Meu corpo está em festa: descobriu novos discos.
É templo de acasos, afetos, vísceras e blasfêmias,
esse menu de carne e osso que serve amor, almoço e janta
- nunca café da manhã, porque estou transando com o meu sono.
E eu quero remelexo enquanto o mundo se acaba por dentro:
mais da vida e menos das pessoas, pretendo.
Porque são falsas, tristes, ociosas e,
o pior de tudo:
modernas demais sem serem
em um mundo de botas, caps, fios-dentais e algemas imaginárias
nessa ditadura de ser o mais livre possível:
limites são demodê, mistérios e sugestões, obsoletos, zás-trás, ploc, bum.
Na valsa dos modernos,
só há espaço para três e,
se as cabeças de hoje só entendem o explícito, então...
Meu corpo é sexo e foda-se,
é delusional e borderline,
é quero-quero e "não é não".
Também é requebrada nos quadris:
quadriláteros sentidos
que levam meus passos à pista de dança,
melado de esperma por todos os poros,
recatadíssimo.
Meu corpo, meu ato político:
meu pinto é militância,
meu cu é minhas regras,
meu vaginismo imaginário
é lugar de fala de um homem de falo
no meu id de mulher macho...
E tudo desemboca na estrada das minhas curvas,
onde dançam mãos,
dedadas
e oralidade
na dança dos sonhos perdidos,
no salão da última chance,
quando é tão lindo viver e morrer
de...
de...
*Helder Moraes Miranda é bacharel em jornalismo e licenciado em Letras pela UniSantos - Universidade Católica de Santos, pós-graduado em Mídia, Informação e Cultura, pela USP - Universidade de São Paulo, e graduando em Pedagogia, pela Univesp - Universidade Virtual do Estado de São Paulo. Participou de várias antologias nacionais e internacionais, escreve contos, poemas e romances ainda não publicados. É editor do portal de cultura e entretenimento Resenhando.
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