Espetáculo dirigido por Diego Moschkovich estreou em 2018 e revela opiniões de três mulheres sobre a terrível ditadura de Augusto Pinochet e seu principal centro de tortura, a Villa Grimaldi
Créditos: Leekyung Kim
A memória coletiva sobre a Ditadura Militar no Chile (1973-1990) é tema de Villa, do premiado dramaturgo e diretor chileno Guillermo Calderón, que estreou em 2018 no Sesc Pinheiros. A peça volta em cartaz para curtas temporadas no Espaço 28, entre 17 de agosto e 8 de setembro; e no Teatro Arthur Azevedo, de 13 de setembro a 6 de outubro. O espetáculo tem direção de Diego Moschkovich e elenco formado por Flávia Strongolli, Rita Pisano e Angela Ribeiro.
Na trama, três mulheres avaliam diferentes propostas sobre o que fazer com a Villa Grimaldi, um dos mais famosos centros de tortura e extermínio na ditadura do chileno Augusto Pinochet (1915-2006). Em torno de uma mesa, elas discutem dilemas atuais de organizações de direitos humanos e o presente dos espaços ligados à violência do Estado. Como explicar o horror do passado sem cair em uma produção de parque temático ou na fria reprodução de um museu de arte contemporânea?
O texto fala sobre os espaços de memória, aquilo que escolhemos como memória e o que aprendemos como memória coletiva de um povo; sobre como são feitas as edições que geram a História; e por quem a nossa história coletiva vem sendo construída, lembrada e contada.
VILLA POR DIEGO MOSCHKOVICH: “Villa” é um retorno meu à dramaturgia de Guillermo Calderón, cujos textos “Dezembro” e “Neva” montei em 2015 e 2016, respectivamente. O que acho interessante e muito particular da dramaturgia dele é que ela precisa de pouca coisa: os atores e apenas alguns elementos que potencializem o seu jogo em cena. Nesse sentido, trata-se do tipo de teatro de que gosto e acredito, ou seja, aquele em que o palco é um playground para os atores.
É certo que minhas últimas duas encenações (“O corpo que o rio levou” e “As três uiaras de SP city”, ambas de Ave Terrena Alves) eram bem diferentes. No trabalho com o grupo Laboratório de Técnica Dramática, a pesquisa de linguagem tem sido outra, a da montagem dos elementos para a narração. Em “Villa”, retorno ao trabalho da limpeza. Vemos uma mesa, três cadeiras, as atrizes e mais nada.
Há, no entanto, um dado diferente, trazido pela própria dramaturgia. Se em “Dezembro” e “Neva” a ficção é usada livremente para fazer alguns paralelos de reflexão histórica sobre a realidade latino-americana, aqui, a ficção é apenas o suporte do documento. Sim, todas as discussões trazidas pelas figuras em cena são reais e ocorreram mesmo. Nesse sentido, a encenação busca trabalhar, também, com documentos (reais e imaginados) que possam criar algumas camadas e ligações da peça com as lutas por memória, verdade e justiça.
SOBRE GUILLERMO CALDERÓN: Nascido em Santiago, no Chile, em 1971, o ator, dramaturgo e roteirista Guillermo Calderón formou-se na Escola de Teatro na Universidade do Chile; fez pós-graduações no Actor’s Studio, em Nova York, e na Escola de Teatro Físico D’Ell Arte, na Califórnia; e fez mestrado em teoria do cinema na City University, em Nova York. Atualmente, é professor de interpretação na Universidade do Chile.
Escreveu textos importantes sobre a memória da ditadura, como “Neva” (2006), “Dezembro” (2008) e “Mateluna” (2016). O presente texto, com o nome original de “Villa + Discurso”, teve sua estreia em 2011 no Chile.
SINOPSE: Três mulheres discutem o que fazer com a Villa Grimaldi, um centro de tortura e extermínio no regime do ditador chileno Augusto Pinochet (1915-2006). O fio condutor é uma urna, onde o voto ganha força. Para além do que fazer com o espaço em questão, são mulheres refletindo sobre suas escolhas e suas trajetórias.
FICHA TÉCNICA
Texto: Guillermo Calderón
Tradução: Maria Soledad Más Gandini
Historiadora: Sonia Brandão
Direção: Diego Moschkovich
Assistente de direção: Diego Chillio
Elenco: Flávia Strongolli, Rita Pisano e Angela Ribeiro
Iluminação e vídeo: Amanda Amaral
Trilha Sonora: LP Daniel
Figurino: Diogo Costa
Cenografia: Flora Belotti
Maquete: Guilherme Tanaka – goma oficina plataforma criativa?
Animação 3D: Caio Mamede
Designer gráfico: Angela Ribeiro
Fotos: Leekyung Kim
Assessoria de imprensa: Pombo Correio
Produção: Bia Fonseca e Iza Marie Micele
SERVIÇO
Villa, de Guillermo Calderón
Espaço 28 – Rua Dr. Bacelar, 1219, Vila Clementino
Temporada: 17 de agosto a 8 de setembro
Aos sábados, às 21h, e aos domingos, às 20h
Ingressos: R$30 (inteira) e R$15 (meia-entrada)
Capacidade: 40 lugares
Duração: 60 minutos
Classificação: livre
Teatro Arthur Azevedo – Sala Multiuso - Av. Paes de Barros, 955 – Mooca
Temporada: 13 de setembro a 6 de outubro
Às sextas e aos sábados, às 21h, e aos domingos, às 19h
Ingressos: R$30 (inteira) e R$15 (meia-entrada)
Capacidade: 40 lugares
Duração: 60 minutos
Classificação: livre
Informações: (11) 2604-5558
0 comments:
Postar um comentário
Deixe-nos uma mensagem.