A trama retrata o universo desse lugar na Índia, a partir das crises psicológicas de um documentarista ocidental, cuja função é relatar a violência que cerca de 40 mil mulheres sofrem diariamente nas mãos dos homens. Esse prostíbulo a céu aberto fica em Calcutá, à beira do braço mais perigoso do rio Ganges, que inunda os quartos onde acontecem os atendimentos e traz lixo, fezes de animais e doenças para a população dali, formada exclusivamente por mulheres e crianças.
Diante desse cenário assustador, esse homem responsável por documentar a violência do local, passa a questionar a própria violência e tentar encontrar uma solução para suas fobias e relações pessoais traumáticas do passado. O texto trata da aceitação do lado feminino do homem na desconstrução do modelo de macho tradicional.
A montagem foi pensada para dialogar com a estrutura física do Espaço Parlapatões. Como a história se passa nas vielas de um prostíbulo todo em tons de vermelho e laranja que é inundado pelo rio Ganges, a escolha por transportar o espetáculo para a plateia e acomodar o público no palco se tornou quase obrigatória, já que as poltronas da sala possuem este tons indianos e a verticalidade desse espaço ajuda na compreensão do cenário verticalmente.
O ator se apropriará dessas “vielas” formadas pelas fileiras de cadeiras como se estivesse realmente nos becos estreitos do lugar. Uma plataforma horizontal será montada por ele durante a peça, uma referência à sua busca por equilíbrio nesse estágio de quase pânico. Ao final da primeira cena, uma vara surgirá de entre as últimas fileiras, subindo até o teto, contendo os tecidos coloridos aos quais ele se refere, com luzes penduradas, adornos religiosos e muito lixo.
Esse lixo estará contido em todo o cenário que há na plateia, invadindo o palco, trazendo as margens do rio e seus entulhos até os pés dos espectadores. A trilha sonora, que virá de seus fones de ouvido, aparecerá nos momentos de reflexão do personagem, brindando o público com uma mistura inusitada das músicas que marcaram a vida deste personagem. Nas mãos de Gabriel, o celular aparecerá como elemento de cena e também como uma ferramenta de transmissão ao vivo que vai somar ao público do Parlapatões os seguidores de Instagram da peça - @ohomemfalho.
A ideia não é recriar por este canal uma experiência de se estar na plateia, mas sim oferecer uma forma diferente de assistir ao espetáculo. A luz na maior parte feita por gambiarras trará o clima essencial para contar esta estória.
Sobre Marcio Macena
Marcio Macena é autor, diretor teatral e artista plástico. Dirigiu os espetáculos: “Hedda Gabler” de Henrik Ibsen; “Rita Lee Mora ao Lado - O Musical", no qual também assina o texto, que foi indicado a 17 prêmios incluindo de melhores espetáculo musical e direção e foi visto por mais de 180.000 pessoas; “Segundaokê”, musical de Cristiane Werson; ”Silencio.doc” de Marcelo Várzea, indicado a sete prêmios incluindo melhor direção e melhor espetáculo; ”Fora do Tom” de Tom Cardoso; “A Carruagem de Berenice”, musical infantil em parceria com Zeca Baleiro, que assina a trilha; “Coisas Estranhas Acontecem Nesta Casa”, uma parceria com Marisa Orth; “Pedras Azuis”, de sua autoria; “Vidros Arriados” de Antonio Ranieri; “Alguém pra Chamar de Seu” – no qual também assina o texto; “O Beijo no Asfalto” e “Boca de Ouro”, ambos de Nelson Rodrigues, entre outros. Codirigiu "Lampião e Lancelote", vencedor de 13 prêmios incluindo melhor espetáculo musical brasileiro de 2013, e “Infiéis” da obra de Marco Antonio de La Parra. Atualmente está em pré-produção de “Sérgio Reis, Coração Estradeiro - O Musical”, espetáculo sobre a vida e obra desse grande artista brasileiro.
Sobre Gabriel Pernambuco
“Saí do palco e fui pra plateia/Saí da sala e fui pro porão”. Nestes versos de "Que Loucura", de Sérgio Sampaio, é possível fazer um recorte para o momento da vida de Gabriel Pernambuco, de 32 anos, paulistano, e o tema da peça em que atua, que joga luz sob assunto delicado, dificilmente debatido de forma propositiva pelos homens. "Homem Fal(H)o” é seu primeiro monólogo como autor e ator.
Desde cedo, Gabriel aliou o teatro com o estudo da comunicação de maneira abrangente e é formado jornalista e especializado em direção de conteúdo audiovisual. Já atuou também como repórter, apresentador, produtor e roteirista. Hoje cria e dirige conteúdo para produtoras e canais do mercado.
Sua formação teatral é voltada para o autoral, tendo João Paulo Lorenzon como seu professor por mais de 10 anos. Com ele na direção, foram nove montagens apresentadas no Teatro Centro da Terra e uma no Teatro da Livraria da Vila, no Shopping JK Iguatemi - sempre com autoria dos textos apresentados em cena.
Destaque para a montagem "Você Nunca me Vê de Onde Eu Vejo Você", sucesso de público e crítica, em 2016. Em seguida, fundou a Companhia de Teatro Sanaória, e atuou sob direção de Denis Antunes, em "O Ensaio sobre a Peça", no Zona Franca, na qual também assinou parte do texto. Nessa época, teve contato com Flávia Garrafa e seu método, sendo produtor de seu espetáculo "Fale Mais Sobre Isso...".
Sinopse de "Homem Fal(H)o"
Em meio ao caos assustador da segunda maior zona de prostituição da Ásia, um documentarista com fobia social se vê obrigado a rever seus conceitos sobre feminino e masculino para entender o cerne da violência lá praticada com as mulheres. Assim, se reconhece como personagem da própria história e transforma sua concepção sobre gênero a fim de acertar as contas com as mulheres que amou. Trata da aceitação do feminino do homem na desconstrução do modelo de macho tradicional.
Ficha Técnica
Texto: Gabriel Pernambuco
Direção: Márcio Macena
Assistente de direção: Renan Paini
Corpo e Coreografia: Stéphanie Máscara
Cenografia: Marisa Figueiredo e Márcio Macena
Figurino: Carol Badra
Iluminação: Reynaldo Thomaz
Estratégia Digital: Pernambuquices
Fotos: Guto Garrote
Gestão e Produção: Morena Carvalho
Assessoria de Imprensa: Pombo Correio
Serviço
"Homem Fal(H)o", de Gabriel Pernambuco
Espaço Parlapatões - Praça Franklin Roosevelt, 158
Temporada: 2 de outubro a 11 de dezembro
Às quartas-feiras, às 21h
Ingressos: R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia-entrada)
Vendas online: www.sympla.com.br
Duração: 60 minutos
Classificação: 16 anos
Capacidade: 40 lugares
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