Com direção de Yara de Novaes e Carlos Gradim, peça estreia dia 27 de setembro no CCSP. Elenco conta com Augusto Madeira, Daniel Tavares, Giovanni Venturini, Jimmy Wong, Kay Sara, Lavínia Pannunzio, Marcella Maia e Paulo Campos
Fotos de Heloísa Bortz
Cada vez mais pulsante na sociedade, a discussão sobre identidade de gênero ganha uma abordagem surpreendente em Brian ou Brenda?, com dramaturgia de Franz Keppler e direção de Yara de Novaes e Carlos Gradim, que recria com liberdade ficcional o polêmico caso de David Reimer. O espetáculo tem sua temporada gratuita de estreia no Centro Cultural São Paulo – Sala Jardel Filho, entre 27 de setembro e 20 de outubro, e, em sequência, segue para uma temporada popular no Viga Espaço Cênico, de 25 de outubro a 17 de novembro, com ingressos a R$20.
Em 1965, nascem os gêmeos Brian e Bruce, que são submetidos a uma cirurgia de fimose aos 8 meses. Durante esse procedimento, o pênis de Brian é acidentalmente cauterizado. Atônitos, os pais procuram o psiquiatra John Money, que defende a tese de que os bebês nasceriam neutros e teriam seu gênero definido pela criação. Ele aconselha a família a fazer em Brian uma operação de redesignação sexual e a educá-lo conforme uma menina.
A criança passa a ser chamada de Brenda. O resultado é uma menina que cresce infeliz em um corpo que não é seu e, ainda adolescente, tenta se matar. Os pais decidem contar a verdade e, então, Brenda resolve ir em busca da real identidade que nunca havia deixado de ter.
Conhecida como um dos casos mais polêmicos da psiquiatria, a violência sofrida por David Reimer é usada por pesquisadores e instituições de todo mundo para fomentar a discussão sobre identidade de gênero. Os grupos conservadores argumentam que este é um exemplo de que uma pessoa biologicamente nascida com o sexo masculino sempre se identificará como um homem. Já os teóricos de gênero defendem que o sofrimento causado pela tentativa de impor uma identidade a David é o mesmo pelo qual as pessoas transgêneras passam na sociedade conservadora que tenta impor seus padrões.
A encenação mescla fatos reais e ficcionais para propor uma reflexão sobre gênero e o direito às escolhas e desejos de cada um, bem como os limites dos tratamentos médicos e psiquiátricos. O grupo faz questão de frisar o respeito pelas diferentes identidades, colocando a pauta, inclusive, na boca de David. Ao final da trama, por exemplo, ao ser questionado em uma entrevista, ele afirma que não é contra a cirurgia de redesignação sexual, se isso for um desejo de uma pessoa que se sente no corpo errado, contrapondo essa possibilidade ao que aconteceu.
Para celebrar a diversidade e contribuir ainda mais com essa discussão, o elenco escolhido traz Augusto Madeira, Daniel Tavares, Giovanni Venturini, Jimmy Wong, Kay Sara, Lavínia Pannunzio, Marcella Maia e Paulo Campos, pessoas com diferentes origens, condições físicas, etnias e identidades de gênero.
O texto começou a ser escrito em 2015, quando Franz Keppler foi contemplado em um edital de dramaturgia do ProAC – Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. Em 2018, o grupo foi contemplado na 1ª edição do Prêmio Cleyde Yáconis, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.
SINOPSE: Baseada em um episódio conhecido como um dos mais trágicos da psiquiatria, a peça conta a história de Brian. Depois de uma operação malsucedida logo após o nascimento, em que seu pênis é cauterizado, ele é submetido a uma redesignação sexual e passa a ser educado como menina: Brenda. A imposição de crescer em um corpo que não é seu, no entanto, afeta a sua própria vida e a de todos ao seu redor.
FICHA TÉCNICA
Texto: Franz Keppler
Direção: Yara de Novaes e Carlos Gradim
Assistência de direção: Ronaldo Jannotti
Elenco: Augusto Madeira, Daniel Tavares, Giovanni Venturini, Jimmy Wong, Kay Sara, Lavínia Pannunzio, Marcella Maia e Paulo Campos
Cenário: André Cortez
Figurino: Cassio Brasil
Iluminação: Aline Santini
Trilha sonora original: Dr. Morris
Preparação corporal: Ana Paula Lopez
Visagismo: Louise Helène
Direção de produção: Ronaldo Diaféria e Kiko Rieser
Produção executiva: Marcos Rinaldi
Assistente administrativa: Juliana Rampinelli
Fotografia: Heloísa Bortz
Design gráfico: Angela Ribeiro
Assessoria de imprensa: Pombo Correio (Douglas Picchetti e Helô Cintra)
Realização: Rieser Produções Artísticas, Diaferia Produções e Da Latta Cultura
SERVIÇO
Brian ou Brenda?, de Franz Keppler
Classificação etária: 14 anos
Duração: 100 min
Centro Cultura São Paulo (CCSP) – Sala Jardel Filho – Rua Vergueiro, 1000, Paraíso
Temporada: 27 de setembro a 20 de outubro
Às sextas e aos sábados, às 21h, e aos domingos, às 20h
Ingressos: grátis, distribuídos uma hora antes de cada sessão
Viga Espaço Cênico – Rua Capote Valente, 1323, Pinheiros
Temporada: 25 de outubro a 17 de novembro
Às sextas e aos sábados, às 21h, e aos domingos, às 19h
Ingressos: R$20 (inteira) e R$10 (meia-entrada)
Como assim o crescer em um corpo que não era o seu? Claro que era dele!
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