embora esteja calcada na diferença e no ódio, ainda assim, é uma relação?”.

A ideia de floresta que estrutura o trabalho é a de um lugar desconhecido, que pode assustar e gerar curiosidade e que, ao mesmo tempo que se desenvolve por meio de disputas constantes, também envolve e abraça. “A peça se funda em uma espécie de susto: de repente essas pessoas se veem obrigadas a lidar com uma situação de embate que não planejavam enfrentar, e da qual estavam possivelmente fugindo. Ou seja, o trabalho no fundo também fala sobre o medo, em suas diversas manifestações. E sobre a inércia que esse medo provoca. De certa forma as personagens são todas emanações diversas do medo”, acrescenta o autor.

A cenografia recria essa sensação de confinamento da floresta, com objetos comumente encontrados em um lar, mas ligeiramente estranhos, e fora de lugar. A luz, com as varas do teatro todas baixas, enfatiza esse espaço pressionado. Já a música sustenta o aspecto contraditório que a violência da peça engendra: ao mesmo tempo que é explosiva, envolve - proporcionando algo da sensação de imersão de uma floresta.


Sinopse
Uma família encontra-se refugiada em uma casa isolada. Ao receber estranhas visitas com as quais não sabem lidar, são obrigados a rever suas próprias convicções. Paralelamente, temos notícias de um mundo em colapso.

Sobre Alexandre Dal Farra
Doutorando pelo departamento de Artes Cênicas da Pós-Graduação da ECA-USP, Alexandre é dramaturgo, diretor e escritor. Fundou o grupo Tablado de Arruar, com o qual trabalha como dramaturgo desde 2006. Suas peças foram encenadas por todo o Brasil e fora do país. "Abnegação 3" foi montada em Buenos Aires pelo diretor Lisandro Rodrigues; "Abnegação [1]" foi publicada pela editora francesa Les Solitaires Intempestifs – a peça recebeu leituras cênicas no festival Mousson d’Eté em Pont-a-Mousson, em 2016, e em 2019 no festival de Avignon, e está sendo preparada uma montagem francesa para 2020; em 2019 realizou residência no FITEI (Festival Internacional de Expressão Ibérica), onde trabalhou em conjunto com a autora e diretora Patricia Portela na preparação de uma obra com estreia marcada para 2020 no mesmo festival.

Realizou ainda residências em diversos festivais nacionais e internacionais, dentre eles, o Cielos del Infinito. Trabalhou na Alemanha, em conjunto com o diretor Tillman Koehler e a dramaturga Tine Rahel Voelcker, com quem escreveu o texto "Pele de Ouro/Haut As Gold", dirigido por Koehler e estreado em 2009 no Teatro Maximo Gorki, em Berlim. No Brasil, publicou a "Trilogia Abnegação" em 2017, além de seu primeiro romance, "Manual da Destruição", em 2013 (hedra). Foi vencedor do prêmio Shell de melhor autor por "Mateus, 10" (2012), e indicado a todos os importantes prêmios do país pelas suas obras, das quais destacam-se "Refúgio" (2018), "Trilogia Abnegação" (2014-2016), "Mateus, 10" (2012), "O Filho" (2015), entre outras.

Ficha técnica:
Texto e Direção: Alexandre Dal Farra
Elenco: Fabiana Gugli (dias 16, 17, 18, 19, 23, 24, 25e 26/01) Gilda Nomacce (dias 30 e 31/01 e 1, 2, 6, 7, 8 e 9/02), Nilcéia Vicente, Sofia Botelho, André Capuano e Clayton Mariano. Composição Original: Miguel Caldas. Operação de som: Tomé de Souza. Desenho de Luz: Wagner Antônio. Assistente de Iluminação: Douglas de Amorim. Cenografia e Figurinos: Alexandre Dal Farra e Clayton Mariano. Vídeo: Flávio Barollo. Direção de Produção: Carla Estefan. Produção Executiva: Gabriela Elias. Administração: Metropolitana Gestão Cultural. Assessoria de Imprensa: Adriana Balsanelli. Fotos: Otávio Dantas.

Serviço:
"Floresta" – Estreia dia 16 janeiro de 2020 no Sesc Ipiranga
Duração: 90 minutos. Classificação: 18 anos. Gênero: Drama.
Ingressos: R$40 (inteira); R$20 meia-entrada); R$12 (credencial plena).
Temporada: De 16 de janeiro a 9 de fevereiro de 2020.
De quinta a sábado, às 21h; e aos domingos, às 18h.

Sesc Ipiranga – Rua Bom Pastor, 822, Ipiranga
Horário de Funcionamento: Terça a sexta, das 7h às 21h30; aos sábados, das 10h às 21h30; domingos e feriados, das 10h às 18h30. Capacidade: 198 lugares.
Informações: (11) 3170-4059.
Vendas pelo site sescsp.org.br/ipiranga e nas unidades do Sesc.

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