sexta-feira, 25 de outubro de 2019
.: Crítica do filme “Emma”: outro jeito de ver, por Oscar D’Ambrosio
Por Oscar D’Ambrosio*, em outubro de 2019.
A questão da inclusão pode ser vista de diversas maneiras. O filme italiano “Il Colore Nascosto delle Cose”, algo como “A Cor Oculta das Coisas”, traduzido no Brasil como “Emma”, traz a bela atriz Valeria Golino papel de uma cega, osteopata (profissional que utiliza técnicas de mobilização e manipulação articular para tratar de doenças), que desperta a paixão de um publicitário sedutor.
O diretor Silvio Soldini conduz com dinamismo esse encontro entre opostos. São dois mundos que se cruzam e se separam continuamente. Ele vive em um ritmo frenético, dependente do celular e com duas mulheres que o satisfazem (uma sexualmente e a outra quase como uma esposa), mas sem encontrar um sentido para nenhuma atividade, seja na cama ou no trabalho.
Ela, regida pelo sentido do toque e dos aromas, conquista em cada movimento a sua independência, seja no aspecto profissional ou o pessoal. Para completar a sua jornada dá aulas de francês para uma moça igualmente cega, mas que sequer usa a bengala branca com medo do preconceito e de se expor.
Dessa forma, diferentes nuanças do que significa ser uma pessoa com deficiência são tratadas. O filme procura evitar maniqueísmos ou simplificações, não trabalhando com heróis ou vilões, mas com pessoas imersas em suas deficiências e contradições. Cada um busca assim sobreviver da melhor maneira possível numa sociedade em que todo aquele que é diferente encontra muita dificuldade para conquistar seu espaço.
Oscar D’Ambrosio* é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e pós-doutorando e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
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