Por quase cinco anos Leilah Assumpção revolveu sua memória para pinçar o que mais lhe saltava à mente para compartilhar com os leitores: os bons e velhos amigos, o início de carreira, a família, as escolhas profissionais; histórias tristes e dolorosas, passagens de chorar de rir que compõem uma face mais íntima de sua vida e dos seus 50 anos dedicados ao teatro.
Dispostas em 15 capítulos curtos e sem se prender a uma sequência cronológica, as "Memórias Sinceras" de Leilah desenham, quase em estilo de crônicas, toda a história de uma geração atuante no cenário brasileiro cultural, no teatro, na TV e no cinema.
Estão no livro Leila Diniz, Odete Lara (sua melhor amiga por anos), Zé Celso, José Vicente, Antonio Bivar, Consuelo de Castro, Clóvis Bueno, Ruth Escobar, Antunes Filho, Flavio Rangel, Irene Ravache, Marieta Severo, Aderbal Freire Filho, Marcos Caruso e Vera Holtz (dupla que neste momento está em cartaz em Lisboa, com Intimidade indecente, sucesso de público onde quer que aporte).
As festas, os amigos que se tornaram famosos, sua origem como manequim do costureiro Dener, as terríveis lembranças dos duros anos de ditadura, o enfrentamento com a censura, tudo está no livro. E, pasme com essa revelação: Leilah também foi atleta campeã de saltos ornamentais em trampolim.
Leilah Assumpção conquistou reconhecimento como dramaturga, sobretudo por ressignificar em seus textos o papel da mulher na sociedade. Desde sua estreia com "Fala Baixo Senão Eu Grito", em 1969, já mostrava que sua principal vocação estava em compor personagens femininas densas em busca do autoconhecimento e da liberdade. Ganhou com esta peça o Molière de melhor texto. O crítico Sábato Magaldi observou: “disposta a colocar em xeque determinadas posturas assumidas no mundo do trabalho e no espaço familiar, a autora voltou-se para os problemas existenciais da mulher imersa numa estrutura política ditatorial”.
Antes de 1969, já havia escrito "Vejo Um Vulto na Janela, me Acudam que Sou Donzela" (1964) e "Use Pó de Arroz Bijou" (1968). Continuou com "Jorginho, o Machão" (1970) e "Amanhã, Amélia, de Manhã" (1973), que foi rebatizada como "Roda Cor de Roda" (1975). Mais títulos foram se acrescentando à sua fértil produção: "A Kuka de Kamaiorá" (1975), que foi encenada sete anos depois na forma de musical com o título "O Segredo da Alma de Ouro" (1983), "Sobrevividos" (1978), "Seda Pura e Alfinetadas" (1981) e "Boca Molhada de Paixão Calada" (1984), além de novelas, minisséries e casos especiais para a televisão.
Maria Adelaide Amaral escreve fechando o livro: “'O colorido coloquial e o humor se fundem para criar uma poética muito pessoal', disse o saudoso Yan Michalsky, a propósito da dramaturgia de Leilah Assumpção. 'Uma autora original e única', disse Renata Pallotini sobre Leilah. Eu acrescentaria a inteligência, a vocação natural para escrever diálogos, criar subtextos, situações e conflitos inusitados. Uma a uma, Leilah remove todas as máscaras até revelar nua e crua a pequena tragicomédia do ser humano. Suas criaturas ultrapassam a classe que pertencem”. Fotos de Vania Toledo e do arquivo pessoal da dramaturga dão um toque emocionante e expressivo à edição.
Serviço
Lançamento do livro "Memórias Sinceras", de Leilah Assumpção
Tarde de autógrafos neste sábado, dia 23 de novembro, a partir das 16h
Livraria Cultura do Conjunto Nacional
Avenida Paulista, 2073 – Cerqueira Cesar
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