terça-feira, 19 de novembro de 2019

.: "Cartografias do Avesso": escrita e psicanálise por Joel Birman

O psiquiatra Joel Birman é um dos mais renomados intelectutais brasileiros da atualidade. Autor de obras de referência como "O Sujeito na Contemporaneidade", que ganha um novo projeto editorial em 2019, o professor lança a coletânea "Cartografias do Avesso - Escrita, Ficção e Estéticas de Subjetivação em Psicanálise" (Ed. Civilização Brasileira), que reúne 22 ensaios sobre a preocupação com a problemática da escrita em psicanálise (método terapêutico que interpreta conteúdos inconscientes), na sua relação com a das estéticas de subjetivação. 

Os textos são organizados em oito partes: "Linguagem e Discurso", "Escrita", "Ficção", "Sublimação", "Humor", "Literatura", "Artes Plásticas e Visuais", além de "Cinema". O livro trata a concepção de Freud sobre a psicanálise e das diferentes leituras que foram realizadas do discurso freudiano por filósofos como: Lacan, Derrida e Foucault, principalmente. O fio condutor dessa leitura é a linguagem e o discurso artístico e suas relações com o sujeito em psicanálise. Por isso, a discussão de temas do campo do humor, da literatura, da pintura e do cinema, são constantemente explorados. 

De acordo com o professor Paulo Vaz, que assina a orelha de Cartografias do avesso, “o eixo do livro é a conceituação do modo como a psicanálise apreende os seres humanos em seus processos de simbolização. Joel Birman propõe que há três formas de descentramento da consciência, conceituadas pela psicanálise: o desejo inconsciente, o desamparo e a angústia do real disseminada pelo trauma. Correspondendo a esses descentramentos, há três esforços de simbolização, três cenas de escrita de si: a escrita provocada pelo desejo inconsciente, a escrita provocada pela força da pulsão e a escrita do trauma”.

O que foi escrito sobre o livro
“Quando estamos diante de um autor, como Joel Birman, que nos faz pensar, a publicação de um novo livro é motivo de alegria. Alegria porque há repetição de intuições e estratégias que caracterizam seu pensamento. Revemos seu esforço de separar a medicina da psicanálise segundo a diferença entre espaço e tempo e seu diálogo com a filosofia e a arte. Reencontramos, sobretudo, a atitude, singular entre psicanalistas, de pensar com radicalidade as relações entre história e psicanálise.

Radicalidade significa, aqui, apreender as condições de possibilidade do discurso psicanalítico na modernidade, realçando, simultaneamente, o seu poder de questionamento da cultura que o fez emergir. Como outros discursos modernos, a psicanálise nos fez saber que não temos origem nem verdade, o que nos destina à tarefa incessante de interpretar nosso ser.


Alegria porque há novidade. O eixo do livro é a conceituação do modo como a psicanálise apreende os seres humanos em seus processos de simbolização. Joel Birman propõe que há três formas de descentramento da consciência, conceituadas pela psicanálise: o desejo inconsciente, o desamparo e a angústia do real disseminada pelo trauma. Correspondendo a esses descentramentos, há três esforços de simbolização, três cenas de escrita de si: a escrita provocada pelo desejo inconsciente, a escrita provocada pela força da pulsão e a escrita do trauma. Por esse eixo, portanto, o livro se endereça à questão do sentido em nossa atualidade e, assim, pensa a proliferação de narrativas autobiográficas, especialmente aquelas que têm como foco a violência sofrida.


Este livro reúne 22 ensaios. Com sorte, e pelo vigor da escrita de Joel Birman, o leitor se depara com algum trecho ou passagem que o inquieta. O texto então “suspende momentaneamente o leitor de suas referências fundamentais”. Se esse encontro imprevisível acontece, há a “emergência do inconsciente”, há deriva e questionamento, há a possibilidade de contar uma outra história de si.” ­Paulo Vaz, professor associado da Escola de Comunicação e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da UFRJ

Sobre o autor Joel Birman é professor titular na UFRJ e professor aposentado no Instituto de Medicina Social da Uerj. Doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo, pós-doutor pela Université Paris VII, é membro de honra do Espace Analytique. Foi premiado três vezes com o Jabuti, na categoria Psicanálise e Psicologia, e recebeu o Prêmio Sérgio Buarque de Holanda, categoria Ensaio Social, da Biblioteca Nacional. Pela Civilização Brasileira, publicou "Gramáticas do Erotismo", "Arquivos do Mal-estar e da Resistência", "O Sujeito na Contemporaneidade", entre outros.

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