quarta-feira, 25 de dezembro de 2019
.: "O Pintassilgo" e as experiências traumáticas que transformam
Por Oscar D’Ambrosio, jornalista e crítico de arte.
O destino de quatro pessoas pode estar ligado a uma obra de arte? Essa é a premissa que fundamenta o filme “O Pintassilgo”, de John Crowley, baseado no best-seller que rendeu à autora Donna Tartt o importante prêmio Pulitzer. A partir de um fictício atentado no Metropolitan Museum of Art, em Nova York, a narrativa se desenvolve por rumos inesperados.
De um lado, temos um menino que perde a mãe, passa a ser criado por uma família que praticamente desconhece e, depois, precisa se mudar para conviver com o pai, que há muito não via; de outro, uma menina que estava se preparando para ser musicista e tem seu futuro arruinado com as consequências físicas e psicológicas da ação traumática.
Mas é o acompanhante da menina que merece especial atenção. Trabalha num antiquário, estimula a criança a apreciar quadros e, quando ocorre a explosão, antes de morrer, pede ao menino que leve um quadro do Museu com ele, a obra “O Pintassilgo” (1654), do artista Carel Fabritius, que, aliás, na vida real, não está nos EUA, mas no país natal dele, a Holanda.
Em torno da obra, ações começam a ocorrer em interessantes revoltas. A principal envolve o menino com um amigo ucraniano que, posteriormente, se envolve com drogas e falsificações. O filme consegue mostrar como fatos inesperados podem alterar vidas e como cada instante que pouco valorizamos tem o potencial de ser essencial para nosso futuro.
Somente por levantar essa reflexão “O Pintassilgo” tem seu valor. Afinal transportar para o cinema um romance de mais de 700 páginas é uma jornada desafiadora. O seu ponto mais alto talvez esteja em revelar como experiências traumáticas nos acompanham por toda a vida. E sempre transformam...
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